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“Quem julga o seu próximo considera-se mestre e usurpa”, diz o Bispo de Joinville
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 08/06/2015
 
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Joinville – Santa Catarina (Segunda-Feira, 08/06/2015, Gaudium Press) Dom Irineu Roque Scherer, Bispo da Diocese de Joinville, em Santa Catarina, escreveu um artigo com o título “Nem julgar, nem condenar”. No texto, ele afirma que, em geral, quando duas pessoas se encontram, começam a falar de uma terceira, julgando-a e condenando-a pelas suas atitudes. Para o Bispo, a maldade mora dentro de nós e espontaneamente queremos nos aliviar dela, expurgando-a para fora e jogando-a em cima de inocentes.

Jesus disse que “O que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (Mc 7, 15). O Prelado explica que São Mateus descreve uma lista destas impurezas: “Mas o que sai da boca procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem” (Mt 15,18-20).

“Pois bem, todos fomos concebidos por Deus de modo totalmente puro, d’Ele nascemos e para Ele retornaremos um dia. Assim, todas as crianças nascem numa extrema pureza. Porém, em contato com as coisas do mundo, a poeira da maldade paulatinamente nelas vai penetrando, tomando conta até contaminá-las. Elas vão aprendendo a praticar o mal no convívio da sociedade”, completa Dom Irineu.

Ainda segundo ele, na concepção de Santo Agostinho, Deus foi o criador de todas as coisas, porém, não poderia ser Ele, que é sumamente bom, o responsável pela criação do mal. Para o Prelado, se considerarmos a hipótese do mal ter-se originado do demônio, a dúvida permanece: de onde veio o demônio? Não pode ter sido criação de Deus. Agostinho então chega à conclusão de que o mal vem do que é corruptível e que afeta somente os humanos.

“O fato é que o mal cresce no mundo, com uma evidência alarmante. Basta observar as organizações criminosas internacionais, os sequestros, roubos seguidos de mortes, apropriação dos bens alheios, a escravidão humana, o adultério, o tráfico de pessoas, de animais, fauna e flora, pena de morte, assassinatos, tráfico de drogas, escândalos e mentiras. A população se sente sempre mais vulnerável e insegura. Que mundo é esse? Correr pra onde? Cair no desânimo e na depressão? Onde buscar novas forças?”, questiona o Bispo.

Conforme Dom Irineu, muitas vezes, o mundo parece pesado demais, parece que não temos mais forças para seguir em frente, mas, ao olhamos à nossa volta, encontramos também tantas coisas e pessoas maravilhosas, vidas recheadas de felicidade genuína, pessoas que se amam sinceramente, voluntários que se doam, pois encontraram um sentido de vida.

Além do mais, ele afirma que se percebe que do próximo procedem sofrimentos bem maiores do que os meus, cruzes mais pesadas a serem carregadas nos ombros, gritos de dor e de sofrimentos mil: é o grito de Jesus que me chama a “beijar o leproso”, como São Francisco de Assis, que entendeu que nele estava a própria pessoa de Jesus.

“Nada de desânimo e nada de ficarmos aí julgando e condenando os outros pelas desgraças que nos rodeiam. ‘Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados’ (Lc 6,37). Será possível pôr em prática estas palavras do Evangelho? Os apóstolos Tiago e Paulo, que, aliás, eram muito diferentes um do outro, fazem eco disso quase com as mesmas palavras. Tiago escreve: ‘Quem és tu, para julgar o teu próximo?’ (Tg 4,12). E Paulo: ‘Quem és tu para julgar o criado de um outro?'” (Rm 14,4).

O Bispo também pergunta: Quem somos nós para julgar alguém? Com que moral e com que direitos? Ele salienta que quem julga o seu próximo considera-se mestre e usurpa, dessa forma, o lugar de Deus, pois, ora, nós somos chamados a “considerar os outros superiores a nós próprios” (Fp 2,3).

“Não se trata de se desconsiderar a si mesmo, mas de se colocar a serviço dos outros em vez de julgá-los. E se julgamos alguém com que ousadia o condenamos? Jesus disse: ‘Tire primeiro a trave de teu olho’, olhe para o mal que você pratica, seja humilde, dê uma chance ao próximo e recomece sempre e seja feliz”, acrescenta.

Por fim, Dom Irineu ressalta que para se tornar feliz é simples, pois não é necessário possuir todas as melhores coisas do mundo, tudo é tão passageiro, e a felicidade genuína consiste em dar o seu melhor em cada tarefa.

“Rir dos seus próprios erros e da desgraça no mundo. Rir é o melhor remédio. Rirmos de nós próprios. Recomeçar sempre, ser perseverante, positivo e, todas as vezes que errarmos de novo, dizer: ‘na próxima farei melhor’. Aprender a aceitar-se a si mesmo e aos seus erros, dar sempre o primeiro passo, amar a todos e a cada um, ter espírito de humildade, de serviço, ser uma pessoa de paz e um digno colaborador na construção do Reino de Deus”, conclui. (FB)

 
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