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A doutrina cristã da mística e o esmagamento do orgulho
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 13/11/2014
 
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Redação (Quinta-feira, 13-11-2014, Gaudium Press) Já sabemos que o constitutivo essencial da mística é a ação dos dons do Espírito Santo na alma do homem. Essa ação comumente -ainda que nem sempre- vai acompanhada com a consciência clara e a percepção sumamente agradável de que ‘algo’ sobrenatural está atuando no interior da pessoa. E em algumas raras vezes a contemplação mística -que se dá particularmente através da ação dos dons intelectivos do Espírito Santo: ciência, entendimento e sobretudo sabedoria- vai acompanhada de manifestações extraordinárias como levitação, êxtase, etc. Mas este último é bastante raro e acessório.santa_teresinha_gaudium_press.jpg

Também é cada vez mais claro que a vida cristã, a via da perfeição cristã, deve ser uma via e vida mística. Vejamos como o expressa o Padre Garrigou-Lagrange, O. P., resumindo as doutrinas do Padre Juan Arintero sobre a mística:

“A meu modo de ver, o princípio fundamental de sua doutrina [do Padre Arintero] é a unidade da vida interior; unidade de tal maneira concebida, que a ascética está essencialmente ordenada a algo mais alto, quer dizer, à união mística da alma com Deus. Por isso, a ascética não é algo fechado em si mesmo, mas está ‘aberta’; é como uma disposição para algo que ao mesmo tempo é mais vital, íntimo e elevado, a saber: a contemplação infusa dos mistérios revelados e a união com Deus que nasce dessa contemplação.” Em resumo: para o Padre Arintero, a verdadeira doutrina tradicional é que a contemplação infusa procede da Fé viva ilustrada pelos dons do Espírito Santo, e que esta contemplação infusa está, como os mesmos dons do Espírito Santo, na via normal da santidade, nesta vida e na outra.

Esta doutrina é um completo esmagamento do orgulho humano, vejamos o por quê:

Como recordávamos em nota anterior, quando atuam os dons do Espírito Santo não é o homem o agente principal -nem sequer o secundário- do “trabalho” que se realiza na alma: é Deus. Deus envia sua graça, que é a faísca que põem em funcionamento os dons, e os dons, que são hábitos postos por Ele, são dEle, começam a “funcionar” mas a “modo divino”, ao estilo de Deus. Na ação dos dons do Espírito Santo, o homem é simplesmente uma “causa instrumental”, é a arpa tocada por Deus, mas é Deus quem toca. É bem certo que o homem não é um “instrumento” inerte, mas que tem o papel da inteligência e vontade; mas no caso da ação dos dons do Espírito Santo, o papel da inteligência e a vontade é deixar-se iluminar pela luz divina e secundar docilmente as ações que Deus quer realizar na alma e com a alma. É não colocar obstáculos a Deus.

É o que dizia Santa Terezinha: “Procuro não preocupar-me já de mim mesma em nada e deixar em suas mãos o que ele queira obrar em minha alma”.

É claro que esta doutrina anterior choca muito com o desejo de todo homem de realizar “sua” obra, de empregar seu mero esforço pessoal para a consecução de suas metas. Verdadeiramente, nada se consegue sem esforço, e muito menos na vida espiritual. Mas neste campo, o esforço principal é deixar-se mover por Deus, para que Deus seja o motor desse esforço.

Por isso, a medida que o homem caminha até a virtude total, Deus pode atuar mais livremente na alma. Crescer na vida espiritual é sinônimo de ir dando mais liberdade a Deus para atuar no interior da pessoa: “Pouco a pouco, a imperfeição do modo humano de obrar das virtudes é corrigido pelo modo divino de obrar dos dons do Espírito Santo. Assim, a Fé viva se faz mais penetrante (pelo dom de entendimento) e mais sapiencial (pelo dom de sabedoria), e a prudência, mais cauta e elevada (pelo dom do conselho)”.

Até o momento em que se possa afirmar com São Paulo, que já é Cristo quem vive na pessoa.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

 
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