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“O prazer espiritual de ser povo”, segundo o Bispo de Osório
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 31/07/2014
 
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Osório – Rio Grande do Sul (Quinta-Feira, 31/07/2014, Gaudium Press) Com o tema “O prazer espiritual de ser povo”, o Bispo da Diocese gaúcha de Osório, Dom Jaime Pedro Kohl, abordou em um artigo a importância de desenvolvermos o prazer espiritual de estar próximo da vida das pessoas. Ele recorda que a Palavra de Deus nos convida a reconhecer que somos povo “Vós que outrora não éreis um povo, agora sois povo de Deus” (1 Pd 2, 10).

Segundo o Prelado, para sermos evangelizadores com espírito é preciso também desenvolver o prazer espiritual de estar próximo da vida das pessoas, até chegar a descobrir que isto se torna fonte de uma alegria superior. Ele afirma que a missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente uma paixão pelo seu povo.

“Quando paramos diante de Jesus crucificado, reconhecemos todo o seu amor que nos dignifica e sustenta. Começamos a perceber que este olhar de Jesus se alonga e dirige, cheio de afeto e ardor, a todo o seu povo. Lá descobrimos novamente que Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado. Toma-nos do meio do povo e envia-nos ao povo, de tal modo que a nossa identidade não se compreende sem esta pertença”, destaca.

Para o Bispo, o próprio Jesus é o modelo desta opção evangelizadora que nos introduz no coração do povo. Conforme Dom Kohl, se Jesus falava com alguém, fitava os seus olhos com uma profunda solicitude cheia de amor: “Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele” (Mc 10, 21). Ele lembra ainda que Jesus se aproxima do cego, come com os pecadores, deixa uma prostituta ungir seus pés, recebe Nicodemos de noite, ressaltando que a entrega de Jesus na cruz é só o culminar deste estilo que marcou toda a sua vida.

“Fascinados por este modelo, queremos inserir-nos a fundo na sociedade, partilhamos a vida com todos, ouvimos as suas preocupações, colaboramos material e espiritualmente nas suas necessidades, alegramo-nos com os que estão alegres, choramos com os que choram e comprometemo-nos na construção de um mundo novo, lado a lado com os outros. Mas não como uma obrigação, nem como um peso que nos desgasta, mas como uma opção pessoal que nos enche de alegria e nos dá uma identidade”.

Dom Kohl salienta também que é verdade que, na nossa relação com o mundo, somos convidados a dar razão da nossa esperança, mas não como inimigos que apontam o dedo e condenam. A advertência é muito clara: fazei-o “com mansidão e respeito” (1 Pd 3, 16) e “tanto quanto for possível e de vós dependa, vivei em paz com todos os homens” (Rm 12, 18).

De acordo com o Bispo, está claro que Jesus não nos quer como príncipes que olham desdenhosamente, mas como homens e mulheres do povo, pois assim experimentaremos a alegria missionária de partilhar a vida com o povo fiel de Deus, procurando acender o fogo no coração do mundo.

Além disso, o Prelado enfatiza que o amor às pessoas é uma força espiritual que favorece o encontro em plenitude com Deus, a ponto de se dizer, de quem não ama o irmão, que “está nas trevas e nas trevas caminha” (1 Jo 2, 11), “permanece na morte” (1 Jo 3, 14) e “não chegou a conhecer a Deus” (1 Jo 4, 8). Bento XVI disse que “fechar os olhos diante do próximo torna cegos também diante de Deus”.

Outro aspecto analisado pelo Bispo de Osório diz respeito ao fato de que quando vivemos a mística de nos aproximar dos outros com a intenção de procurar o seu bem, ampliamos o nosso interior para receber os mais belos dons do Senhor. Conforme ele, cada vez que nos encontramos com um ser humano no amor, ficamos capazes de descobrir algo de novo sobre Deus, pois cada vez que os nossos olhos se abrem para reconhecer o outro, ilumina-se mais a nossa fé para reconhecer a Deus.

‘Se queremos crescer na vida espiritual, não podemos renunciar a ser missionários. A tarefa da evangelização enriquece a mente e o coração, abre-nos horizontes espirituais, torna-nos mais sensíveis para reconhecer a ação do Espírito, faz-nos sair dos nossos esquemas espirituais limitados. Ao mesmo tempo, um missionário plenamente devotado ao seu trabalho experimenta o prazer de ser um manancial que transborda e refresca os outros”, avalia.

Para Dom Kohl, só pode ser missionário quem se sente bem, procurando o bem do próximo, desejando a felicidade dos outros. Ele acredita que esta abertura do coração é fonte de felicidade, porque “a felicidade está mais em dar do que em receber” (At 20, 35). O Bispo acrescenta que não se vive melhor fugindo dos outros, escondendo-se, negando-se a partilhar, resistindo a dar, fechando-se na comodidade, pois isto é um lento suicídio.

Por fim, o Prelado afirma que a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida: é algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Ele lembra que somos uma missão nesta terra, e para isso estamos neste mundo, então é preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar.

“Para partilhar a vida com a gente e dar-nos generosamente, precisamos reconhecer que cada pessoa é digna da nossa dedicação e merece nosso afeto. Se consigo ajudar uma só pessoa a viver melhor, isso já justifica o dom da minha vida. É maravilhoso ser povo fiel de Deus. E ganhamos plenitude, quando derrubamos os muros e o coração se enche de rostos e de nomes. Que bom sentir-nos povo de Deus! Que bonito carregar no coração rostos e nomes infindos”, conclui. (FB)

 

 
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