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Contos Infantis


Salvo por uma Missa
 
AUTOR: FERNANDA CORDEIRO DA FONSECA
 
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Desprezando aquela Celebração Eucarística, Pedro decidiu viajar sozinho, para poder adiantar-se ao amigo e fazer bons negócios. Não sabia, porém, o que lhe esperava no caminho...

Nas pequenas cidades todos se conhecem. Os laços de amizade se tornam mais estreitos e os bons amigos tratam-se como verdadeiros irmãos. Foi o que se passou com Marcos e Pedro. Os dois cresceram na acolhedora Lagoa Dourada: juntos fizeram a Primeira Comunhão na Matriz do Senhor Bom Jesus, estudaram na Escola Municipal e participaram ativamente das atividades paroquiais, sendo coroinhas em todas as Missas solenes.

Marcos pertencia a uma família muito católica e recebera ali uma grande devoção à Santa Missa. Desde muito pequenino, dona Matilde, sua avó, o levava bem cedo à igreja para participar da Sagrada Eucaristia e lhe explicava cada passo do Santo Sacrifício, deixando-o encantado com o amor de Jesus por cada um de nós.

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Dona Matilde ensinava o catecismo às duas
inseparáveis crianças

Pedro, entretanto, não recebera no lar tão piedosas influências. Seus pais eram católicos, porém, pouco devotos; preocupava-lhes apenas ter boa saúde e êxito nos negócios. Fora dona Matilde, a avó do amigo, quem lhe dera formação religiosa. Era ela quem ensinava às duas inseparáveis crianças o catecismo. Foi ela quem os preparou para a Primeira Comunhão e os animou a serem coroinhas na Matriz. Passou o tempo e os dois amigos tornaram-se homens feitos. Constituíram família e tiveram filhos, continuando a viver na mesma Lagoa Dourada.

Marcos era um pai dedicado e procurava transmitir aos filhos toda a boa formação recebida de dona Matilde. Mas, sobretudo esforçava-se em dar-lhes o exemplo de um bom cristão: rezava o Rosário em família, ensinava o catecismo aos pequenos e ia à Missa todos os dias, pois esta sempre fora sua maior devoção.

Pedro, ao contrário, esqueceu-se dos ensinamentos recebidos e começou a preocupar-se, como seus progenitores, apenas com o bem-estar material da família. Em matéria de religião seu comportamento não era dos melhores: nunca rezava com os filhos e somente ia à Missa aos domingos… se não tivesse sido organizado para esse dia algum passeio pelas fazendas dos amigos.

Todas as manhãs, Marcos deixava as crianças na escola e ia à Missa. Depois do Sagrado Banquete, dirigia-se à sua padaria para comer um pão quentinho com deliciosa manteiga derretida, feita com o leite puro e gordo de sua fazenda.

De vez em quando Pedro ia visitá-lo, mas a amizade entre os dois foi ficando cada vez menos firme. As conversas passaram a ser quase exclusivamente de negócios e, embora procurasse manter as aparências, notava-se serem seus interesses cada vez mais distantes dos de Marcos.

Do esfriamento, havia apenas um passo para a inveja. Marcos não vivia para os negócios, como Pedro; entretanto, a padaria dele era invejável, sua fazenda muito produtiva e a fábrica de laticínios um modelo de usina bem levada. Qual seria a razão do sucesso de Marcos, pensava Pedro, enquanto ele, que não poupava esforços para tornar prósperos seus negócios, sofria com a colheita fraca, o desgaste da terra e as doenças do gado? E isso sem falar das dívidas crescentes, a ponto de ameaçar–lhe o patrimônio…

Um dia, os dois amigos foram convidados para um encontro de fazendeiros, a realizar-se na capital da região. Marcos propôs fazerem a viagem juntos e Pedro aceitou por puro interesse, pois assim os gastos seriam menores. A saída ficou marcada para quarta-feira, depois da Missa matutina.

Entretanto, naquele dia, o pároco não pôde celebrar na hora habitual por ter sido chamado para atender um enfermo em uma aldeia próxima. Mandou avisar, entretanto, que haveria Missa ao meio-dia. Marcos decidiu retardar a viagem, mas Pedro tentou dissuadi-lo, dizendo:

– Que bobagem! Qual é o mal se perder a Missa apenas um dia?

– A Missa tem um valor infinito – replicou-lhe Marcos – Prefiro esperar.

– Bem, então você vai sozinho depois. Eu já estou partindo… E antes de se afastar do amigo acrescentou:

– Como é possível você atrasar uma viagem dessas só por causa de uma Missa? Você tem a vida inteira para assistir a muitas outras…

Na realidade, Pedro sentia-se satisfeito com a situação criada. Pensava que, chegando à cidade antes de Marcos, ficaria com os melhores negócios e obteria resultados superiores. Porém, no meio da estrada cheia de curvas que unia Lagoa Dourada com a cidade vizinha, houve um deslizamento de terra, justamente quando Pedro passava com sua caminhonete. A avalanche o fez perder o controle do veículo, capotando ribanceira abaixo.

Pedro foi levado para o hospital e passou vários dias em coma. Quando recuperou a consciência e conseguiu lembrar-se do acontecido, logo fez um balanço de sua vida: percebera o quanto estava afastado de Deus e dos Sacramentos, e perguntou-se se aquele desastre de automóvel não era um sinal de alerta vindo da eternidade.

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Eu fui muito ganancioso, e desprezei o valor supremo
e infinito de uma única Missa

Que loucura tinha sido haver menosprezado assim uma Missa! Quão perto tinha estado de não poder participar de mais nenhuma!

Mandou chamar seu amigo Marcos, e quando este entrou em seu quarto de convalescente, no hospital, disse-lhe:

– Você foi salvo por uma Missa! Eu fui muito ganancioso, e desprezei o valor supremo e infinito de uma única Celebração Eucarística…

Marcos logo procurou animá-lo e Pedro contou-lhe como estava arrependido pela vida que levava. Confidenciou-lhe haver o acidente feito recordar-se de tudo o que havia aprendido com dona Matilde e, sobretudo, dessa frase repetida por ela com tanta seriedade: “Se soubesse haver uma Missa no rincão mais afastado da Terra, e não tivesse oportunidade de participar em outra, faria qualquer coisa para ir até lá!”.

Quando Pedro se recuperou e voltou para casa, mudou radicalmente de vida. Voltou a ser um amigo leal e passou a frequentar outra vez os Sacramentos, com toda a família. Seus negócios também melhoraram e sua alma, livre de invejas e egoísmos, encontrou novamente a paz.

Aquela única Missa salvou Marcos de um acidente, mas também deu nova vida para a alma de Pedro!

(Revista Arautos do Evangelho, Fevereiro/2011, n. 110, p. 44-45)

 
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