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“Só nos relacionamos conosco na medida em que nos relacionamos com o mundo”, afirma o arcebispo de Porto Alegre
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 21/08/2012
 
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Porto Alegre (Segunda-Feira, 20/08/2012, Gaudium Press) Com o título “A relação com o mundo”, dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, fala em seu mais recente artigo que só aprendemos a nos relacionarmos conosco mesmo quando e na medida em que nos relacionamos com o mundo.

O prelado afirma que ninguém se conhece a si mesmo pelo estudo sistemático e acadêmico, ou seja, através das ciências empíricas. Segundo ele, isto significa que a subjetividade não se atinge por uma pesquisa objetiva, mas requer introspecção. Trata-se de algo extremamente pessoal, que exige olhar para dentro de si, tomar consciência da própria interioridade, vivenciar seu conhecimento, vontade e sentimentos.

Dom Dadeus reforça que é mais ou menos como a assimilação, que torna próprio, vitalizado, o que se assume de fora, criando uma ciência nova, que chamamos de consciência. Para ele, não só conhecemos, amamos e sentimos, mas também sabemos que conhecemos, amamos e sentimos; queremos conhecer, amar e sentir; e sentimos que estamos conhecendo, querendo e sentindo.

“Sem esta consciência nada acontece em nós, no plano humano. Daí vem o apelo socrático: conhece-te a ti mesmo, ao que Cristo acrescenta: ama-te a ti mesmo e os psicólogos orientam: procura sentir-te a ti mesmo. Isto envolve criar uma harmonia interior. Aceitar-se como se é; o que equivale a ser verdadeiro: acolher a verdade do próprio ser, na sua unidade, verdade e bondade”, ressalta.

Porém, o arcebispo destaca que nós só nos relacionamos conosco quando e na medida em que nos relacionamos com o mundo. Ele lembra que os naturalistas nos pintam a condição dos primeiros como harmonia com a natureza, e é o que a Sagrada Escritura retrata por sua situação paradisíaca. Mas logo acrescenta as adversidades, com a expressão dos espinhos e abrolhos, do suor do próprio rosto, resultantes do pecado original.

De acordo com o prelado, é possível constatar uma tensão entre o homem e a natureza, pois diversamente dos demais seres, o homem sente dificuldades de se adaptar à natureza, procurando, por isso, adaptá-la a si. Dom Dadeus disse que o homem transforma a natureza em proveito próprio, quando faz calor cria ar refrigerado e quando faz frio acende um aquecedor, como, por assim dizer, sucessores dos abrigos e das roupas de inverno e de verão de antigamente.

“A primeira atitude, que lhe é exclusiva, é seu conhecimento do mundo. Relaciona-se, assim, por meio de suas ideias com ele. Procura trazê-lo, em sinais intelectivos, para dentro de si. Inicialmente falou-se de sabedoria, como um saber global. Mas, pela modéstia de Pitágoras, preferiu-se uma atitude de simpatia, com a expressão amigo da sabedoria que, em grego, se expressa por filosofia. Procura conhecer todas as coisas, em suas causas últimas, à luz da razão”.

Por fim, o arcebispo enfatiza que como o campo do conhecimento se foi rapidamente estendendo, criaram-se diversas ciências para abordar, sob vários enfoques, os diversos objetos do conhecimento. Ele exemplifica que na Idade Média se conta que S. Alberto Magno sabia tudo o que, na época, se podia saber, e hoje o conhecimento humano, em todos os ramos do saber, não só se alargou enormemente, mas, com as pesquisas cada vez mais sofisticadas e abundantes, se vai duplicando a cada cinco anos.

“Se, pois, é verdade que a humanidade sabe cada vez mais sobre o universo, não é menos certo que cada pessoa, em particular, se sente cada vez menor e mais impotente diante deste acervo. Convence-se de que não sabe praticamente nada do que é possível saber e muito menos ainda do que a natureza e o universo albergam. Corre, por isso, desde Sócrates, a expressão de que o sábio sabe que não sabe”, conclui. (FB/JS)

 
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