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Religiosas de clausura: mulheres ocultas para o mundo, notáveis para Deus
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 09/10/2014
 
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A clausura fomenta a constante e intensa busca da união com
Deus. Foto: Gaudium Press

Cajicá – Colômbia (Quinta-feira, 09-10-2014, Gaudium Press) Um casal de jovens desce de seu veículo diante de um pequeno mosteiro oculto no final de uma rua secundária do município de Cajicá, na Colômbia. Chegam ao lugar e perguntam se ali são recebidas intenções de oração. Uma religiosa abre a porta e com um sorriso lhes oferece uma folha de papel e uma caneta para que possam escrever suas necessidades e lhes pede que deixem o papel em um local que permite a entrada e saída de objetos sem que se possa ver o interior do lugar. Os jovens se sentam e começam a escrever em um pequeno papel as preocupações que os fizeram ir de longe a conselho do dono de um restaurante local. Eles, como muitos outros fiéis que a cada dia batem na porta do Mosteiro de Santa Clara, entendem a importante vocação desse grupo de mulheres que deixaram para trás o mundo para fechar-se em uma vida de contemplação de Deus e ser ponte entre o temporal e o eterno. Ocultas para o mundo, são notáveis para Deus.

As religiosas clarissas de Cajicá aceitaram descrever para a Gaudium Press a riqueza de seu carisma e sua particular vocação, em uma acolhedora visita em seu locutório, já que se regem pelas normas de clausura papal, uma estrita norma de recolhimento que é para elas não uma carga, mas um precioso dom. São a imagem da Igreja, “Esposa do Verbo”, como o expressa a Instrução Verbi Sponsa, da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. “As monjas, com efeito, vivendo continuamente ‘escondidas com Cristo em Deus’, levam a cabo em grau sumo a vocação contemplativa de todo o povo cristão, convertendo-se assim no fúlgido testemunho do Reino de Deus”.

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 As religiosas do Mosterio de Santa Clara vivem um testemunho de
união com Deus e alegria cristã. Foto: Gaudium Press

A natureza da clausura

Três características assinala a Igreja para identificar os institutos de vida integramente contemplativa: A primeira é que “seus membros orientam toda sua atividade interior e exterior à constante e intensa busca da união com Deus”. Depois estipula que se excluam os “compromissos externos e diretos de apostolado, ainda que seja de maneira limitada, e a participação física em acontecimentos e ministérios da comunidade eclesial”, a menos de que dita omissão constitua um anti-testemunho. Finalmente, a Igreja exige a estas congregações que se pratique “a separação do mundo de maneira concreta e eficaz, não simplesmente simbólica”.

Para algumas pessoas poderia parecer que um modo de vida tão peculiar resulta impossível ou é particularmente duro. As religiosas, pelo contrário, compartilham com alegria sua opinião completamente oposta. “A um lhe interessa mais o de Deus que o resto, Deus dá as graças necessárias para obedecer seu chamado”, explicou uma delas. “A mim ocorreu isso”. Sua vocação é resguardada com zelo e defendida de riscos aparentemente benévolos como o convite a uma peregrinação. “Nós não renunciamos ao mal com o voto de clausura, renunciamos a bens que são de muito valor”, explicou uma das presentes.

Em vez de perder a vida exterior, encontram sacrificados os dias especiais, como a festa de Santa Clara, quando numerosas pessoas se aproximam para saudá-las depois da Missa. No silêncio e na oração elas cultivam um trato especial com Deus possível graças a sua ausência de distrações. “A clausura favorece a vida contemplativa”, acrescentou outra das Irmãs. “A clausura que em todo momento é proteção, nos oferece muitos bens”.

As normas que regem sua clausura provêm diretamente da Santa Sé, e incluem tanto a permanência das religiosas no recinto como a exclusão das visitas ao interior do mesmo. As saídas e entradas só podem ser motivadas por “uma causa justa e grave” e são regidas pela Abadessa, Superiora do Mosteiro. Unicamente os Cardeais, Núncios Apostólicos em sua Jurisdição, a um Visitador em sua Visita Canônica, ou o Bispo, se existe uma causa justa, tem direito de acesso ao interior. A Superiora pode permitir o ingresso de um sacerdote para administrar sacramentos às enfermas, o pessoal especializado requerido pela saúde das religiosas ou necessidade do mosteiro e as aspirantes ao mesmo e outras religiosas de passagem.

Uma vida de oração

“Para Santa Clara, orar é o modo supremo de amar”, descreveram as religiosas em um escrito sobre seu carisma, comentando o exemplo que pretendem seguir. “Vivia com a mente e o coração ocupados em Deus: adorando-lhe, louvando-o, suplicando-lhe”. Por este motivo, e seguindo a regra desta Santa, a comunidade se dedica de maneira especial à oração litúrgica na Eucaristia e na Liturgia das Horas. A estas se soma a oração mental, feita de manhã, ao meio-dia e a noite e várias devoções como a Coroa Franciscana (que une os Mistérios Gozosos e Gloriosos do Santo Rosário), e a Coroinha da Divina Misericórdia.

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 A oração litúrgica é a essência da espiritualidade das religiosas
clarissas de clausura. Foto: Gaudium Press

As religiosas também tem um tempo de ofícios e trabalhos manuais que desempenham normalmente em comunidade e compartilham tempos de recreação nos quais conversam e fomentam a união fraterna com uma característica alegria que é inclusive recomendada especialmente em sua norma de vida. Nos demais momentos não se obrigam a um silêncio total, mas mantêm um ambiente de discrição e falam “com brevidade e em voz baixa” o que for necessário.

“A mesma vida contemplativa é, pois, seu modo característico de ser Igreja, de realizar nela a comunhão, de cumprir uma missão em benefício de toda a Igreja”, declarou a Instrução Verbi Sponsa. As Irmãs do Mosteiro de Santa Clara participam a partir da oração nas atividades da Igreja, das quais recebem oportuna notificação, e se esmeram por encomendar em sua oração cotidiana as numerosas intenções que lhes chegam e as que lhes inspiram os fatos atuais conhecidos através, primordialmente, de alguns informativos católicos e por boca dos seculares que visitam e escrevem ao mosteiro.

Pontes entre o temporal e o eterno

O Mosteiro de Santa Clara recebe numerosas cartas com pedidos de oração, que se compartilham entre as Irmãs para apresentá-las diante do Santíssimo Sacramento e que são destruídas semanalmente. As religiosas recordam com especial carinho as levadas por crianças, usualmente acompanhadas por desenhos alusivos a sua necessidade. Alguns deles pedem a chegada de um irmão ou irmã, enquanto outros realizam comovedoras petições pela unidade de sua família e o retorno do amor e a fidelidade entre seus pais. Junto aos pedidos chegam cartas de agradecimento a Deus pelos favores concedidos, cujas histórias seguramente cultivaram a popularidade da prática.

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 As monjas de clausura obtêm para o mundo
exterior grandes benefícios espirituais e
materiais graças a sua vida de adoração.
Foto:Gaudium Press

O costume, que surgiu espontaneamente há muitos anos, ficou registrado em um dos documentos do Mosteiro, que descreve os diferentes ambientes do lugar: “Profundamente solidárias com as vicissitudes da Igreja e da humanidade, a Irmã Externa, ou a Porteira claustral acolhem “nas entranhas de Cristo” os sofrimentos, as necessidades e intenções dos que chegam em demanda de consolo e ajuda, procurando-lhes diante da oração da comunidade, o culto divino e a diária celebração do Sacrifício de louvor”. Esta religiosa é a única que pode sair para o exterior, já que não se obriga por voto de clausura e vive seu chamado particular como ponte entre o mosteiro e o mundo exterior.

Desta forma, ocultas em Deus e isoladas livremente do mundo, as religiosas de clausura não esquecem o mundo e participam de forma especial da vida de toda a Igreja. Prestam o incalculável serviço da adoração a Deus e obtêm para os católicos numerosas graças. Desenvolvem a plenitude de seu chamado particular e vivem com alegria um testemunho que é também sinal de contradição em um tempo cada vez mais distante do silêncio e da contemplação.

Gaudium Press / Miguel Farías.

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

 
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