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A doença de nossa época
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 22/04/2014
 
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Redação – (Terça-feira, 22-04-2014, Gaudium Press) – Refugiei-me no templo, para fugir do calor, …do ruído da rua, das pessoas e de uma poluição sonora que me cercava por dentro e por fora.

Meus olhos se demoraram um pouco até acostumar com a luz coada pelos vitrais. Como por um passe de mágica, tudo havia mudado: silêncio, recolhimento e uma penumbra que aos poucos desvelava imagens, pinturas e velas acessas: um outro mundo, tão diferente daquele que há pouco havia deixado.

Sentei-me. Deixei-me embeber por aquela atmosfera que penetrava a minha alma e fazia sentir-me, alguém, um ser.

No meu canto, observava a ordem dos bancos, a ordenação das flores e das toalhas brancas. Tudo muito simples, mas ao mesmo tempo rico e nobre.

Percebi logo, que não estava sozinho. Ajoelhada ante um altar, uma senhora rezava o seu arrependimento. Sua voz, apesar de sussurrada, chegava aos meus ouvidos:

-Tende piedade de mim, Senhor! Pois eu pequei contra vós.

Repetia com insistência:

-Porque pequei e minha culpa está sempre diante de mim.

Sua aparência era humilde. Portava um vestido verde, que lhe chegava quase ao tornozelo. Na cabeça tinha um pequeno chapéu de cor avermelhada, desbotado pelo uso. Nos pés calçava uma espécie de chinelos fechados, da mesma tonalidade.

Não saberia dizer sua idade: o sofrimento e o tempo apagaram os anos de sua face.

E ela continuava repetindo:

– Pequei contra vós!

Nessa paz interior que eu experimentava, veio-me a figura do pecado.

O que é o pecado? Uma desobediência à lei de Deus, que nos criou e morreu por nós. Também “o pecado é uma falta contra a razão, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens”. [1]

Portanto, agimos de maneira irracional quando ofendemos aquele que nos criou. Violamos a ordem que há em nós e desprezamos o amor que Deus tem para conosco. O pecador, que adere conscientemente ao pecado, não tem a noção do precipício que o separa da Verdade Absoluta.

Ao homem foi dado o livre arbítrio e, como criatura livre, ele usa dessa liberdade, que deveria conduzi-lo somente ao bem, aderindo a uma opção indevida escolhendo o mal.

Assim “dar ou recusar a Deus o próprio amor, o nosso pobre amor; optar por um bem infinito ou por um mal infinito: eis o dilema de toda a vida humana. O homem é incomparavelmente maior do que ele pensa, quer para o bem quer para o mal”.[2]

O pecado é ainda um brado de revolta, que, segundo sua natureza, pode ser mortal ou venial. O primeiro nos separa da graça divina e “se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso”.[3]

Eternidade!

O fogo que não se acaba: nunca e sempre!

Quase sem perceber estava balbuciando as palavras:

-Não permitas, meu Senhor, que me separe de vós.

-Perdoai-me, meu Senhor!

Eu voltei a contemplar a piedosa senhora, e quase fui impelido a pedir que ela rezasse por mim.

Pois, do meu canto, eu tinha certeza que o Deus de todas as misericórdias, se comprazia naquela prece que com tanto amor e plena de arrependimento subia ao céu.

Por Lucas Miguel Lihue

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[1] (CIC §1849)

[2]CHARLES JOURNET: As sete palavras de Cristo na Cruz,pp.42-43

[3](CIC §1861)

 
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