Fale conosco
 
 
Receba nossos boletins
 
 
 
Artigos


Contos Infantis


Eu estou perto de cada um…
 
AUTOR: IR. MARÍA CAROLINA VINDAS MORALES, EP
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
0
0
 

Passava-se o tempo e o mistério continuava sem ser desvendado! O pároco, porém, não deixava esmorecer o ânimo dos aldeães, que seguiam procurando sem nenhum êxito a imagem de sua padroeira.

Naquela manhã, a surpresa e o alvoroço reinavam na matriz:

– Não escutei um ruído sequer! – dizia o pároco, pensativo.

– E eu não vi nenhum estranho entrar! – completava o sacristão.

img1..jpg
“Podemos ficar indiferentes? Não!
Devemos nos pôr a campo o quanto
antes para encontrá-la!”

A imagem da padroeira desaparecera de seu nicho. Ponto de referência da piedade dos habitantes do lugarejo, era uma verdadeira obra de arte entalhada em madeira policromada, medindo pouco mais de três palmos. Tanto a Virgem quanto o Menino que levava ao colo tinham a fronte cingida por delicadas coroas de ouro, crivadas de pequeninas safiras.

Como poderia não estar mais ali, da noite para o dia? E não havia rastros de ladrões na igreja! À medida que a trágica notícia se espalhava, as pessoas se organizavam em grupos de oração e faziam promessas, rogando a Deus que movesse os supostos criminosos a devolverem a maternal imagem de sua Senhora.

No dia seguinte, não tendo sinal algum de seu paradeiro, o sacerdote resolveu conclamar os ­fiéis para um plano de ação. Convocou o povo para ir à igreja e, depois de celebrar a Missa, subiu ao ambão e disse:

– Todos sabemos que nossa imagem de Maria Santíssima desapareceu sem deixar sinal algum! Podemos ficar indiferentes? Não! Devemos nos pôr a campo o quanto antes para encontrá-la!

Ao ouvir isto, os alunos da catequese exultaram e se reuniram em torno do sacerdote, pondo-se à disposição. O padre dividiu-os em grupos e deu-lhes a bênção. Saíram com passo rápido a percorrer toda a cidade, atentos a tudo quanto se passava a seu redor, e… nada! Com igual entusiasmo, os paroquianos adultos apresentaram-se também para colaborar. Entretanto, obtiveram o mesmo resultado: nenhum vestígio encontraram!

Passava-se o tempo e o mistério continuava sem ser desvendado! O pároco, porém, não deixava esmorecer o ânimo dos aldeães que seguiam procurando a imagem de sua padroeira, sem êxito.

No povoado não se falava de outra coisa. Rezava-se o Rosário nas casas pedindo o retorno da imagem e todas as tardes a paróquia se enchia para a Missa, depois da qual era cantada a Salve Rainha diante do nicho vazio…

Certo dia, estando ainda nessa triste situação, um grupo de meninos caminhava junto ao sopé da montanha. Miguel, fervoroso coroinha de dez anos, ia à frente dos demais, encorajando-os:

– É preciso ter esperança! Nós a encontraremos, mesmo que tenhamos de procurá-la no pico das montanhas, na profundeza dos vales ou em meio aos animais da floresta!

– Isso mesmo! – replicou José, irmãozinho de Miguel.

Com seus oito anos de idade, ele se destacava por seu espírito aventureiro.

– Acho que não está por aqui: já passamos umas cem vezes por este caminho! Só não subimos ao pico da montanha… Por que não a escalamos hoje? – completou.

As crianças se entreolharam, agradadas com a proposta, e decidiram lançar-se à escalada assim que terminassem o lanche. Sentaram-se sobre pedras e troncos de árvore para comer, não sem antes rezar as habituais orações.

Atraído por um longo cortejo de formigas que atravessava o sendeiro, José foi se distanciando do grupo para descobrir o destino daquela fileira interminável. Olhava fixamente para o chão, caminhando ao lado delas e tomando cuidado para não pisar em nenhuma. De repente sentiu que alguém vinha correndo a seu encontro e nem se virou, julgando que fosse um de seus companheiros. Contudo, ao levantar os olhos deparou-se com um menininho de uns três anos de idade, cuja fisionomia lhe fazia recordar alguém conhecido… Quem seria? Intrigado, ia perguntar-lhe o nome, mas o pequenino tomou a iniciativa de dizer:

– José, vem comigo e Eu te mostrarei onde está minha Mãe!

Sem opor resistência, seguiu-O até uma elevação, de onde se divisava a cidadezinha em plena atividade. Dali pôde ver grupos de pessoas empenhados na procura. E José percebeu algo muito curioso: uma Senhora, com traços idênticos e vestida da mesmíssima forma que a imagem por todos procurada, acompanhava os aldeães… sem que ninguém se desse conta! José perguntou então ao Menino:

– Por que as pessoas não percebem esta linda Senhora detrás delas? E… quem é Ela?

Ao girar-se em busca de resposta reconheceu no rosto daquela criança a fisionomia do Menino Jesus! E compreendeu logo quem era a Senhora que acompanhava os habitantes da aldeia.

– É Ela! – gritou – E Vós sois seu Filho! Por que não voltais para a igreja? Quem foi o ladrão que roubou de lá a nossa queridíssima padroeira?

– Pergunta-Lhe tu mesmo! – disse o Menino, apontando para detrás de José.

Voltando-se para trás, José viu uma Senhora tão linda que quase perdeu o fôlego!… Ela pôs-lhe a mão no ombro e respondeu:
– Meu filho, minha imagem não foi roubada. Eu a tirei de lá porque quis!

– Mas por quê? Acaso Vos ofendemos em algo?

– Não, ao contrário! Ao proceder assim Eu quis pôr à prova a fidelidade desta aldeia, tão cara a meu Coração, e ensinar-lhe que estou perto de cada um de seus moradores nos momentos em que mais longe pareço estar.

Sem conter seu contentamento, José se ajoelhou e abraçou a Santíssima Virgem. Ela o abençoou e ordenou-lhe:

– Agora é preciso que vás à igreja e contes isto ao pároco.

Tomando o Menino Jesus ao colo, pousou seu olhar maternal sobre ele e desapareceu.

Tão exultante se sentia José que nem se lembrou de procurar as outras crianças. Desceu correndo a encosta, indo diretamente falar com o padre, que ouviu tudo com atenção e não duvidou daquelas palavras ­saídas de lábios inocentes, cuja piedade e retidão tão bem conhecia.

img2.jpg
“Meu filho, minha imagem não foi roubada. Eu a tirei de lá porque quis!”

Pouco depois, os sinos da matriz soaram chamando os fiéis para a Missa da tarde. O nicho da imagem, todavia, continuava vazio… Na homilia, o sacerdote contou o milagroso encontro de José e deixou a dúvida no ar: seria verdadeiro o relato do coroinha? Era possível acreditar no recado de Nossa Senhora que ele transmitia?

Sem embargo, uma explosão de alegria tomou conta de todos, e puseram-se a aplaudir e dar vivas a Maria Santíssima. A graça os fazia sentir no coração a certeza de que a Mãe de Deus jamais abandona os que n’Ela confiam!

No dia seguinte bem cedinho, os sinos se fizeram ouvir novamente pela aldeia em horário inusual. Quem os tocava era o próprio sacerdote pois, ao entrar no templo para visitar o Santíssimo Sacramento, tivera uma magnífica surpresa: lá estava a saudosa imagem de ­Nossa Senhora das Vitórias, mais bela e maternal do que nunca! (Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2016, n. 169, pp. 48-49)

 
Comentários