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Contos Infantis


Promessa não cumprida…
 
AUTOR: IRMÃ MARIA TERESA RIBEIRO MATOS, EP
 
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Fernando foi ficando cada vez mais famoso e Luisa começou a acompanhá-lo às grandes festas da corte. Restava-lhe pouco tempo para rezar e foi se esquecendo paulatinamente da piedosa promessa...

Não havia quem não conhecesse a senhora Luisa por aquelas terras. Esposa do grande capitão do exército do rei – o afamado cavaleiro Fernando de Linhares -, era tida como uma dama muito caridosa e de grande bondade para com todos do povoado. Sua residência era frequentada por muitos necessitados, a quem ela atendia com afetuosa solicitude.

Seu coração, porém, carregava uma grande tristeza: apesar de ser tão maternal para com todos, não tinha filhos…

Depois de muitos anos de súplica à Virgem de Nazaré, a quem dedicou a capela do casarão senhorial, recebeu a graça de dar à luz um herdeiro, a quem pôs o nome de David. O menino era encantador! Batizado aos poucos dias de nascer, dava mostras de ser realmente o filho da bênção, crescendo saudável e inteligente.

Uma tarde, porém, após passar vários meses fora, em uma missão importante, chegou de volta à casa o senhor Fernando de Linhares. Orgulhoso de seu nobre e famoso compatriota, todo o povo foi recebê-lo no Caminho Real. Dona

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Fernando subiu para o dormitório,
esperando encontrar ainda com
vida o herdeiro

Luisa também quis ir encontrar-se com o marido, a quem não via há tantos meses, enquanto o pequeno David dormia tranquilamente em seu berço. Já estava grandinho e ela podia deixá-lo sob os cuidados de sua ama.

Aos brados de “Viva!” e de boas-vindas, entrou no povoado o grande senhor Fernando de Linhares, montado em seu belo cavalo branco! Dona Luisa cavalgava a seu lado, contente por ter um esposo tão bom servidor do rei. Todos queriam cumprimentá-lo, perguntavam pelo monarca e pela corte, e cantavam em honra do valente militar, com aplausos e alegria.

Chegando a seu casarão, o capitão, que esperava ter um merecido descanso e desfrutar a companhia de sua esposa e do filhinho – que ainda era bebezinho quando saíra em missão -, encontrou ali um rebuliço e muita confusão. Os criados corriam de um lado para outro, alguns gritavam e não sabiam que fazer.

Sucedera que a ama de David dormira com uma vela acesa e esta havia provocado um incêndio no quarto do pequeno, que ardia em chamas. E ninguém se atrevia a entrar, pois o fogo havia se alastrado por toda parte.

Fernando subiu para o dormitório, esperando encontrar ainda com vida o herdeiro, mas Luisa não se atreveu a fazê-lo… Correu à capela, pedindo auxílio à Virgem de Nazaré:

– Senhora, Vós que me destes este filho, quando vo-lo pedi, protegei- o! Ele é vosso! Eu Vos prometo manter um círio sempre aceso em Vossa honra nesta capela, enquanto viver!… Protegei também a Fernando, para que possa salvá-lo!

Quando o corajoso capitão, passando em meio às labaredas, conseguiu aproximar-se do bercinho, encontrou o menino dormindo suavemente. E um discreto aroma de rosas circundava sua caminha, protegendo- o da fumaça e do forte cheio de queimado. Tomando-o nos braços, retirou-se rapidamente, sem que as chamas lhe fizessem o menor mal!

Ao sair da capela, Luisa encontrou David nos braços do pai, sãos e salvos os dois! Os empregados apagaram o fogo e a alegria voltou àquela casa, graças à intervenção de Maria Santíssima.

Durante alguns anos, um círio ardia permanentemente na capela do casarão e a festa de Nossa Senhora de Nazaré era comemorada com uma missa solene e uma bela procissão pelas ruas do povoado, da qual participava todo o povo. David ia à frente, vestidinho de pequeno capitão, conduzindo o círio da promessa, em honra d’Aquela que não só havia sido a origem de seu nascimento, mas também lhe salvara a vida.

No entanto, Fernando foi ficando cada vez mais famoso pelos grandes serviços prestados ao rei. Luisa começou a acompanhá-lo às grandes festas da corte. Restava-lhe pouco tempo para rezar e foi se esquecendo paulatinamente da piedosa promessa… A capela, antes tão frequentada por ela, muitas vezes ficava vazia e às escuras. E o pequeno David

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Dona Luisa pôde comprovar que a Virgem Santíssima
nunca abandona aos que A abandonam

já estava na adolescência, sendo preparado para ser o herdeiro do pai, no exército do rei.

De repente, tudo começou a dar errado na vida de Luisa. O Senhor de Linhares morreu em uma batalha. Viúva, já não era mais convidada para as festas. As colheitas de suas terras ficaram perdidas por dois anos seguidos, por causa de uma grande praga. Precisou despedir muitos empregados e fazer economia. A angústia lhe tomava o coração. Tendo perdido o costume de rezar, não encontrava consolo para suas tristezas. David era sua única alegria.

Mas, o jovem apanhou uma febre muito grave estando na linha de frente e foi mandado para casa. Apesar dos desvelos da maternal senhora, o jovem só piorava. Os médicos já não tinham mais o que fazer por ele e o desenganaram.

Luisa lembrou-se, então, de sua promessa não cumprida… Como fora ingrata para com tão boa Mãe, que lhe dera um herdeiro e salvara sua vida! Acendendo de novo o belo círio da capela, pôs-se de joelhos ante a Virgem de Nazaré, pediu-Lhe perdão por sua falta e, uma vez mais, suplicou- Lhe que salvasse a vida de seu jovem filho. O rapaz começou a melhorar a cada dia, até que se recuperou totalmente, com grande surpresa dos médicos. Tornou-se digno sucessor do seu pai, como valente e leal capitão do rei, sempre piedoso e devoto de Maria.

A nobre senhora retomou sua vida de piedade, compreendendo quão importante é cumprir as promessas que fazemos. Pois muitas vezes só nos lembramos de nossos intercessores celestes na hora da necessidade, e os deixamos no esquecimento quando passam as dificuldades…

Dona Luisa pôde comprovar também que a Virgem Santíssima nunca abandona aos que A abandonam. Pelo contrário, Ela está sempre disposta a nos receber e ajudar. E nos atrai de novo para Si, cada vez que Lhe abrimos o nosso coração!

(Revista Arautos do Evangelho, Jan/2010, n. 97, p. 46-47)

 
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