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Contos Infantis


O melhor presente
 
AUTOR: PATRICIA VICTORIA JORGE VILLEGAS
 
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A Condessa Sofia propôs aos pequenos: "Quem fizer o presente mais encantador levará a imagem do Divino Infante no cortejo da Missa de Natal".

A manhã de 21 de dezembro foi alegre e movimentada em Saint-Dieudoné. Todos se preparavam para a chegada da Condessa Sofia cuidando primorosamente de cada detalhe, a fim de recebê-la da melhor forma possível. As mães arrumavam com esmero suas crianças, e os homens se apressavam em colher as melhores frutas para compor a bela cesta que lhe seria oferecida. As meninas aguardavam impacientes o momento de reencontrar Christine, a filha da Condessa. Tão bondosa e amável era ela, que se afigurava aos olhos daquelas crianças como uma pequena fada.

Não demorou muito, e o barulho da carruagem anunciava a chegada das queridas visitantes. Saudações efusivas brotavam dos lábios respeitosos dos camponeses, que se apressavam em dar água e feno às cansadas montarias. A Condessa mandou descer os baús que havia trazido, repletos de variados presentes natalinos para todas as famílias. Enquanto ela se entretinha com os camponeses, as meninas rodeavam Christine, que lhes ensinava os novos cânticos natalinos entoados na capital.

Ao cair da tarde, despedindo-se, a Condessa Sofia disse aos pequenos: – Este ano virei assistir à Missa do Galo em Saint-Dieudoné. Que lhes parece se cada um de vocês preparar um belo presente para oferecer em homenagem ao Menino Jesus? Proponho que a criança que fizer o presente mais encantador leve a imagem do Divino Infante no cortejo da Missa de Natal. Aceitam?

– Sim, aceitamos! – Foi a resposta em coro da multidão de cabecinhas que circundavam a carruagem.

Após a partida da Condessa, formou- se um alvoroço entre as crianças. Cada uma tinha ao mesmo tempo mil idéias para executar a piedosa proposta. O velho Paul veio pôr fim à desordem, dizendo:

– Basta, crianças! Vão todas para casa, pois está tarde. Quanto aos presentes, vejam lá o que vão fazer, pois faltam apenas três dias para o Natal.

Micaela voltou para casa animada, tentando escolher alguma coisa para confeccionar. As possibilidades pululavam em sua imaginação, mas como estava difícil definir-se, deixou para pensar melhor no dia seguinte.

De manhã, logo cedo, ela saiu para iniciar seu trabalho. Mal tinha chegado à praça, deparou-se com Louise chorando desolada.

– Não chore, Louise! O que aconteceu?

– Eu comecei a fazer uma túnica para o Menino Jesus, mas estava ficando tão feia… Ao invés de um presente, ia ser um desgosto para o Menino Jesus!

– Ora essa, claro que não! Você se lembrou de rezar antes de começar?

– Não…

– Então rezemos uma Ave-Maria e eu tentarei ajudá-la.

As palavras de Micaela caíram como um bálsamo na alma aflita de Louise. Aos poucos o choro foi passando, e juntamente com sua amiga recomeçou a cortar, alinhavar e adornar uma esplêndida túnica vermelha conforme o tamanho da imagem da igrejinha. O resultado desse trabalho a quatro mãos foi uma impecável túnica perfeitamente digna de figurar no presépio. Era mais bela que todas as outras existentes na paróquia.

Louise não cabia em si de gratidão. Abraçou efusivamente sua companheira, e despediu-se dizendo:

– Muito obrigada, Micaela! Você salvou a túnica para o Menino Jesus!

A bondosa camponesa, então, se dispôs finalmente a iniciar o seu próprio presente. Mal havia sentado, escutou alguns gritos familiares:

– Micaela! Micaela! Precisamos de sua ajuda! Ela logo reconheceu as vozes de suas primas.

– O que aconteceu?

– Estamos preparando nossa oferta para o Menino Jesus! Queríamos compor uma música a duas vozes, mas não está dando certo…

E Micaela começou a ajudar as duas primas, dotadas de excelente voz, porém pequenas demais para produzir uma composição. Foi um trabalho árduo, mas depois de longo tempo elas se alegraram: estava terminada uma bela canção que evocava a reverência dos anjos velando o sono sagrado de Jesus na manjedoura.

Não demorou muito, as outras crianças ficaram sabendo da preciosa ajuda que Micaela estava dando, e acorreram a ela para pedir auxílio em seus intrincados problemas. Apareceu Philippe, com um trenó desencaixado. Anne queria decorar melhor sua cesta de frutas, e Marc não desistia de fazer três caixas para o ouro, o incenso e a mirra que os Reis Magos estavam trazendo. A todos Micaela atendeu sem murmurar uma só vez, pois – pensava – era tudo para o Menino Jesus.

Qual não foi seu sobressalto ao terminar de ajudar a última criança. Ela não tivera tempo de fazer o seu próprio presente! E agora? Que lamentável vazio deixaria junto às merecidas honras que o Menino Deus ia receber…

Faltava pouco para começar a Missa do Galo, e já estavam todos reunidos em frente à igreja. O Pároco, a Condessa e

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Edith Petitclerc

todas as famílias olhavam maravilhados aquela quantidade interminável de delicados presentes que iam sendo depositados aos pés de Jesus, o filho de Maria. Quando todos já haviam apresentado suas lembranças, os olhos se voltaram para a bondosa Micaela, que certamente havia feito um presente de rara beleza. Para espanto de todos, ela se ajoelhou envergonhada junto à pequena imagem e disse com tristeza:

– Perdoai-me, adorado Menino, pois nada tenho para vos ofertar. Enquanto todas as outras crianças se esmeraram em vos apresentar uma oferta agradável, eu fui negligente e aqui estou de mãos vazias. Entretanto, Vós que conheceis o interior dos corações, recebei o meu próprio como o mais singelo dos presentes.

Nesta hora em que a pequena camponesa manifestava-se tão humilde e fervorosa, Deus ouviu sua oração e uma luz surgiu atrás do Menino Jesus. Apareceu um anjo refulgente, portador de uma mensagem do Altíssimo:

– Micaela, dentre todos os presentes ofertados aos pés de Jesus, nenhum Lhe agradou tanto quanto o teu. Não fizeste nada de material, porém, a pureza de intenção que te levou a ajudar aos outros e esquecer-te de ti mesma subiu ao Seu trono como um incenso de suave aroma. Vai, e leva em teus braços o Menino para o presépio.

Um silêncio de admiração pairou quando o anjo desapareceu. Todos olhavam para a dadivosa menina que adentrava a igreja entoando o Noite Feliz, repleta de felicidade por levar em seus braços a imagem sagrada do Criador. Aquele foi o mais belo Natal até então comemorado em Saint- Dieudoné, no qual todos receberam a inapreciável lição de que a maior alegria para o coração do Menino Deus é dada pelas almas que correspondem ao Seu divino exemplo de generosidade.

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2007, n. 72, p. 46-47)

 
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