Em meio às folhas de um livro, encontrei um papel já amarelado, mas que agora faz mais sentido do que quando foi guardado.
Eis em resumo o que lá estava:
Antes de dar o conteúdo, pelo contexto, o papel deve datar de época logo posterior a adoção do Real como moeda no Brasil. Época em que se comprava quase 2 dólares por um Real. É apenas um dado para se entender o fato narrado.
O Sr. Luís chegou — como sempre — apressado e foi direto para o computador, onde permanecia horas fazendo… ou melhor, não fazendo nada… Ou naufragando — nome dado pela esposa ao termo “navegando”… — na internet. Isso até cair de sono.
Certo dia, chega o filho Ricardo, de 8 anos:
— Pai…
— Não atrapalhe! Estou ocupado!
— É só uma pergunta, pai.
— Diga lá…
— Quanto o senhor ganha?
— Ora… isso nem sua mãe sabe…
— Mais ou menos, pai. Quanto o senhor ganha em meia hora no trabalho?
Luís fez um rápido cálculo… na calculadora do computador.
— Três Reais. Agora vá embora pois estou ocupado!
— Obrigado, pai.
Alguns dias depois Ricardo reaparece:
— Pai… o senhor me dá um Real?
— Lá vem você.. Toda hora pedindo dinheiro!
— Pai, a última vez que o senhor me deu dinheiro foi no meu aniversário do ano passado. Esse ano o senhor esqueceu…
— Está bem… Aqui está um Real!
Ricardo enfiou a mão no bolso, tirou 2 Reais e juntou ao que o pai lhe dera.
— Pai, agora o senhor conversa meia hora comigo?
Embora seja um fato imaginário, nestes últimos anos tenho presenciado fatos semelhantes e até mais dolorosos.
Por que os pais não conversam mais com os filhos e esses têm que passar o tempo no mundo irreal da rede? Ou do vídeo game? Ou do celular?
.
Ao comentar esse fato com um amigo, este observou:
— E os pais. Teriam o que conversar com os filhos?
Que futuro se prepara assim para essas crianças? E portanto para o Brasil e para o mundo?
Fica aqui a pergunta…