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Incentivar o compromisso dos leigos não significa substituir os sacerdotes
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 07/10/2014
 
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Manila – Filipinas (Terça-feira, 07-10-2014, Gaudium Press) Em meio do Ano do Laicato, com o qual a Igreja nas Filipinas busca fomentar o compromisso dos leigos na busca da santidade e sua participação ativa no apostolado da Igreja, a Arquidiocese de Manila publicou um ensaio sobre a devida harmonia que deve existir entre os seculares e os sacerdotes, especialmente a nível paroquial. O escrito, realizado pelo Padre Jerome R. Secillano, recorda que o propósito da Igreja não é “clericalizar aos leigos” de forma que substituam funções próprias do sacerdote e recordou que é o presbítero a quem lhe corresponde guiar a vida sacramental e pastoral das comunidades paroquiais enquanto que os seculares estão chamados a evangelizar em todas as dimensões da vida familiar e comunitária.

O princípio fundamental do ensaio é o traçado pelo Cardeal Francis Arinze, Prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em seu livro “O rol distintivo do leigo”, no qual o purpurado descreve a missão essencial do secular como a de levar a Cristo a todas as áreas da vida secular. Neste sentido, “estão chamados a ser esposos modelo, pais e mães das crianças, políticos e estadistas exemplares”, entre outros variados exemplos de testemunho cristão e apostolado laical. Com seu exemplo e seu testemunho nos lugares onde se desempenham, os leigos são os “evangelizadores da ordem secular” que pedia São João Paulo II.

Incentivar o compromisso dos leigos não significa substituir os sacerdotes.png
“Chamados a ser Santos, enviados à frente como herois”,
material de apoio do Ano do Laicato da Igreja de Filipinas.
Foto: Choose to be Brave.

Uma colaboração harmônica

O Padre Secillano reconheceu a contribuição dos seculares na vida apostólica da Igreja e sua contribuição, por exemplo, em seu apoio aos conselhos de liturgia, pastoral e administração nas paróquias. No entanto, assinalou que seria um erro que aqueles que colaboram deste modo se concentrem em assistir ou compartilhar funções dos sacerdotes “esquecendo talvez que sua principal vocação é permanecer ‘no mundo’ para serem testemunhas de Cristo como apóstolos leigos ou evangelizadores”. Este risco se manifesta com especial preocupação se os seculares pretendem ser mais “pastores” que os mesmos sacerdotes, ou se impõem a seus párocos desenvolver certos programas ou administrar em certo modo as paróquias. Isto significaria um desvio do que a Igreja busca ao motivar a participação ativa do laicato. “Isto é animá-lo na melhor das possibilidades”, indicou.

A instrução da Congregação para o Clero “O Presbítero, Pastor e Guia da Comunidade Paroquial”, publicada em 2002, recordou que o conselho pastoral é uma ajuda ao trabalho do sacerdote, e que “não teria sentido considerá-lo como um órgão que substitui ao pároco na direção da paróquia ou que, com um critério de maioria, condicione praticamente a direção do pároco”. A instrução recorda de forma clara que é o pároco quem deve guiar a vida da paróquia e que os fiéis estão chamados a uma ativa “colaboração ordenada”, de forma que não se abandone a missão laical essencial nas famílias, as comunidades e os lugares de trabalho.

Apesar de que se pode apresentar casos de sacerdotes que não cumprem sua missão a cabalidade ou dão um testemunho contrário a sua vocação, isto não significa que os seculares devam “substituir” suas funções. Em seu lugar, os leigos tem o direito -“e às vezes o dever”, como o afirma o próprio Código de Direito Canônico- de manifestar seu ponto de vista sobre preocupações pelo bem da Igreja, mas “sempre devem respeitar a integridade da Fé e a moral, mostrar a reverência devida aos pastores e ter em conta o bem comum e a dignidade dos indivíduos”, acrescenta o documento. Os leigos devem informar a seu Bispo nos casos necessários e esperar dele as ações corretivas que prevem as normas eclesiásticas.

Recordar a missão

“Aos clérigos e aos religiosos deveriam recordar-lhes seu caráter essencial como figuras centrais da Igreja. Admitamos ou não, eles são o ‘rosto’ da Igreja”, expôs o sacerdote. “Os leigos, por sua vez devem ser educados em seus papéis e formados como evangelizadores da esfera secular especificamente em áreas onde a presença do sacerdote não é legitimamente possível como a família, a política ou os negócios”. Esta distinção de funções permite um trabalho harmônico coerente com o testemunho cristão, já que a missão da Igreja “nunca deveria dar lugar a uma luta pelo poder”.

O ensaio concluiu pedindo aos sacerdotes não “temer” a participação dos leigos, já estes últimos valorizar a missão dos sacerdotes e religiosos. Destes, “os leigos recebem a força através dos sacramentos e da exposição da doutrina da Igreja, e portanto a motivação para evangelizar a ordem secular. O laicato, então, tem plena responsabilidade da área secular”. Como reflexão final, o Padre Secillano perguntou aos sacerdotes se eles também são conscientes de sua missão e se, de maneira análoga à “clericalização” dos leigos, não existe o risco de uma “secularização” dos sacerdotes. “Julguem vocês”, concluiu. (GPE/EPC)

 
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