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O pecado original e suas consequências
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 11/08/2014
 
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Redação (Segunda-feira, 11-08-2014, Gaudium Press) – Transcrevemos artigo abaixo breves considerações de nosso colaborador, o teólogo Paulo Francisco Martos, sobre o Pecado Original e suas consequências:

“No Paraíso terrestre, nossos primeiros pais desfrutavam perfeita felicidade: estavam sempre voltados para os aspectos mais elevados das coisas, suas tendências eram totalmente ordenadas, não tinham sofrimentos nem conheceriam a morte. Incomparavelmente mais importante que tudo isso: Adão tinha um convívio diário com o Criador, que “passeava pelo jardim à brisa da tarde” (Gn 3, 8). Entretanto, como fizera no Céu empíreo com os Anjos, Deus apresentou-lhes uma prova.

Eva conversa com o demônio…

O Altíssimo fizera que brotassem no Éden, isto é, no Paraíso terrestre, muitas árvores de aspectos atraentes e com frutos saborosos. E disse a Adão que poderia comer os frutos de todas as árvores, exceto de uma delas, acrescentando que, se comesse, morreria (cf. Gn 2, 9 e 17).

Mas o demônio, que nunca dorme e sempre procura fazer o mal, tomou a forma de uma serpente, a qual “era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito” (Gn 3, 1), e tentou Eva.

Eva manteve, então, um diálogo com o demônio o qual afirmou que se ela e seu marido comessem o fruto proibido não morreriam, mas seriam como Deus. Ela acabou cedendo; apanhou o fruto, comeu uma parte e deu a outra a Adão, que também comeu (cf. Gn 3, 1-6).

Ato de desobediência inspirado pelo orgulho
Eva deveria desconfiar de uma serpente falante que, propondo desobedecer à ordem de Deus, só poderia ser o demônio disfarçado. O fato de ter ela entrado em diálogo com o demônio mostra sua grave falta de vigilância, pois precisaria expulsá-lo imediatamente.

O pecado cometido por Adão e Eva consistiu num ato de desobediência, “mas inspirado pelo orgulho”; e de extrema gravidade pois quiseram ser iguais a Deus, ou seja, destronar o Criador.

A exposição feita pela Sagrada Escritura sobre o pecado original é histórica e não alegórica. Porque “uma interpretação puramente simbólica da narração da queda, destruiria não só a doutrina do pecado original, mas também a da Redenção”.

Deus aparece e censura Adão por ter desobedecido à sua ordem; e ele culpa Eva por lhe ter oferecido o fruto. Eva, inquirida pelo Criador, afirma que foi ludibriada pela serpente. Essa é uma constante que se encontra em pecadores que, por falta de humildade, tentam justificar suas más ações lançando a culpa em outrem.

“Porei inimizade”

O Criador, então, amaldiçoa a serpente, acrescentando: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15).

Esse versículo é chamado “Protoevangelho” porque “é o anúncio longínquo e o prelúdio da ‘Boa Nova'”. Comentando-o, São Luís Maria Grignion de Montfort afirma que o Altíssimo estabeleceu uma única inimizade: “a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demônio; entre os filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e sequazes de Lúcifer; de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio”. .

O Criador expulsou nossos primeiros pais do Éden, colocando na porta do mesmo Anjos “com a espada fulgurante a cintilar” (Gn 3, 24).

Perda da graça santificante e dos dons preternaturais

E os castigou, despojando-os da graça santificante e dos dons preternaturais, isto é, a ciência infusa — no caso de Adão –, o dom de integridade e da imortalidade corporal. Mas Deus que, mesmo quando exerce a justiça, é misericordioso, deixou a nossos primeiros pais a fé e a esperança. Além disso, concedeu-lhes graças de arrependimento, e certamente não tardou o momento em que o pecado lhes foi perdoado.

Além desse castigo pessoal, o pecado original transmite-se a todos os descendentes de Adão e Eva, conforme ensina São Paulo: “Pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, por meio do pecado, a morte; e a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5, 12).

O plano de Deus continuou o mesmo

Mesmo depois de nossos primeiros pais terem sido expulsos do Éden, o plano de Deus para os homens continuou o mesmo, porque a natureza humana permaneceu fundamentalmente a mesma. E esse plano consiste essencialmente no seguinte:

a) Os homens devem santificar-se juntos, formando uma sociedade.

b) Essa sociedade precisa construir um estado, uma cultura, uma civilização como meio de santificação.

c) Os homens devem produzir obras de arte e de cultura de toda ordem, não só para seu serviço, como também para embelezar a natureza feita por Deus.

Para que os homens cumpram esse plano, o essencial é sua santificação, fruto da graça divina que somente poderá ser obtida através de Nossa Senhora, que foi concebida sem pecado original.

Recorramos continuamente a Ela, pedindo-Lhe forças para vencermos o demônio e nos mantermos sempre no estado de graça.”

Por Paulo Francisco Martos

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1 ) – TANQUEREY, Adolphe. Compêndio de Teologia Ascética e Mística. 6. ed. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1961, p. 34.
2 ) BARTMANN, Bernardo. Teologia dogmática. Vol. I. São Paulo: Paulinas. 1962, p. 447.
3 ) – BONNEFOY, Jean-François. Le mystère de Marie selon le
Protévangile et l’Apocalypse. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin.1949, p. 15.
4 ) – Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 8. ed. Petrópolis: Vozes. 1974, p. 54-55.
5 ) – Cf. TANQUEREY, Adolphe. Op. Cit., p. 35.
6 ) – Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O estudo da História não pode ignorar o plano de Deus para a humanidade. In: Dr. Plinio. São Paulo: Retornarei. Abril de 1998, p. 18.

 

 
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