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Anjos


Amigos e intercessores
 
AUTOR: IR. RITA DE KÁSSIA C. D. DA SILVA, EP
 
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Temos sempre junto a nós intercessores e amigos que, em qualquer necessidade ou tribulação, nos defendem e nos auxiliam para alcançarmos o termo final de nossa missão. Quem são eles?

Quem neste mundo não gostaria de ter alguém de inteira confiança ao seu lado, pronto para atendê-lo a qualquer hora do dia ou da noite, seja em que situação estiver? Quem não desejaria ter a todo instante junto a si alguém capaz de defendê-lo nos perigos e, ao mesmo tempo, disposto a animá-lo, fortalecê-lo e estimulá-lo nas horas de provação?

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Anjo da Guarda – Catedral
de Narbona (França)

Pois bem, em sua infinita bondade e misericórdia para com o gênero humano, Deus destinou para cada homem um Anjo da Guarda, que constantemente lhe vela e cuida: “Aos seus Anjos Ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 90, 11-12).

Sim, ele é nosso companheiro nesta vida e na eternidade. Entretanto, é um amigo discreto que, apesar de quase nunca se revelar como tal, admoesta, ensina, ajuda e inspira de muitas maneiras: ora por uma aguilhoada na consciência, ora por um conselho, ora pela sensibilidade a algum fenômeno natural. Basta uma condição: sermos sensíveis às suas moções.

Organizados de forma hierárquica em nove coros

Mas, quem são os Anjos? São espíritos puros, inteligentes, cheios da graça divina desde o início de sua existência na aurora da primeira manhã da criação. Dotados de inteligência e vontade, “são criaturas pessoais e imortais”, que “superam em perfeição todas as criaturas visíveis”.

São Tomás de Aquino ensina, com base nas Escrituras, estarem eles distribuídos e ordenados em nove coros: “Isaías fala dos Serafins; Ezequiel, dos Querubins; Paulo, dos Tronos, das Dominações, das Virtudes, das Potestades, Principados; Judas fala dos Arcanjos, enquanto o nome dos Anjos está em muitos lugares”.

Não julguemos, todavia, que no interior dos coros angélicos reina uma monótona uniformidade. Os Anjos são tão diferentes entre si que cada um deles pode ser considerado uma espécie única. E são de tal modo numerosos, afirma Dionísio, “que ultrapassam o deficiente e limitado campo de nossos números físicos”.

Estes sublimes espíritos organizam-se de forma hierárquica, constituindo uma como que corrente ou escada que se dirige para o alto. Quanto mais elevada a posição nela ocupada, maior é o conhecimento de Deus. Contudo, isto não é causa de tristeza aos que ocupam posições inferiores, porque as capacidades, apetências e glória de todos são satisfeitas de maneira plena pelo próprio Criador, na visão beatífica. Não há entre eles, portanto, “sentimento de infelicidade. Pelo contrário, as qualidades dos Anjos que lhes são superiores constituem para eles motivo de admiração”.

Mestre e protetor no combate e na prova

Os espíritos angélicos possuem uma tríplice missão: de serem perpétuos adoradores da Santíssima Trindade, executores dos divinos desígnios e protetores do gênero humano. Esta última é a função específica dos Anjos da Guarda.

São Basílio ensina que “cada fiel é custodiado por um Anjo que o vela como mestre, protetor e pastor para conduzi-lo à vida”.5 E diz o Catecismo que “desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão”.6

No entanto, nossa existência nesta terra de exílio bem pode ser definida como um constante combate, pois carregamos uma natureza tisnada pelo pecado e temos de enfrentar enormes dificuldades para fazer o bem e praticar a virtude: “a vida do homem sobre a Terra é uma luta” (Jó 7, 1).

Estamos aqui em estado de prova e só receberemos o prêmio da bem-aventurança eterna se soubermos corresponder às graças recebidas para, além do mundo e da concupiscência da carne, vencermos um terrível inimigo: o demônio, que a toda hora e sob qualquer pretexto nos atormenta com suas farsas, procurando perder as almas.

Como ser aprovado em tão duro exame? Como poderemos nos defender?

A prova foi posta no caminho de todos os seres inteligentes, até mesmo dos Anjos. E assim como, na grande batalha havida no Céu, São Miguel levantou um brado de guerra – “Quem como Deus”, que é o seu próprio nome em hebraico: ???????? -, dispersando Lúcifer e todos seus sequazes, assim também o Anjo da Guarda afugenta o maligno e impede que sejamos por ele arrastados.

Estejamos atentos às suas inspirações

Os homens dispõem individualmente, portanto, de um príncipe da corte celeste que nunca os abandona, por mais que sejam culpados ou passem por terríveis situações. Ele é um fiel guardião pronto a incliná-los ao bem ou comunicar-lhes a vontade divina. Porém, é respeitoso e quer nossa colaboração e atenção às suas inspirações.

Incumbido por Maria Santíssima, Rainha dos Anjos, de nos cuidar, arde em desejo de nos fazer o bem, mas muitas vezes não lhe é permitido por Deus tomar a iniciativa. Com frequência fica ele, por assim dizer, aguardando “de braços cruzados” que o invoquemos, para nos vir auxiliar.

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Virgem com o Menino e os Anjos por Jaime Cabrera – Museu Episcopal de Vic (Espanha)

Estejamos, pois, atentos à sua presença e inspirações, e invoquemo-lo a todo momento dizendo, por exemplo, a conhecida oração: “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém”.

Que estas considerações nos ajudem a crescer na devoção aos Santos Anjos da Guarda, nossos valorosos intercessores celestes e verdadeiros amigos, e estejamos convictos de que, em qualquer necessidade ou tribulação, ali estão eles para nos defender e conduzir ao termo final de nossa missão nesta vida: a bem-aventurança eterna.  (Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2016, n. 176, pp. 38-39)

 
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