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Fraternidade na economia
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 31/01/2014
 
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Belo Horizonte (Sexta-feira, 31-01-2014, Gaudium Press) O arcebispo de Belo Horizonte afirma que “a idolatria do dinheiro tem estreitado mentes e corações, negociações e pactos, em razão da hegemonia exercida sobre o desejo e sobre as razões de viver das pessoas, de povos, grupos e culturas”. Mas ele mesmo dá indicações para que possa have mudanças do estilo de vida na sociedade atual.

As opiniões de Dom Walmor sobre este tema estão no artigo que hoje trnascrevemos:

– A fraternidade na economia é uma premissa determinante na construção da paz. Lamentavelmente, a idolatria do dinheiro tem estreitado mentes e corações, negociações e pactos, em razão da hegemonia exercida sobre o desejo e sobre as razões de viver das pessoas, de povos, grupos e culturas.

Entre as dinâmicas da idolatria do dinheiro, além da mesquinhez que limita as oportunidades de partilhas, apoios e desenvolvimento de projetos básicos para o crescimento das populações, inscreve-se a devoradora compulsão pelo consumo. Conduta que está na base da crise de valores, experimentada em todo o mundo, por reduzir a pessoa ao seu poder aquisitivo.

O desarvoro do consumo gera voracidade e tiranias incontroláveis no íntimo das pessoas, determinando dinâmicas perversas para a sociedade contemporânea. Como enfrentar adequadamente as graves crises financeiras e econômicas deste tempo? O lucro é determinante e deve ser sempre maior. Impõe o esvaziamento antropológico de entendimentos sobre o que é essencial na vida das pessoas, impedindo investimentos, partilhas e apoios. Torna-se meta principal, sacrificando projetos e programas que poderiam fazer a diferença em cenários de pobreza. A lógica do lucro que expulsa a fraternidade das dinâmicas da economia gera outras consequências igualmente preocupantes, tecendo uma rede de violências, perversidades e corrupção. Destrói o que poderia se traduzir em exercícios ricos de fraternidade. O Papa Francisco, na convicção que rege o serviço evangelizador da Igreja, constata e chama à reflexão sobre o afastamento do homem, de Deus e do próximo e sobre o empobrecimento das relações interpessoais e comunitárias como causas fatais dessa realidade contemporânea.

As pessoas são consequentemente empurradas na direção do consumo, na busca do lucro a todo custo e fora da lógica de uma economia saudável. O cenário é de desgoverno e de descontrole, realidade que pesa sobre todos os ombros. Não se pode continuar crescendo e avançando, comprometendo aspectos essenciais, gerando prejuízos irreversíveis, como a perda do sentido fundamental de humanidade que sustenta cada pessoa. O sistema de produção e os meios de comunicação, já dizia o Bem Aventurado Joao Paulo II, têm enorme responsabilidade pela forte influência no dia a dia das pessoas e na formação de conceitos que não priorizam o que, de fato, é importante.

É clara a convicção de que as crises econômicas e suas injunções devem levar os construtores da sociedade pluralista, dirigentes governamentais e cidadãos a repensar os modelos de desenvolvimento e os estilos de vida. Transformações que têm sido claramente indicadas como possibilidades de proteger cada pessoa da agressividade dos mecanismos da sociedade do lucro e do consumo. A mudança de estilo de vida – frisa o Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, não pode abrir mão do cultivo das virtudes da prudência, temperança, justiça e fortaleza.

A mudança da sociedade não virá, nem se sustentará, simplesmente pelas dinâmicas próprias da economia, que não possui arcabouço suficiente em si mesma para promover as transformações que a cultura contemporânea necessita. Apostar em outro modelo econômico como solução para as sociedades faria, apenas, aumentar a lista dos fracassos na busca da paz e adiaria a possibilidade de uma justiça social mais abrangente e mais significativa.

A fraternidade sim, tem a energia necessária para mudar a economia. Vivida e cultivada pela força motriz das virtudes tem propriedades singulares e únicas para extinguir a guerra, humanizar as relações econômicas e promover o entrelaçamento de pessoas. A Fraternidade tem o poder de iluminar a inteligência gerando entendimentos que arquitetam pactos sociais e políticos. A fraternidade, como via para a paz, é o caminho novo para a economia.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

 
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