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Contos Infantis


Luz para ver as coisas do Céu
 
AUTOR: EP
 
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Antes de dormir, Aditya invocou ao Deus de Tomé, pedindo que lhe indicasse o caminho para se tornar cristã. Naquela mesma noite o Anjo da Guarda da ceguinha depositou suas fervorosas preces aos pés do Criador.

   Nos primórdios da Era Cristã, vivia nas terras do Oriente uma tribo numerosa, que cultivava férteis campos e pastoreava abundantes rebanhos. Apesar de pouco instruídos, seus membros distinguiam-se por um temperamento plácido e magnânimo, fruto talvez da natureza que os cercava: altos e elegantes montes circundavam as amplas planícies em que habitavam, convidando as pessoas a elevarem as vistas para o infinito.

   Ali morava uma família de tecelões cujo chefe, Odara, era muito considerado e amado por todos da região, pela integridade de sua vida. Carregava ele na alma, contudo, uma dolorosa tristeza: sua única filha, Aditya, nascera cega.

   Odara e sua esposa, Mahara, eram muito observantes dos ritos praticados na tribo. Todos os anos ofertavam no templo certo sacrifícios pacíficos pedindo a cura da menina, mas nunca receberam das divindades o menor indício de resposta.

   Aditya completaria em breve doze anos, idade em que se costumava consagrar as crianças aos deuses, para que crescessem com saúde e se tornassem pessoas de bem. Seu pai alimentava a esperança de que ela saísse curada daquela cerimônia e redobrou a produção dos seus teares, a fim de reunir o dinheiro necessário para as comemorações.

A ceguinha escutava com muita atenção e
interesse as palavras de sua nova amiga

   Certa manhã, veio à sua oficina uma senhora da tribo vizinha, recém-convertida ao Cristianismo. Procurava certo tipo de fazenda de lã que Odara e Mahara produziam com grande habilidade e esmero, e trazia consigo sua filha Myriam de apenas onze anos, muito viva e loquaz.

Enquanto a mãe examinava cuidadosamente os produtos que lhe eram oferecidos, Myriam aproximou-se de Aditya com o intuito de convidá-la para brincar. Todavia, logo teve uma surpresa: ela era cega! Sentindo muita pena, iniciou uma conversa para consolá-la:

   — Sabe, Aditya, eu sou cristã! Minha família se converteu à Religião de Jesus depois de hospedar em nossa casa um hebreu chamado Tomé. Ele nos falou de Cristo, seu Mestre, e de todos os milagres que fazia. Acreditas que Ele curou inúmeros cegos de nascença?

   A ceguinha escutava com muita atenção e interesse as palavras de sua nova amiga. Myriam lhe falou também sobre os Anjos e sobre a Mãe de Jesus, uma Mulher boníssima chamada Maria. Encantada com tudo o que ouvia, Aditya disse:

   — Creio neste Cristo de quem me falas! Vejo ser Ele o Deus verdadeiro pelo qual tanto ansiei desde minha primeira infância. Como posso me tornar discí- pula d’Ele?

   Neste momento, elas ouviram:

   — Myriam, Myriam!

   Era sua mãe que terminara a compra e a chamava.

   — Por favor, depressa! Que devo fazer para ser cristã? –insistia ansiosa a pequena cega.

   — Olha, Aditya, preciso ir embora. Não sem antes dar-te um conselho: Tomé nos ensinou que cada um de nós tem um Anjo da Guarda. Invoca-o e ele te mostrará o caminho – respondeu enfática Myriam, enquanto partia…

   Permanecendo longo tempo em silêncio, Aditya ficou pensando em como reagiriam seus pais ao tomar conhecimento da maravilhosa conversa que tivera. Acreditariam também eles no Cristo de Tomé? Ou a puniriam por desviar-se da fé de seus antepassados? Perante a dúvida, decidiu seguir o conselho de sua amiga: confiar no Anjo da Guarda.

   Aproximava-se a cerimônia em que ela seria consagrada às divindades e, por isso, estava aflita. De que serviria entregar-se nas mãos de ídolos que jamais amou e que não tinham poder para ajudar ninguém? Desejava ela mais a luz de Deus que a luz de seus próprios olhos!

   Imersa estava nessas cogitações quando, na véspera da festa, ouve-se uma forte batida na porta:

   — Toc-toc-toc!

   Pelo avançado da hora Odara hesita em abrir, mas os golpes não cessam:

   — Toc-toc-toc!

   — Se não for ver o que está acontecendo, não teremos paz nesta noite! – exclama o tecelão.

   Receoso, porém, abriu só uma brecha da porta e viu dois forasteiros. Um deles disse:

   — A paz esteja convosco!

   Odara percebeu tratar-se de algo incomum e perguntou:

   — Amigo, o que desejas?

   O desconhecido respondeu:

   — Estamos de passagem por este povoado e precisamos de abrigo por alguns dias. Informaram-nos que aqui morava um homem de bem e resolvemos bater.

A alegria inundou todo o ambiente!A tribo inteira
havia voltado seu coração ao Deus verdadeiro

   Sem saber explicar o motivo, Odara sentiu que deveria acolhê-los e mandou-os entrar. Os visitantes disseram que tinham sido enviados para pregar a Boa-nova a todos os povos, deixando a família ávida por conhecê-la… Não obstante, como era tarde, a explicação ficou para o dia seguinte e foram se recolher.

   Intuindo que algo muito importante estava por suceder em sua vida, antes de dormir Aditya invocou ao Deus de Tomé, pedindo que lhe indicasse o caminho para se tornar cristã. E naquela mesma noite o Anjo da Guarda da ceguinha depositou suas fervorosas preces aos pés do Criador.

   Ao raiar da aurora, os preparativos para a grande cerimônia estavam a todo vapor! Vi- zinhos e amigos procuravam auxiliar no que fosse necessário e tudo ficou rapidamente pronto para a realização do rito. Entre- tanto, nenhum dos sacerdotes da tribo apareceu no templo para consagrar Aditya…

   Vendo o povo todo reunido, os hóspedes de seu pai perceberam ser um sinal de Deus e começarem a ensinar:

   — Meus amigos, nosso Mestre, Jesus, enviou-nos para anunciar a todos os povos a Boa-nova da Redenção…

   Narraram-lhes, então, com grande calor de alma, a História da salvação. Falaram-lhes de Jesus Cristo, de suas curas e milagres, e de como Ele morreu para nos redimir. Tomados pelo fogo do Espírito Santo, logo contagiaram com seu entusiasmo os ouvintes, levando-os a pedirem o Batismo!

   Ali mesmo trouxeram água e iam sendo batizados, um a um. Aditya, feliz, esperava sua vez. Quando finalmente as águas regeneradoras foram derramadas sobre sua cabeça, oh maravilha!

   — Mamãe! Papai! Estou enxer- gando! Estou vendo a todos! – bradava a menina.

   Tal portento os confirmou na Fé que acabavam de abraçar e a alegria inundou todo o ambiente! A tribo inteira havia voltado seu coração ao Deus verdadeiro. E assim como os olhos de Aditya se abriram para a luz, os olhos da alma de cada um acabavam de se abrir para o sobrenatural.

Um grande milagre aconteceu, sem dúvida, com Aditya. Prodígio invisível muito maior, no entanto, se passou com os membros daquela tribo: pelo efeito do Batismo, eles tiveram luz para ver as coisas do Céu! (Revista Arautos do Evangelho, Novembro/2017, n. 191, pp. 46 a 47)

 
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