Madri – Espanha (Sexta-feira, 20-05-2016, Gaudium Press) “A Eucaristia nos configura com Jesus compassivo e misericordioso”, assim se intitula a mensagem divulgada pelos Bispos da Comissão de Pastoral Social do Episcopado Espanhol, por ocasião do Dia da Caridade que se celebrará no próximo dia 29 de maio, no marco da festa de Corpus Christi.
“Ao celebrar a festa de Corpus Christi no marco do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, a contemplação e adoração do Senhor no sacramento da Eucaristia nos ajuda a crescer e avançar no caminho da compaixão. Este caminho, percorrido por Jesus até o extremo, se faz presença e memória permanente para nós neste sacramento”, manifestam os prelados ao iniciar a missiva.
Para centrar-se na temática da compaixão, os prelados espanhóis aprofundaram quatro aspectos: A Eucaristia, sacramento da compaixão de Deus; Discípulos de Jesus compassivo e misericordioso; Diante do descarte, uma cultura da compaixão; e a Igreja comunidade de amor.
Recordam que a Eucaristia, ao ser o centro, fonte e cume de toda vida cristã e da Igreja “é o grande sacramento da compaixão de Deus”, uma compaixão que está escrita em toda a história da salvação.
“O Deus que disse a Moisés ‘eu sou o que sou’ (Ex 3,14), está junto a nós na aflição, se faz companheiro de caminho e nos mostra sua compaixão na Eucaristia por meio de seu Filho Jesus Cristo (…) O Deus que alimentou ao seu povo no deserto com o maná quando se encontrava exausto pela fome e angustiado diante do risco de morrer, nos oferece na Eucaristia um novo pão para que quem o coma não morra e tenha vida eterna (…)”, escrevem os Bispos espanhóis.
Assinalam ainda que na raiz de toda a vida e da atividade de Jesus está presente seu amor compassivo: “Se aproxima dos que sofrem, alivia sua dor, toca aos leprosos, liberta aos possuídos pelo mal, os resgata da marginalização e os devolve à convivência”.
“Por isso nós, diante de Jesus-Eucaristia -continuam os prelados- queremos renovar nossa união com Ele e nosso seguimento e o fazemos mantendo vivo seu projeto compassivo”.
Um projeto sobre o qual tem feito eco o Santo Padre ao convocar o Jubileu da Misericórdia, como o explicam os Bispos citando a Bula ‘Misericordiae Vultus’: “Neste Ano Santo, poderemos realizar a experiência de abrir o coração a quantos vivem nas mais contraditórias periferias existenciais, que com frequência o mundo moderno dramaticamente cria. Quantas situações de precariedade e sofrimento existem no mundo hoje! Quantas feridas selam a carne de muitos que não tem voz porque seu grito se debilitou e silenciou por causa da indiferença dos povos ricos”.
Neste sentido, chamam para que diante da cultura do descarte se contemple o mistério Eucarístico e, uma vez configurados com Jesus, trabalhar pela cultura da compaixão. Dita cultura se identifica por vários traços que os Bispos enumeram: estar atentos, aproximar-nos, sair ao encontro, curar as feridas, acompanhar e trabalhar pela justiça.
Igualmente, assinalam que para levar a cabo uma cultura da compaixão é necessário viver três atitudes concretas: a liberdade, superar a lógica da lei e entrar na lógica da misericórdia, além de verificar a autenticidade de nosso culto na prática da justiça e da compaixão.
Finalmente, tomando palavras do Santo Padre na Bula convocatória do Ano Santo, os Bispos recordam que a Igreja, onde esteja presente, “está chamada a ser ‘um oásis de misericórdia'”; para o qual invocam a ajuda de Deus tomando a Oração Eucarística: “Dá-nos entranhas de misericórdia diante de toda miséria humana, inspirando-nos o gesto e a palavra oportuna diante do irmão sozinho e desamparado, ajuda-nos a mostrar-nos sempre disponíveis diante daquele que se sente só e deprimido. Que tua Igreja, Senhor, seja um recinto de verdade e de amor, de liberdade, de justiça e de paz, para que todos encontrem nela um motivo para seguir esperando”. (GPE/EPC)
