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História da Igreja


A morte de um santo rei
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Na hora de travar a última e mais importante batalha da vida, São Fernando, o campeão invicto de Cristo, deu comovedor exemplo de humildade e devoção.

Um manto de tristeza baixava sobre a cidade de Sevilha no mês de maio de 1252, à medida que se confirmavam os rumores de que o rei fora atingido por uma enfermidade mortal.

São Fernando - Catedral de Sevilla - Espanha..jpg
São Fernando, Rei
Catedral de Sevilha, Espanha

No Alcázar Real, Dom Fernando III El Santo, rei de Castela e Leão, jazia no leito de dores, cercado de todos os dignitários da corte. Sentindo ter chegado a hora de travar a última e mais importante batalha de sua vida, quis dar a estes o exemplo de humildade e devoção indispensável a todos os cristãos e, sobretudo, aos governantes.

Deixou o aparatoso leito real e deitou-se por terra, sobre um monte de cinzas. Mandou chamar a rainha e os filhos, dos quais se despediu, depois de dar sábios conselhos a cada um. Ao jovem príncipe Afonso, herdeiro do trono, recomendou: “Teme a Deus e toma-O sempre como testemunha de todas as tuas ações públicas e privadas, familiares e políticas”. Em tão poucas palavras, um perfeito plano de vida! Aliás, o rei santo ensinava ao filho o caminho que ele próprio trilhara.

Em seguida, a todos os presentes pediu perdão por alguma involuntária ofensa que pudesse ter feito a qualquer um deles.
Entraram então os clérigos, trazendo os Sacramentos para a alma prestes a comparecer ante o Supremo Juiz: a Unção dos Enfermos e o Santo Viático. O rei os recebeu com mostras de intenso fervor. Depois, erguendo ao alto a vela acesa que segurava numa das mãos, reverenciou-a como símbolo do Espírito Santo e pediu aos clérigos que entoassem o hino litúrgico de louvor a Deus: Te Deum laudamus. E partiu assim serenamente para receber no Céu a recompensa demasiadamente grande (cf. Gn 15, 1).

A notícia de sua morte espalhou o pranto pelas ruas sevilhanas e por todos os recantos do reino. Choravam os guerreiros a perda do valoroso comandante, nunca derrotado em combate. Chorava o povo por ter perdido o pai providente, protetor dos fracos e dos pobres. Os homens da Igreja lamentavam o desaparecimento do campeão da Fé. Deploravam todos a morte do rei sábio, do juiz justo, do esposo e pai exemplar, do varão de vida pessoal inatacável.

Enfermo já de morte, declarava-se Cavaleiro de Cristo, escravo de Santa Maria, porta-estandarte de São Tiago. O Papa Gregório IX o proclamou Atleta de Cristo e Inocêncio IV deu-lhe o título de Campeão invicto de Jesus Cristo.

O santo rei foi sepultado na magnífica Catedral de Sevilha, revestido, a seu pedido, não com os ricos trajes reais, mas com o hábito da Ordem Terceira de São Francisco. Lê-se em seu epitáfio este significativo elogio: “Aqui jaz o muito honrado rei Dom Fernando, senhor de Castela e de Toledo, de Leão, de Galícia, de Sevilha, de Córdoba, de Múrcia e de Jaen, o mais ­leal, o mais autêntico, o mais franco, o mais esforçado, o mais gentil, o mais notável, o mais sofrido, o mais humilde, aquele que mais temia a Deus e mais Lhe prestava serviços”. (Revista Arautos do Evangelho, Setembro/2016, n. 177, pp. 39).

 
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