Fale conosco
 
 
Receba nossos boletins
 
 
 
Artigos


Contos Infantis


O segredo do sucesso
 
AUTOR: IRMÃ MARY TERESA MAC ISAAC, EP
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
0
0
 
Como é que Carlos sabia todas as respostas da prova, se tivera tão pouco tempo para estudar, e Filipe, que estudara dias sem fim, não pôde acertar nem uma questão?!

Filipe simulava um diálogo, para estudar:

– Qual é a capital da Alemanha? – Berlim.

– A capital da Espanha? – Madri.

– Da França? – Paris. Estes países pertencem à União Europeia, assim como a Itália, Portugal, Áustria e Bélgica… Ao terminar os estudos, o menino fechou os cadernos e, com um olhar satisfeito, disse em voz alta, de si para consigo:

img_2.jpg
Filipe permaneceu em casa todas as tardes, vendo
e revendo mapas, gráficos e folhas de exercícios

– Agora sim, tirarei dez com louvor na avaliação de geografia! O professor pode perguntar qualquer coisa sobre a Europa, pois sei tudo de cor!

De fato, Filipe tinha se aplicado a fim de conseguir uma boa nota no exame. Permaneceu em casa todas as tardes naquela semana e na anterior, vendo e revendo mapas, gráficos e folhas de exercícios, sem trégua, mal saindo de seu quarto para tomar as refeições ou para cumprir seus deveres diários… Ele havia ficado muito desgostoso quando Carlos, seu companheiro de classe, obtivera uma nota superior à dele na última prova de matemática e, por isso, queria sobressair desta vez, para não ficar tão mal diante de seus amigos. E se perguntava:

– Por que as notas de Carlos são mais altas que as minhas no colégio, sendo que eu estudo tanto ?! Não é uma questão de inteligência, pois inteligentíssimo ele também não é… que coisa estranha!

Na manhã seguinte, Filipe acordou cedo e foi para a aula. Sentou-se na primeira fileira, pois a sala ainda se encontrava completamente vazia, e continuou lendo sua apostila. Logo começaram a chegar seus colegas, os quais, agitadíssimos pela avaliação, iam correndo à mesa do professor para esclarecer suas dúvidas. Por último, quando já estavam todos de pé para a oração, entrou Carlos com a fisionomia radiante e cheia de paz, mas… com as mãos vazias!

– Nem sequer o mapa da Europa trouxe… – disse baixinho Filipe.

Os alunos crivaram-no de perguntas: se havia estudado muito, se estava seguro da matéria, se poderia talvez fazer-lhes alguma “caridade” durante o exame, caso necessitassem de uma resposta… Entretanto, Carlos respondeu com um sorriso nos lábios:

– Tive muito pouco tempo para estudar…

Um burburinho se espalhou entre os alunos. Filipe se sentiu mais animado e seguro de si, vendo que seu rival parecia saber bem pouco a respeito do tema a ser cobrado. O professor tocou a sineta e começaram a prece.

Ao serem distribuídas as folhas, reinou o silêncio. Filipe, com as mãos trêmulas, lia as perguntas rapidamente. Queria, ademais, ser o primeiro a entregar o exame. Todavia, de início, percebeu que quem não sabia a matéria era ele!…

– Língua oficial de Israel!? Topografia da Palestina!? Extensão do rio Jordão… – sussurrava o menino.

A prova não era sobre a Europa! Sentiu-se confuso e humilhado o pequeno orgulhoso, ao perceber que só ele se enganara sobre o  conteúdo a ser estudado e nada sabia responder… Os alunos iam terminando a avaliação e saíam. Filipe, porém, entregou quase todas as questões em branco e tomou o caminho de volta para casa, cheio de tristeza e frustração na alma. Carlos, ao contrário, persignando-se com confiança e encomendando suas respostas à Virgem Santíssima, entregou a folha ao professor e deixou a sala.

Na aula seguinte, Filipe apareceu no colégio, como de costume.  Contudo, estava meio cabisbaixo. O professor disse que seriam publicados os resultados dos exames e ele os entregaria aos alunos. Era patente que Filipe receberia nota zero, mas seu desejo era saber a de Carlos, mais do que a sua… “Quem sabe será zero também”, pensava com maliciosa ansiedade.

– Venha receber a prova quem melhor nota tirou: Carlos! – anunciou o professor. O aplauso foi geral.

– Dez com louvor! Como é possível? – murmurou Filipe, indignado.

img.jpg
“Meu amigo, nem tudo se resolve por
nossas próprias forças…”

Na hora do recreio, ele se aproximou de Carlos e perguntou:

– Como é que você sabia todas as respostas de geografia? Ouvi você dizer que havia tido pouco tempo para estudar… Como se explica isso? Você copiou de alguém, não foi? Qual é o segredo do seu sucesso?

Carlos sorriu e, pondo a mão sobre o ombro de seu companheiro, disse-lhe com afeto:

– Meu amigo, nem tudo se resolve por nossas próprias forças, pois, na hora que menos se pensa, a vida nos prega uma peça. À tarde, enquanto você se debruçava sobre os cadernos, em seu quarto, eu ia participar da Santa Missa. E pedia a Jesus Sacramentado, por meio de Nossa Senhora, que me ajudasse a cumprir todas as minhas obrigações de cristão, o que inclui, é claro, tirar boas notas no colégio e saber responder as questões do exame. Além disso, se você tivesse ido à Missa na nossa paróquia, no domingo anterior à prova, teria sabido responder várias das perguntas, pois o padre, no sermão, ao comentar o trecho do Evangelho do dia, descreveu o relevo de Israel, a extensão do rio Jordão e muitas outras coisas.

– Carlos, você tem razão!… Se Deus não estiver ao nosso lado, de nada adianta se esforçar. Só que você está sendo injusto comigo, ao supor que não assisti à Missa no domingo. Fiquei estudando com afinco o dia todo, é verdade. Mas no fim da tarde saí correndo até a capela de São Miguel, para poder participar da última Eucaristia dominical. Deve ser por isso que Nossa Senhora me permitiu tirar esta nota zero tão humilhante… e que, agora vejo, tanto bem me fez!

Os dois companheiros de classe se abraçaram e, a partir de então, Filipe passou a ser o melhor amigo de Carlos. Participava da Missa e rezava o terço todos os dias junto com ele. Tornou-se mais alegre e comunicativo e, nem é preciso dizer, melhorou muito em seu desempenho escolar. (Revista Arautos do Evangelho, Abril/2014, n. 148, p. 46-47)

 
Comentários