San Isidoro – Argentina (Segunda-feira, 11-08-2014, Gaudium Press) Com um concerto gratuito na igreja de São José, da Diocese de San Isidro (Argentina), a Comissão diocesana para a Difusão da Música Sacra completa o quarto evento de 2014. Há 23 anos esta comissão, atualmente presidida por Dom Fernando María Cavaller, trabalha para que os fiéis possam escutar ao vivo as melhores obras da música litúrgica, interpretadas nos templos, tal e qual foram concebidas. Esta “tão notável e tão bela arte”, como chamou o Papa Pio XII, se aproxima desta forma da sensibilidade geral e se promove o trabalho daqueles que o cultivam em nossos dias.
Nesta oportunidade, os fiéis poderão escutar a obra “Vespro della Beata Vergine” (Vésperas da bem-aventurada Virgem), considerada a mais importante do compositor Claudio Monteverdi, segundo informou a agência AICA. A interpretação, realizada por uma assembleia vocal e acompanhada com instrumentos da época -a obra foi composta em 1610- será feita pelo grupo Arcana do Departamento de Artes Musicais do Instituto Universitário Nacional de Arte, sob a direção do maestro Andrés Gerszenzon.
O ciclo de música sacra incluiu durante o ano obras de Bach, Händel, Mendelssohn, Brahms, entre outros reconhecidos compositores. Os concertos restantes incluem obras de Mozart e Giovanni da Palestrina, assim como um concerto especial de Natal a cargo do Coro Nacional de Jovens.
A grande importância da música sacra
“Entre os muitos e grandes dons naturais com que Deus, em quem se encontra a harmonia da perfeita concórdia e a suma coerência, enriqueceram ao homem criado a sua imagem e semelhança, deve-se contar a música, a qual, como as demais artes liberais, se refere ao gozo espiritual e ao descanso da alma”, explicou o Papa Pio XII, quem dedicou uma Carta Encíclica exclusivamente para este tema e que leva por título precisamente Musicae Sacrae.
Ao ser um dom de Deus a toda a humanidade, expôs o Pontífice, a música foi usada de maneira natural no culto divino, “para dar brilho e esplendor às cerimônias religiosas sempre e em todas as partes, ainda entre os povos gentis”. Na história da salvação, o povo de Deus fez uso da música para louvar ao Senhor, e este testemunho foi registrado de forma abundante na Sagrada Escritura. Os cristãos também entoaram hinos desde o início da Igreja, costume que não foi abandonado nem sequer nos tempos de perseguição.
Pio XII recordou como, após a recuperação da liberdade religiosa, a Igreja viveu um florescimento do canto litúrgico: “se criaram novas formas de canto sagrado, se cogitaram (discernir através da oração e o discurso) novas aulas de cantos, cada vez mais aperfeiçoados pelas Escolas de canto, especialmente em Roma”. Finalmente foi São Gregório Magno quem “recolheu cuidadosamente todo o transmitido pelos antigos, e lhe deu uma ordem sábia, velando com leis e normas oportunas pela pureza e integridade do canto sagrado”, marcando o nascimento da música sacra como a conhecemos atualmente, através do canto chamado gregoriano em sua honra e enriquecido posteriormente com a invenção do órgão. A esta música se acrescentou o canto polifônico, aceito e promovido pela Igreja, e o qual alcançou um notável grau de desenvolvimento.
“Pode-se facilmente entender que a dignidade e valor da música sagrada serão tanto maiores quanto mais se aproximem do ato supremo do culto cristão, o sacrifício eucarístico do altar”, explicou belamente Pio XII. “Pois nenhuma ação mais excelsa, nenhuma mais sublime pode exercer a música que a de acompanhar com a suavidade dos sons ao sacerdote que oferece a divina vítima, associar-se com alegria ao diálogo que o sacerdote realiza com o povo, e enobrecer com sua arte a ação sagrada que no altar se realiza. Junto a tão excelso ministério, exercita a música o de realçar e acompanhar outras cerimônias litúrgicas, como a oração do ofício divino no coro. Suma honra e sumo louvor se devem, portanto, a essa música ‘litúrgica'”. (GPE/EPC)
