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Tesouros da Igreja


Existem fadas?
 
AUTOR: IR. JOSÉ ANTONIO DOMINGUEZ, EP
 
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Mas que pergunta... Evidente que não! Agora, só aqui entre nós dois, leitor, sem que ninguém nos ouça: se existissem, bem se poderia dizer que o castelo de Chenonceaux, na França, foi obra de uma fada.

Com efeito, se pudéssemos ver como ele era originalmente e o comparássemos com o que é hoje, seríamos tentados a achar ter sido feita a transformação por um desses gênios da mitologia infantil que, ao tocar com sua varinha de condão nos objetos, são capazes de transformar pedras brutas em jóias.

O sólido e austero torreão medieval, que vemos na foto à direita, nos dá idéia da construção primitiva, que incluía um moinho fortificado.

Infelizmente, não se guardaram “fotos”… Mas, pelo estilo da velha torre circular, podemos imaginar a fortaleza: muralhas espessas e altas, recortadas, no cimo, por ameias, e reforçadas por torreões, nos ângulos da construção; na entrada, um portão intransponível, diante do qual uma ponte levadiça, suspensa por grossas correntes de ferro, constituía uma defesa eficaz contra ataques de surpresa. Tudo no castelo era robusto e voltado para a luta.

Mas, em certo momento, o gênio da guerra foi vencido pelo espírito de paz. Foi então que uma fada transformou as rústicas pedras do moinho no belo palácio que afunda seus alicerces nas águas do rio Cher e aponta as agulhas de suas elegantes torres para o céu. A solidez cedeu lugar à leveza.

A construção de uma ponte, unindo o palácio à outra margem, foi obra de um talentoso engenheiro. Mas só uma fada seria capaz de conceber a idéia de continuar o palácio sobre as águas do rio.
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Quando as fadas iam completar a construção, fazendo surgir na margem oposta outra maravilha, os monarcas franceses fixaram a Corte em Paris, abandonando as residências reais que possuíam noutras regiões do país. E levaram consigo quase todas as fadas da França para construir naquela cidade palácios que até hoje deslumbram o mundo inteiro.

Chenonceaux deixa transparecer mais sua beleza quando ele se olha nas águas serenas, profundas e pensativas do Cher. Sobretudo, nas noites de festa, ao se apresentar solenemente engalanado. Sua imagem deslumbrante emerge do fundo do rio e quase que duvidamos da realidade: é tão bonito que nem parece feito por mão humana… E, então, temos saudades de um mundo muito mais belo e perfeito, que não chegamos a conhecer, mas no qual desejaríamos viver: o Paraíso.

Se nossos primeiros pais não tivessem pecado, certamente a humanidade constituiria no Éden uma civilização perfeitíssima, de um esplendor difícil de imaginar. Com o pecado de Adão, porém, o homem foi degredado, perdendo muitos dos dons com que Deus o havia favorecido. Mas permaneceram em sua alma as saudades daquela felicidade.

Essas saudades do Paraíso se manifestam em muitas atividades, sobretudo na arte. E, por isso, encontramos em tantas civilizações que atingem certo auge de requinte a tendência de construir palácios suntuosos, pois o homem anseia continuamente por uma existência na qual não transpareçam os efeitos do pecado original.

Apesar de inacabado, Chenonceaux atrai a admiração do mundo inteiro. Suas torres continuam erguidas contra um inimigo agora inexistente; seus salões já não servem de moldura à corte dos reis de França, seus dias de esplendor cessaram. No entanto, ele desperta em quem o contempla o desejo de habitá-lo. Não tanto para ter uma vida mais cômoda ou deliciosa, mas principalmente para fugir de um mundo no qual já não há fadacastelo_2.JPGs e que não é capaz de construir palácios, nem belos edifícios, porque não deseja o Céu.

Se o castelo de Chenonceaux, leitor, lhe arrancou da alma uma exclamação de admiração, contemple as fotos por uns instantes, antes de virar a página. Depois feche os olhos e imagine como ele seria, se as fadas existissem… e tivessem completado a construção na outra margem do rio. Não é verdade que teria ficado um verdadeiro castelo de “contos de fadas”?(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2005, n. 47, p. 50-51)

 
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