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“Conversando” com a realidade de forma amena, divertida
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 08/04/2014
 
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Redação (Terça-feira, 08-04-2014, Gaudium Press) O livro “Depressão para Dummies”, de Laura Smith, PhD e Charles Elliot, PhD, tem o mérito de unir elementos que normalmente não se encontram juntos em escritos correntes, como são a amenidade, a profundidade e a claridade, além de uma comprovada utilidade prática.

Entretanto, algum leitor pode ver-se surpreendido ao final da obra, quando ali se descrevem várias terapias complementárias para combater a depressão, e se encontram expressões como as seguintes: “Preste atenção em sua respiração”. “Preste atenção aos sons que estão ao seu redor. Não os julgue; mas os escute todos. Os agudos, os suaves, os murmúrios que existem no ambiente. E também os ruídos fortes e inesperados”. “Tome nota das pessoas que estão à sua volta. (…) Fixe-se no que estão fazendo. Observe sua aparência”. “Perceba os odores que existem”. E outras desse teor.

Acontece com frequência que a pessoa que se vê acometida pelo desalento, tende a fechar-se sobre si mesma, e se renuncia a olhar com capacidade de maravilhamento a realidade externa. Então, certamente com a intenção de combater essa situação, Smith e Elliot recomendam usar os diversos sentidos para perceber e ‘viver’ aquilo que nos circunda.

Entretanto, consideramos que esta terapia -mais enriquecida- serve para todos, estejamos abatidos ou não.

Dizemos pois, que o proposto é uma “terapia enriquecida” com elementos tomados da filosofia e da teologia cristãs, que nos dizem que Deus ao criar se refletiu em suas criaturas, e que portanto os infinitos atributos da Divindade ali se encontram presentes de forma participada, no universo, prontos para serem contemplados por uma alma para isto “treinada”. É o cada vez mais estudado caminho da beleza, a “via do pulchrum”.

A fase inicial desse entretenimento para “viver” a realidade e perceber a Deus nela, é observar e contemplar detalhadamente o que ocorre ao nosso redor. Balzac -que, ainda que não fosse um homem virtuoso, era sem dúvida um mestre das letras- dizia que o que ocorre ao nosso redor, bem visto, pode oferecer-nos dramas do tamanho das tragédias de Shakespeare ou de batalhas de proporções bonapartistas.
Sem chegar a tanto, podemos dizer que a vida de todos os dias nos permite sempre contemplar quadros interessantes, e às vezes bem interessantes.

Exercitemo-nos um pouco. No momento em que escrevemos estas linhas nos preparamos para o almoço, em uma casa estilo alemão campesino, de inícios do século XX. Iremos aí ao mesmo restaurante de ontem -uma recente e não infeliz ‘descoberta’ (será em todo caso um encontro passageiro, pois no menu não tem muita variedade)- mescla de estilo ‘fast-food’ com certo sabor criolo, quer dizer, com algo de remordimento pelo simples e prático do ‘fast’ americano…

Ali se sente algo de um certo “carinho caseiro-materno” (afinal, somos latinos!), evidenciado no tratamento dos empregados, e pelo ambiente geral, em uma certa penumbra claro-escura contrastante com o deslumbrante estilo ‘luz de néon’.

O mobiliário é simples, de madeira polida e formas modernosas, resistente, sem sequer um leve esmalte. As cadeiras não têm encosto, mas ao sentar-se nos fazem sentir uma leve acolhida, não muito quente, simplesmente amena. Algumas paredes não tem reboco e os tijolos expostos imitam as construções hispano-americanas do século XVI. O teto inexistente deixa exposto a todos a base do telhado, em um estilo chamado pomposamente por alguns de ‘colonial rústico’. Mas as modernas lâmpadas cilíndricas sem polir e com certos avisos plásticos na linha do mobiliário, criam um contraste não-harmônico com o conjunto arquitetônico. Poderíamos resumir nossas impressões como “tradicional-ágil-simples”.

Mas mais interessante que a matéria, é a vida que encontramos. Aqui, um funcionário, executivo sênior, que come em silêncio, sisudo, meditando, talvez pensando em uma transação financeira. Ali um casal de jovens falam sobre as crianças, a hipoteca, as escassas “entradas”, temas próprios dos que iniciam suas lutas. Não faltam os rostos não tão fáceis de penetrar, enigmas que despertam curiosidade, etc.

Enfim, todo o universo material e humano, que nos fala, que porta sua mensagem, que pode ser meditado, com o qual se pode conversar. E de forma amena, entretida.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

 
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