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Colunista propõem o “santo ócio” como uma necessidade para o homem moderno
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 22/07/2014
 
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Ontário – Canadá (Terça-feira, 22-07-2014, Gaudium Press) O uso do tempo pode ser uma das preocupações mais recorrentes de nosso estilo de vida atual. Os extremos entre a perda deliberada da via nas distrações mais supérfluas e a dedicação praticamente exclusiva ao trabalho e a produção surgem como autênticos riscos para o homem enquanto sua vida transcorre de forma inexorável e irreversível. Desde uma perspectiva transcendente inspirada na doutrina católica, a autora Melinda Selmys propôs em sua coluna no informativo National Catholic Register o resgate de um “santo ócio” que contribua a ascensão do homem até Deus e o cultivo de seus talentos e potencialidades.

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É lícito o ócio?

O tempo é a moeda da existência”, afirma a redatora, que recordou ao novelista Arnold Bennet e sua descrição do tempo como “verdadeiramente um milagre diário” e “a mais apreciada das possessões”. Para a cultura atual o uso deste valioso recurso está principalmente dedicado à produção e gasto do dinheiro, sob uma ética do trabalho que pode ser subdesenvolvida e que concebe o descanso “primordialmente na relação à produtividade, como uma forma de recarregar para que o corpo possa regressar ao trabalho”.

Uma concepção do descanso baseada nesta visão seria como um “tempo de apagão” que se reproduz na vida de algumas pessoas: “Uma pessoa trabalha tanto tempo como é capaz, logo colapsa em frente de alguma forma de entretenimento passivo até que dorme”, descreveu a colunista. O ciclo se repete nos dias de trabalho e se altera no final de semana, quando a atividade principal não é a produção mas o consumo, “gastando dinheiro para preencher as necessidades básicas domésticas e sociais”. Ainda que a Igreja reconheça a importância do trabalho, mandado por Deus como meio para ganhar o sustento após o pecado original, tem uma visão integral do homem que reconhece outras dimensões da vida que reclamam tempo para desenvolver-se adequadamente.

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Tempo para elevar-se a Deus

“A dignidade da vida não só está protegida pelo Quinto e Sexto Mandamentos, que proíbem o assassinato e salvaguardam o matrimônio, mas também pelo Terceiro: ‘Recorda-te do dia de sábado para santificá-lo'”, afirmou Selmys. Este dia dedicado a Deus era também um dia de rigoroso repouso para o povo judeu e deste Mandamento a Igreja institui o domingo como festa de preceito consagrada a Deus. O descanso é, portanto, muito mais que uma mera pausa, mas uma ocasião para crescer. Assim o expõem o Catecismo da Igreja nos numerais 2184 ao 2188. A participação na Eucaristia, as obras de caridade e a vida familiar são o centro desta jornada. Além disso, afirma o texto, “o domingo é um tempo de reflexão, de silêncio, de cultura e de meditação, que favorecem o crescimento da vida interior e cristã”.

O texto do Catecismo cita a Santo Agostinho e da frase do Santo a redatora toma a ideia central de seu artigo: “O amor da verdade busca o santo ócio, a necessidade do amor cultiva o justo trabalho”. Este “santo ócio”, o tempo dedicado a Deus, ao amor fraterno e ao espírito, oferece uma mudança de perspectiva: “Enquanto o mundo vê o fim de semana como um tempo para preparar-se para ir trabalhar na segunda-feira, a Igreja vê a semana de trabalho como uma preparação para a Eucaristia de domingo”, comentou Selmys.

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Em geral, o conceito de tempo é distinto para a Igreja, como a evidencia o calendário litúrgico que “oferece o tempo como uma paisagem que muda constantemente no transcurso do ano”, expressou a colunista. Neste calendário, que não concorda com a regularidade imposta pelos cronogramas laborais, “há dias de Santos e solenidades, períodos de deserto e festivais, tempo para alegrar-se e tempo para arrepender-se”. Nestes ciclos, que preparam a alma para a contemplação dos maiores mistérios, como são o Nascimento do Senhor e sua Paixão, Morte e Ressurreição, se revive o plano de salvação de Deus. “O tempo desta forma se ordena até a eternidade”, aponta Selmys.

Este convite para ver o próprio tempo livre (ou sua ausência) de uma forma diferente foi concluído pela autora com uma citação da Carta Encíclica do hoje Papa emérito Bento XVI “Caritas in Veritate”: “Sem a perspectiva de uma vida eterna, o progresso humano neste mundo fica sem alento. Encerrado dentro da história, fica exposto ao risco de reduzir-se só ao incremento do ter; assim, a humanidade perde a valentia de estar disponível para os bens mais altos”. (GPE/EPC)

 
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