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História da Igreja


São José, o vitorioso!
 
AUTOR: CAROLINA AMORIM ZANDONÁ
 
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A menina rezava todos os dias, crendo que logo São José a curaria. Todavia, corriam os anos e ela continuava cega! Será que a promessa não se cumpriria?

A imponência do castelo proclamava a coragem e a galhardia de seus senhores. Cravado no alto daquelas montanhas rochosas, parecia incólume às intempéries e ao desgaste implacável dos séculos. As paredes, se pudessem falar, teriam histórias interessantíssimas para contar em serões intermináveis.

Um dos mais atraentes episódios narrados nas reuniões familiares acontecera muitas gerações atrás, quando da dedicação da capela em honra a São José. Esta fora fruto de uma promessa feita pelo senhor duque, caso seu exército ganhasse uma importante batalha, o que deu origem à entranhada devoção de sua linhagem ao Patriarca da Igreja.

Mas depois de tantos anos sem que as inclemências conseguissem abalar as pedras da fortaleza, nem perturbar o sossego de seus ilustres habitantes, o infortúnio os alcançou de uma forma terrível: passavam- se os anos sem que Deus concedesse à atual castelã a dádiva de um herdeiro. Sua valorosa estirpe corria o risco de ser apagada da História.

Como solucionar tamanha aflição? Todos os remédios naturais haviam sido experimentados, em vão… Estava na hora de recorrer a São José, especial protetor da família e príncipe da casa de Davi.

Sem desanimar, o duque e a duquesa consagraram seu matrimônio ao esposo virginal de Maria e confiavam num milagre. Após um longo período de incessantes orações, eis que em breve lhes nasceria um filho. Que gáudio naquele lar! Entretanto, quis a Divina Providência lhes infligir outra provação, talvez mais dura do que a anterior: havia-lhes nascido uma menina… cega!

Diante desta adversidade, o piedoso casal reagiu com gratidão, serenidade e confiança. Gratidão por terem sido atendidas suas preces; serenidade para vencer a nova prova que lhes fora enviada, pois sabiam que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus; e confiança porque nunca se ouviu dizer de alguém que tenha recorrido à proteção de Nossa Senhora ou à de São José e tenha sido desamparado.

A pequena Catarina, embora cega, era uma menina encantadora. Seus pais a educaram com esmero e, à medida que crescia, aperfeiçoava seus numerosos talentos. Tinha uma voz cativante e conversava de forma tão amena, atraente e elevada, que quase se esquecia seu defeito na vista. Não só era muito inteligente, como também viva, perspicaz e dotada de força de vontade sem igual para transpor os obstáculos levantados por sua deficiência.

Mais importante do que tudo isso era sua piedade exemplar! Seria capaz de ficar horas na capela do castelo em oração. Pedia a São José, sobretudo, que lhe concedesse a graça de um dia poder ver, fazendo, porém, uma ressalva: se por desventura viesse a ofender a Deus com sua visão, preferia continuar cega. Tinha gravado a fogo na alma o que sua nobre mãe lhe ensinara durante as aulas de catecismo, que o pecado enfeia a alma e nos torna inimigos de Deus, dos Santos e dos Anjos.

Quando contava apenas dez anos, a menina percebeu alguém a seu lado enquanto brincava no jardim do castelo. Como não podia ver, estendeu suas mãozinhas para tentar tocar em quem se encontrava ali. Estas sentiram outras mãos grandes, fortes e suaves que apertavam as suas com carinho, e ouviu a voz de um varão que lhe dizia com bondade:

— Não te aflijas, Catarina! Em pouco tempo eu te curarei… Vai até a sacristia e pede ao capelão uma oração, a qual deverás recitar todos os dias.

Catarina fez como o afável desconhecido lhe indicara e encontrando o sacerdote pediu-lhe uma oração. O bom padre fez-lhe repetir até decorar:

— Ó glorioso São José, vós que tivestes tantas perplexidades durante a vida, ensinai-me a sofrer com alegria e amor a Deus, para que, acabada esta vida terrena, possa vê-Lo face a face no Céu.

A menina começou a rezá-la todos os dias, com a firme esperança de que logo São José a curaria.

Todavia, corria o tempo e… para confusão de Catarina, ela permanecia cega! Teria sido a voz do glorioso pai adotivo de Jesus que ouvira? Mesmo no aparente abandono, Catarina continuava a acreditar naquelas palavras.

Ato contínuo, um clarão brilhou no céu e os
olhos de Catarina se abriram para a luz do dia!

Passaram-se mais alguns meses e desabou sobre o reino um período de conflitos e guerras. Para defender seu ducado, o pai de Catarina viu-se obrigado a arrostar uma batalha mais árdua do que qualquer das enfrentadas por seus antepassados. O exército inimigo era incomparavelmente maior e mais forte, o que tornava a vitória quase impossível.

Antes de entrar em combate, o duque e seus soldados encomendaram-se à poderosa proteção de São José, que tantas vezes os havia livrado de situações difíceis, e saíram de encontro ao inimigo. Catarina e sua mãe permaneciam num mirante do castelo, de onde se podia divisar boa parte do campo de batalha.

A duquesa ia narrando à filha o que avistava do suceder do combate, e esta rezava com fervor. Contudo, a desproporção de forças era tal que a derrota parecia inevitável. Com grande élan, Catarina propôs à sua mãe que fizessem mais uma promessa: se o exército da família saísse vitorioso, consagrariam o ducado a São José.

Ato contínuo, um clarão brilhou no céu e os olhos de Catarina se abriram para a luz do dia! Do alto da torre ela via agora não só os pelotões que lutavam no campo de batalha, como também um imenso esquadrão de Anjos revestidos de armaduras, com escudos e espadas nas mãos, que descia do Céu por ordem de São José, a fim de auxiliar seu pai na peleja.

Nessas alturas, os soldados do duque continuavam combatendo com bravura, mesmo sob a ameaça de saírem derrotados. De repente, ouviram brados de terror e toques de retirada. O inimigo recuava sem nenhuma explicação humana!

Ao chegar à cidadela, todo o povo já os esperava, encabeçado pela duquesa e Catarina, completamente curada! Houve, então, uma solene Missa em ação de graças, na qual consagraram todo o ducado a São José, o vitorioso! E ficou registrado nos anais da dinastia ducal mais este estupendo e milagroso triunfo. (Revista Arautos do Evangelho, Março/2017, n. 183, pp. 46 à 47)

 
Comentários
José Antonio Rocha - 18 de Abril de 2018
Amém. Deus é mais forte do que todo o mal. Amém.