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“Sejamos sempre sinais da graça operante no mundo”, diz o Bispo de Campo Mourão
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 07/04/2015
 
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Campo Mourão – Paraná (Terça-Feira, 07/04/2015, Gaudium Press) O Bispo da Diocese de Campo Mourão, no Paraná, Dom Francisco Javier Delvalle Paredes, escreveu um artigo sobre o livro dos Atos dos Apóstolos, especificamente sobre o trabalho missionário de São Paulo. Ele afirma que, este incansável pregador do Evangelho e membro do grupo dos fariseus, camada mais radical e conservadora do judaísmo, tendo feito a experiência com o Cristo Ressuscitado converteu-se à fé cristã e assumiu a tarefa missionária como centro da sua vida.

Segundo o Bispo, junto a si reuniu homens e mulheres de boa vontade, impelidos pelos mesmos ideais. Ele recorda, por exemplo, Barnabé (At 9,27), Timóteo (At 16,1), Priscila e Áquila (At 18,2), Silas (At 15,40), Lídia (At 16,14) e muitos outros. Dom Paredes reforça que, além de missionário, Paulo se apresentou como perspicaz organizador de comunidades, capaz de delegar funções e acreditar nas pessoas, insistindo assim no modo de ser Igreja pautado na comunhão, valorizando os diferentes carismas e aptidões, alimentando o coração dos convertidos para que não esmoreçam na fé.

“Outra nota típica da missão paulina consiste no seu caráter dinâmico. Paulo não se prendeu ao sedentarismo religioso, fixando-se em determinada comunidade. Diversamente disso, lançou-se sem reservas a percorrer o território do Império Romano movido pelo único objetivo de pregar o Evangelho. Deste seu método evangelizador, os Atos dos Apóstolos conservaram a memória de quatro viagens, sendo a última sua peregrinação a Roma onde conheceu o martírio por decapitação”, destaca.

Ainda de acordo com o Prelado, quando lemos os Atos dos Apóstolos percebemos que o Apóstolo se move e se comunica com relativa facilidade pelas várias regiões do Império. Ele enfatiza as viagens missionárias de Paulo se fizeram tanto ou mais eficazes à medida que foram facilitadas pelo contexto que as acolheu. O Bispo ressalta também que nos Atos dos Apóstolos as narrativas acerca da ação paulina itinerante começam no capítulo 13. No versículo 2 se lê: “Separai para mim Barnabé e Saulo, para a obra à qual os destinei”.

“Trata-se de enunciado programático, mostrando que o trabalho missionário é desejo divino e não apenas decisão humana. O espírito é o agente por excelência; os enviados são instrumento. O Espírito fala à Igreja de Antioquia, portanto, quem envia é a comunidade eclesial. Individualismo egoísta não está de acordo com o projeto cristão. Na missão evangelizadora ninguém pode se enviar a si mesmo”, acrescenta.

Conforme Dom Paredes, na primeira viagem (At 13-14), Paulo e Barnabé passam pela ilha de Chipre, atingem Antioquia da Pisídia até alcançar Icônio e a região circunvizinha. Ele recorda que a
didática é sempre a mesma: primeiro pregam na Sinagoga, aos judeus, e, diante da rejeição destes, redirecionam o anúncio aos pagãos, sendo a pregação confirmada por sinais realizados por intermédio dos missionários (At 14,8-18).

Já no período que vai do ano 50 a 52, Paulo empreendeu a segunda viagem missionária (At 15,36-18,22). Separando-se de Barnabé, tomou Silas por companheiro, e foram novamente na Licaônia, atravessando a Ásia Menor, passando por Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas e Corinto.

“Muitas notas importantes podem ser destacadas dessa viagem. De início o Espírito reorienta o itinerário (At 16,6-7), levando-os à Ásia. Em Filipos acontece a conversão de Lídia, que depois se encarrega do cuidado da comunidade. Paulo e Silas são presos e libertos miraculosamente. Na cidade de Corinto Paulo passa a residir na casa de Priscila e Áquila, exercendo a profissão de fabricante de tendas, anunciando o Evangelho a partir da base. Muitos conflitos se identificaram nessa viagem, sobretudo com os judeus que não aceitaram o anúncio cristão”, lembra o Bispo.

Ele afirma também que, regressados a Antioquia, dali partiram para a terceira viagem missionária (At 18,23-21-16), cuja duração se estendeu do ano 53 a 57. Desta vez Paulo seguiu para Jerusalém, cenário dos principais fatos relativos à comunidade cristã primitiva. Lá tenta, pela última vez, convencer os judeus de que Cristo é o Messias esperado. Conforme o Prelado, eles o acusam de blasfêmia e transgressão e o condenam à morte, mas, por ser cidadão romano, Paulo apela a César, iniciando assim sua quarta e última viagem, desta vez com destino a Roma onde seria martirizado (At 28,37-28-31).

“Muitos aspectos poderiam ser salientados a partir da dinamicidade paulina no anúncio do Evangelho. Para a Igreja de hoje, cada dia mais interpelada a deixar o comodismo, Paulo ensina que devemos confiar na origem divina da nossa missão. Como ele e seus companheiros, somos instrumentos nas mãos de Deus. O Espírito continua a guiar a Igreja no trabalho evangelizador. Outro aprendizado que podemos extrair da prática paulina diz respeito à confiança que devemos ter uns nos outros”, salienta.

Dom Paredes enfatiza que Antioquia se apresentou como a comunidade-base para as missões, e dela partiam e para ela voltavam. Segundo ele, como Igreja precisamos criar e manter referenciais comunitários que nos fortaleçam na unidade e oportunizem força e confiança no momento de operar a evangelização. Igreja esta que deposita sua confiança não na segurança material e transitória, mas que confia por ser portadora do convite à vida plena feito pelo próprio Deus.

Por fim, o Bispo acredita que precisamos ser Igreja resistente, reproduzindo o comportamento do Apóstolo que, preso, açoitado, rejeitado e condenado, jamais abriu mão da missão ou perdeu a esperança. Para ele, é necessário resistir se queremos continuar a ser a mesma Igreja de Jesus Cristo: resistir às provações, aos graves desafios postos pelo tempo presente, à precariedade das circunstâncias históricas que dificultam a evangelização, ao desânimo, a tantas situações que nada servem à vivência da vocação batismal.

“Contagiados pela força provinda da Ressurreição do Senhor, faço votos de que nos tornemos Igreja cada vez mais viva. Sejamos sempre sinal da graça operante no mundo. Prestemos atenção aos apelos de Deus na história e, como fermento na massa, façamos crescer o Reino. Com meu abraço fraterno vai o desejo de feliz a fecunda Páscoa a todos os irmãos e irmãs desta querida Diocese”, conclui. (FB)

 
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