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Contos Infantis


O barqueiro e o “sábio”
 
AUTOR: LUCÍA ORDÓÑEZ
 
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Distraídos pela conversa, o barqueiro e o sábio navegavam sem perceber que a barca avançava com rapidez na direção de um rochedo.

Certa vez, um sábio que muito se gloriava de suas ciências atravessava de barca um largo e belo rio. Enquanto espraiava o olhar pelo atraente panorama ao seu redor, travava animada conversa com o alegre e simpático barqueiro, que ao seu lado remava com vigor e destreza.

– Então, meu jovem, você sabe alguma coisa? – Eu? Sei remar, nadar e rezar.

– Mas você não sabe filosofia? – Nunca ouvi falar disso.

– Ah, meu amigo! Então você perdeu uma quarta parte da sua vida.

E continuou perguntando o sábio: – E você já estudou física? – Também não – respondeu rindo o humilde remador.

– Perdeu, pois, duas quartas partes da sua vida.

Insistindo novamente, o sábio fez-lhe uma terceira pergunta: – Já aprendeu matemática? – Não.

– E astronomia? E gramática?…

Para todas essas perguntas tinha o pobre barqueiro sempre a mesma resposta: – Não! – Então, meu caro, você já perdeu três quartas partes de sua vida.

Navegavam assim, distraídos pela conversa, sem perceber que a barca avançava com rapidez na direção de um rochedo. Houve um choque violento, a barca rachou-se e começou a afundar. A margem do rio estava ainda bem distante… O barqueiro, sabendo nadar, lançou-se na água sem qualquer hesitação, lutou contra a tremenda correnteza e conseguiu chegar são e salvo ao outro lado do rio.

O mesmo, porém, não aconteceu com o sabichão. Aterrorizado, ele olhava ora para a água, ora para a margem, sem saber o que fazer para livrar-se daquela perigosa situação.
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Então gritou-lhe o barqueiro, exausto, mas já bem seguro em terra firme:

– Senhor filósofo, sabe nadar?

– Não! – Então reze!

– Rezar? Rezar o quê? Eu não sei fazer isso!

– Ah, pobre infeliz, o senhor perdeu a vida inteira…

O sábio, desesperado, afundava juntamente com a barca enquanto ouvia ao longe um último conselho do humilde e ignorante remador:

– Está vendo? Na hora do aperto de nada lhe serviram suas astronomias e filosofias!

* * *

O mesmo que aconteceu com esse pobre sábio acontecerá também com todos quantos se vangloriam da sua real ou pretendida ciência, mas vivem como se Deus não existisse. A ciência, a cultura, a filosofia são preciosos e necessários valores humanos, desde que repousem sobre a verdadeira fé. Com razão afirma Santo Agostinho: “Desditoso o homem que tudo sabe, mas não Vos conhece, Senhor!”

(Revista Arautos do Evangelho, Março/2006, n. 51, p. 48)

 
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