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A mensagem de Deus nas criaturas
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 21/05/2014
 
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Redação (Quarta-feira, 21-05-2014, Gaudium Press) O ser nos traz notícias de Deus, a existência das coisas e dos homens nos oferece o suave perfume do Criador.

Diz Ángel Luis González em sua muito didática obra ‘Ser e Participação’ que a presença do Ser Divino no ser de cada criatura não é algo meramente teórico, mas tem um aspecto religioso, no sentido de que bem visto, o ser da criatura manifesta a causalidade do Criador e ao Criador mesmo. A mera existência de cada criatura é uma ocasião para concluir a existência de Deus.

Isto dito em uma linguagem mais fácil simplesmente repete aquilo que já nos diz a Escritura: “O céu proclama a glória de Deus, o firmamento prega a obra das suas mãos: o dia a dia lhe transmite a mensagem, a noite a noite a repete. Sem que falem, sem que pronunciem, sem que soe sua voz, a toda a terra alcança seu pregão e até os limites do orbe sua linguagem” (Salmo 18, 2-7).

Esta é a verdadeira sabedoria: ver a Deus em suas obras.

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Essa conclusão resolve um problema que muitas vezes surge na vida espiritual e que é o seguinte: Afinal são boas ou más as criaturas para a saúde espiritual do homem?

“Fuja das criaturas”, dizem alguns manuais de piedade. O profundo Kempis em sua Imitação de Cristo tem um capítulo intitulado: “Do desprezo de todas as criaturas para encontrar o Criador”, onde pode-se ler: “Por isto pois, existem poucos contemplativos, porque são raros os que sabem libertar-se por completo das criaturas e do perecível”.

É que a mera criatura pode sim ser um obstáculo, quando aí detemos nosso caminhar que sempre deve voltar-se ao Absoluto. Mas a criatura também pode ser uma ponte, quando compreendemos que ela é inexplicável sem o Criador.

Verdadeiramente, Deus não só criou, mas mantêm no ser as criaturas:

A presença do Ser no ser do ente não é transeunte, mas permanente: nenhuma criatura pode manter seu ser, perdurar no ser se a causa criadora não mantêm sua atuação, já que depende dela em seu ser e sua obra, quer dizer, são efeitos seus, e suprimida a causa desaparece o efeito. Eis aqui um texto de Tomás de Aquino que sintetiza o que se acaba de assinalar: “Deus é ‘per se’ causa diretamente do mesmo ‘esse’, como comunicando o ser a todas as coisas, igual ao sol que comunica a luz ao ar e aos demais que é comunicado por ele. Da mesma forma como para a conservação da luz no ar se requer que perdure a iluminação do sol, assim para que as coisas sejam conservadas em seu ser, é preciso que Deus conceda o ser incessantemente (Deus esse incessanter tribuat rebus) e em conseqüência todas as coisas não só quando começam a ser, mas também enquanto são conservadas ‘in esse’ se comparam a Deus como o fato ao que o faz… É necessário que Deus esteja presente em todas as coisas enquanto tem ser. O ser é o que mais intimamente está presente em tudo; logo é preciso que Deus esteja presente em todas as coisas (Comp. Theol., I, c. 130). 1

Portanto, aí, sim, nas criaturas, Deus está constantemente presente.

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Isto quer dizer que quando não vemos a Deus nas criaturas, mas vemos a mera criatura, o que estamos vendo não é senão a mais exterior das exterioridades, pois o mais íntimo de cada criatura é seu ser, e este ser foi criado, é sustentado, e não é mais que uma participação de Deus.

Então fica feito o convite: descobrir atrás das meras aparências das coisas, a mais profunda realidade, que é a realidade divina, essa que sim nos sacia, essa que é o maior anelo do mais profundo de nosso ser.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

1 – González, Ángel Luis. Ser y Participación – Estudio sobre la Cuarta Vía de Tomás de Aquino. EUNSA. 3ra. Edición. Barañáin – España. 2001. p. 253.

 
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