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Contos Infantis


O milagre da mina
 
AUTOR: IRMÃ MARIA TEREZA DOS SANTOS LUBIÁN, EP
 
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Não haviam passado cinco minutos e ouviram um terrível estrondo! Uma parte da montanha desmoronara e fechara a saída. Nada podia ser feito... Nada?

Em uma região montanhosa das longínquas terras europeias erguia-se um suntuoso castelo, cuja fachada, adornada com magníficos escudos e florões, correspondia bem à riqueza de virtudes dos que ali habitavam. Era propriedade do bondoso duque Gregório, a quem o povo muito estimava, não só pela retidão e justiça com que governava o lugar, como também por sua fé robusta, caridade leal e grande amor à Soberana do universo, Maria Santíssima.

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Ao chegar ou sair da residência,
sempre lhe fazia uma vênia

A invocação pela qual ele nutria especial devoção era a da Rainha dos Anjos, de quem possuía uma atraente imagem de alabastro, posta à entrada do castelo. Era de uma beleza indizível e, às vezes, até parecia viva, tal a sua expressividade. Ao chegar ou sair da residência, o nobre senhor sempre lhe fazia uma vênia, cumprimentando a Virgem Celeste, e havendo algum caso complicado a resolver para lá se dirigia, a fim de pedir-Lhe conselhos e luzes, e agir segundo o agrado de seu Divino Filho.

O duque Gregório e sua esposa, a duquesa Ana Clara, organizavam com frequência festas em honra à Mãe de Deus, não só para aumentar o próprio amor a Ela, mas também para incuti-lo em seus súditos.

O evento se iniciava com uma Missa Solene, sendo em seguida oferecido um generoso banquete com deliciosas iguarias, idealizado pela própria duquesa, que fazia questão de acompanhar pessoalmente o trabalho culinário, bem como se esmerava na ornamentação dos salões, iluminando-o com velas coloridas e flores perfumadas, cuidadosamente arranjadas em estupendos vasos de cristal.

Certo dia de outubro, quando o vento noroeste havia se tornado mais intenso e as folhas das árvores começavam a cair em quantidade, quis o duque visitar as famosas minas de ouro da região, acompanhado de seus mais valentes cavaleiros. Iam eles montados em garbosos cavalos de raça, ajaezados com elegância. Entretanto, as chuvas outonais tinham encharcado a terra, e durante o trajeto esta cedia com facilidade ao forte galopar dos animais.

Assim que chegaram à primeira mina, desceram das montarias e entraram numa das galerias para apreciar o trabalho intenso dos mineiros. Não haviam passado cinco minutos ali, quando ouviram um terrível estrondo… Antes que conseguissem alcançar a saída da mina, fez-se uma enorme escuridão! Alguns gritavam, houve muitos esbarrões e se armou um tremendo tumulto!

Então se ouviu a voz sonora do duque invocando a Rainha dos Anjos e o silêncio se estabeleceu. Todos responderam à jaculatória e, mais tranquilos, puderam averiguar o ocorrido: uma parte da montanha desmoronara e fechara o acesso para fora da galeria. Estavam irremediavelmente presos! Nada podia ser feito… Nada? É claro que sim! Invocaram a proteção de Nossa Senhora, prometendo-Lhe que iriam em peregrinação até o Mosteiro das Clarissas, que ficava a vários quilômetros de caminhada desde o castelo, se Ela os salvasse. Com toda confiança começaram a rezar e a cantar em louvor a Jesus e sua Mãe.

Ao saberem do terrível desabamento, muitos se afligiam dando-os por mortos. A duquesa, porém, não perdeu a calma, porque sabia a quem recorrer: à mesma Mãe que era invocada com fervor, naquele momento, pelas vítimas do acidente. E a primeira providência que tomou foi procurar o capelão do castelo para pedir-lhe que celebrasse a Missa na intenção de que fossem encontrados sãos e salvos. Em seguida, mandou iniciar as buscas na mina.

Enquanto isso, uma virtuosa freira do Mosteiro das Clarissas, que nada sabia do acidente, estando em oração recebia uma revelação sobre o lugar exato onde se encontravam os sobreviventes, bem como as medidas a serem tomadas para resgatá-los o quanto antes.

A boa religiosa procurou a superiora, que logo viu tratar-se de uma graça mística, e as duas se dirigiram ao castelo para transmitir à jovem dama o recado da Rainha dos Anjos. A nobre senhora as recebeu com toda deferência, pois aquele Mosteiro gozava de sua especial proteção, uma vez que recebera no Batismo o nome da Santa Fundadora da Ordem e por ela nutria grande devoção.

Ao ouvir a mensagem, a duquesa resolveu ir ela mesma até o local, acompanhada das religiosas, e ali foram indicando aos operários onde deveriam escavar.

Decorridas algumas horas, começaram a ouvir vozes que cantavam vigorosamente a Salve Rainha! Apressaram a escavação e, em pouco tempo, encontraram o duque e toda a sua comitiva. O mais impressionante, todavia, foi que estavam alegres, com a fisionomia saudável, e até pareciam luminosos, apesar de não verem o Sol há quase três dias!

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O duque e sua comitiva estavam alegres, com a fisionomia saudável, e
até pareciam luminosos

Terminado o resgate, em meio ao contentamento geral, perguntaram ao duque como era possível estarem em tão bom estado, após terem ficado tanto tempo soterrados. Ele respondeu, com veemente entusiasmo, que tudo deviam a Maria Santíssima, pois Ela, em sua incomensurável bondade, não os abandonara em nenhum instante. Pouco depois do desabamento, descobriram um depósito de alimentos suficiente para sustentá-los por algumas semanas… E isso havia acontecido no exato momento em que, no castelo, estava sendo celebrada a Santa Missa!

Maravilhados, manifestaram sua gratidão a Deus e à sua Mãe Santíssima, e, fiéis à promessa feita à gloriosa Virgem, passados alguns dias foram em peregrinação até o Mosteiro das Clarissas. Ainda em ação de graças, o duque organizou uma admirável festa – cuja abertura foi a Santa Missa, é claro! -, oferecendo um fabuloso banquete para todo o povo. (Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2014, n. 145, pp. 46-47)

 
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