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Contos Infantis


São José havia entendido…
 
AUTOR: ALINE KAROLINA SOUZA LIMA, EP
 
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Um raio de Sol tamisado pelo colorido do vitral inundava o rosto do glorioso Patriarca: São José havia entendido e prometia uma solução!
Edith Petitclerc
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“Irmã, quero agradecer o fato de haverem
utilizado este turíbulo na cerimônia”

Uma suave penumbra, rasgada apenas por um raio de Sol que incidia sobre os vitrais, envolvia a capela do Convento das Irmãs de São José. O silêncio reinava no recinto sagrado naquele horário vespertino, enquanto a comunidade se ocupava dos afazeres diários. De repente, a porta de acesso à clausura abriu-se sem ruído, dando passo a Irmã Trindade, uma jovem religiosa que, antes de entrar, olhou para todos os lados, a fim de assegurar-se de que estava sozinha. Vendo, de fato, a igreja vazia, correu até a grande imagem de São José que dominava o altar-mor e lançou-se a seus pés:

– Ó poderoso São José – exclamou a meia voz -, quando estáveis na Terra, vós cuidáveis de prover as necessidades materiais do Filho de Deus e de vossa esposa virginal, Maria Santíssima. Considerai agora minha aflição: quebrei o único turíbulo que havia no convento, o qual iria ser usado na próxima cerimônia de votos solenes de algumas noviças, no dia 19 de março, vossa Solenidade. Recebi a obediência de conseguir um novo, mas não tenho capacidade nem condições para isso! Providenciai- o vós mesmo, eu vos suplico!…

Levantando os olhos para a imagem, ficou extasiada: o raio de Sol tamisado pelo colorido do vitral, que antes iluminava o solo da igreja, agora inundava o rosto do glorioso Patriarca, fazendo-o brilhar com reflexos multicolores, num espetáculo maravilhoso. Por uns instantes a Irmã Trindade esqueceu-se da preocupação que a afligia, mas logo compreendeu que aquilo era uma resposta do Céu: sim, São José havia entendido e prometia uma solução! Tomada de sobrenatural alegria, saiu da igreja e foi cuidar de suas funções com inteira paz de alma, segura de que seu problema estava em boas mãos…

No dia seguinte, Irmã Trindade acordou bem cedo, antes do alvorecer, segundo seu costume, pois era a encarregada da sacristia e devia aprontar tudo para a Missa conventual. Ao passar pelo corredor central da igreja, tropeçou em uma grande caixa e caiu de bruços sobre ela. Aturdida, a jovem freira se levantou, recompondo logo o hábito. Devido à penumbra do alvorecer, não percebera aquele pacote depositado no chão. Quem poderia ter colocado aquilo na metade do corredor, justo em frente ao nicho de…São José?!

O coração da Irmã Trindade batia com força. Teria ele feito o milagre? Nem se fizera esperar… Inclinou-se para analisar o embrulho e, à tênue luz da aurora, leu os seguintes dizeres: “Entregar à irmã sacristã”. Era para ela! Trêmula, abriu a caixa e deparou-se com um belo turíbulo trabalhado em prata com esmero, uma verdadeira obra de arte.

Uma semana depois, no dia da Solenidade de São José, realizou-se a cerimônia dos votos solenes das noviças. A igreja estava cheia de fiéis e todos admiravam o novo turíbulo que reluzia nas mãos do Bispo, exalando para o alto belas e elegantes colunas de fumaça branca perfumada, contribuindo para tornar a Missa ainda mais esplendorosa.

Terminada a celebração, enquanto a Irmã Trindade se ocupava de guardar os paramentos e demais objetos litúrgicos, aproximou-se dela um senhor que lhe era totalmente desconhecido.

– Irmã – disse ele -, quero agradecer o fato de haverem utilizado este turíbulo na cerimônia.

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Trêmula, Irmã Trindade abriu a caixa
e deparou-se com um belo turíbulo

– Na realidade… É o único de que dispomos no convento, senhor – respondeu ela.

– Pois fico muito honrado! Deixei-o aqui na semana passada, para pagar uma promessa a São José, e não sabia se ia agradar-lhes. Mas vendo-o ser usado justamente numa Missa em louvor a ele, senti uma grande alegria! E ainda em uma cerimônia solene em que mais almas eleitas se consagram como esposas de Cristo.

Sem demonstrar a emoção que a invadia, a jovem religiosa interessou-se pelos detalhes do fato, que ele se dispunha a contar.

– Sou dono de um antiquário – explicou o visitante – e há muito desejava vender um quadro de grande valor representando São José, pintado por um renomado artista. Como necessitava do dinheiro para pagar umas dívidas, prometi ao Santo doar um turíbulo para alguma comunidade religiosa, caso conseguisse fazer a venda do quadro. Naquela tarde, há exatamente uma semana, apareceu um comprador que pagou pela pintura um valor acima do preço estipulado! Então, comprei o mais belo turíbulo que pude encontrar e sabendo que havia na cidade um convento das Irmãs de São José, decidi dar o presente a elas. Eu queria entregá- lo à irmã sacristã, mas, devido à hora tardia, não foi possível. Após muito insistir, a irmã porteira apenas me permitiu entrar rapidamente na igreja e deixar minha oferta defronte ao nicho do Santo Patriarca.

À medida que o senhor falava, as lágrimas corriam pela face da religiosa. Com muita humildade, ela lhe narrou o desastrado episódio da quebra do turíbulo e o pedido que havia feito naquela tarde, havia uma semana, diante da imagem de São José. E, por fim, exclamou:

– Nada há que peçamos a este glorioso Patriarca que ele não seja capaz de conceder! Na verdade, se Jesus Se dignou ser-lhe submisso nesta Terra, como não haveria de atender-lhe no Céu?!.

Revista Arautos do Evangelho, Março/2014, n. 147, p. 46 à 47.

 
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