Fale conosco
 
 
Receba nossos boletins
 
 
 
Artigos


Contos Infantis


Poderosos e vigilantes protetores celestes
 
AUTOR: IR. GIOVANA WOLF GONÇALVES FAZZIO, EP
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
1
0
 
Antes mesmo de completarem o passeio, uma grande lição ficou gravada no coração daquelas pequenas camponesas: os Anjos estão sempre ao nosso lado querendo nos ajudar!

Nos países do centro da Europa, onde o inverno é rigoroso, os últimos dias do verão têm um imponderável todo especial. Uma agradável brisa assobia por entre os campos, ainda vicejantes, os pássaros trinam com mais energia, como que anunciando sua próxima viagem rumo a terras mais cálidas. As faias e os carvalhos tamisam suavemente a luz do sol, cujos raios lhes fazem refulgir as folhas, já entre verdes e douradas.

É nesse contexto que se encontra a pitoresca aldeia de nossa história, situada bem no coração dos bosques da Boêmia. Ali, na pequena Escola dos Santos Anjos, algo de extraordinário se passará…

— Diretora Helga, gostaria de propor algo diferente para as atividades com nossas alunas, porque creio que será de grande proveito espiritual para elas.

— Pois não, professora Matilde. Também tinha um desejo na mesma linha, mas não sabia o que propor… Penso que foi seu Anjo da Guarda que a inspirou. O que a senhora pretende fazer?

— Tenho notado um grande progresso nas meninas depois que voltamos das férias de verão: obedientes, respeitosas, boas conversas, pedem ajuda se não entendem… Acho que podemos premiá-las com algo diferente!

— E a senhora já pensou no que poderia ser?

Também eu tinha um desejo na mesma linha,
mas não sabia o que propor… Foi seu Anjo da
Guarda que a inspirou!

— Durante as aulas temos estudando a vida dos vários Santos e Santas que viveram em nossa região, como Santa Ludmila, São Wenceslau e Santa Inês de Praga. Por aqui há algumas igrejas e lugares por onde eles passaram e estou certa de que muitas de nossas alunas nunca tiveram a oportunidade de visitar esses verdadeiros monumentos-relicários! Além de ajudá-las na devoção a estes Santos, também será uma excelente aula prática de História e Religião! O que a senhora acha disso? Podemos tomar as providências?

— Muito boa ideia, professora Matilde! É mesmo uma inspiração de seu Anjo, pois uma sugestão tão oportuna só pode ter vindo do Céu! A senhora veria o roteiro do passeio, os lanches, etc.? Eu me encarrego de convidar as meninas e pedir autorização aos pais.

— Pois não, diretora Helga! Será um prazer! E para quando podemos marcar a excursão?

— Vamos deixar para segunda-feira próxima. Está bem assim?

— Claro! Quanto antes melhor…

Os dias de preparação para a jornada extraclasse foram de muita animação, uma vez que para aquelas jovens camponesas era sempre uma aventura deslocar-se para fora da própria aldeia.

Chegado o dia, todas se reuniram na matriz, de onde partiriam. Constância, uma das melhores alunas, teve a ideia de rezarem a seus Anjos custódios, a fim de pedir proteção contra os perigos do caminho e auxílio para crescerem na devoção aos Santos que visitariam, bem como, e especialmente, a Maria Santíssima e a seu Divino Filho Jesus.

Entretanto, como sói acontecer, algumas meninas da turma acharam exagerado querer marcar o belo e agradável passeio com um tom tão religioso, e começaram a rir de Constância. Ela, porém, ao contrário do que fazem certos espíritos tímidos e acanhados, renovou com firmeza sua decisão de consagrar o grupo aos Santos Anjos. Explicou às amigas que os espíritos celestes não têm apenas, como muitos pensam, a tarefa de cuidar das crianças para evitar que elas tropecem em alguma pedra, mas são poderosos mensageiros que nos guiam em qualquer instante e nos ajudam a vencer as ciladas do mal.

Ao ouvir suas palavras cheias de entusiasmo, todas as jovens que antes riam uniram-se a Constância em fervorosa oração, colocaram a excursão nas mãos de seus Santos Anjos e começaram, com muita expectativa, a longa caminhada.

Quando já se haviam embrenhado pelas veredas do bosque, uma inesperada chuva se precipitou sem clemência sobre as intrépidas peregrinas. Correram elas para debaixo de uma grande árvore, a fim de se abrigarem, até a tormenta amainar.

Após alguns minutos, resolveram conversar um pouco para ver se o tempo passava mais depressa e sentiam menos as roupas molhadas… No entanto, havia uma que não estava incluída na roda: Constância. Que fazia ela? Em vez de se distrair com brincadeiras e falações, resolveu aproveitar aquele tempo para conversar com Deus e seu Anjo da Guarda, ou seja, pôs-se em oração. Apesar de possuir um caráter muito vivaz, todas conheciam bem o feitio contemplativo e recolhido de Constância e não insistiram para que as acompanhasse.

Enquanto as jovens estavam entretidas numa alegre brincadeira, sem ninguém esperar Constância deu um forte grito:

— Saiamos daqui!

E puxou a primeira que estava ao seu lado pela mão, começando a correr velozmente. Elas ficaram assustadas, mas não pensaram duas vezes e fugiram tão rápido quanto puderam. Mal tiveram tempo de dar-se conta do que se passou depois de haverem saído dali: um raio violentíssimo caíra cheio de fúria sobre aquela mesma árvore que, segundos antes, estava cobrindo mais de vinte e cinco pessoas!

Após se recuperarem do susto, admiradas, todas se voltaram para Constância a fim de observar sua reação: ela estava serena e tranquila, como se nada de extraordinário tivesse acontecido…

Neste momento as meninas compreenderam que a alma de sua jovem colega, tão acostumada ao convívio com o sobrenatural, estava sempre aberta às inspirações de seu Anjo da Guarda. Sim! Fora o fiel custódio dela e de cada uma que as havia salvado da morte.

Antes mesmo de completarem o passeio e chegarem aos lugares das relíquias que tanto desejavam venerar, uma grande lição ficou gravada no coração daquelas pequenas camponesas: os Anjos estão sempre ao nosso lado querendo nos ajudar! Basta que os invoquemos e os tenhamos como verdadeiros amigos. Melhor entenderam elas a oração que rezavam desde tenra infância, pois tiveram uma experiência vivencial de quanto os Santos Anjos são os vigilantes protetores que nos iluminam, nos regem e nos guardam!

A chuva passou, todavia em nada diminuiu a proteção angélica para o piedoso grupo. Ao longo de sua peregrinação elas se sentiram inspiradas, defendidas e acompanhadas pelos espíritos celestes que Deus, solícito e providente Pai, colocou para as acompanhar. (Revista Arautos do Evangelho, Setembro/2018, n. 201, p. 46-47)

 
Comentários