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Uma grande vitória, inspirada pelo Anjo da Guarda
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 18/09/2009
 
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Desde a mais tenra infância a gaúcha Cecy Cony experimentou a presença sensível de seu anjo da guarda, a quem ela chamava "Novo Amigo". Esse companheiro fiel a guiou e instruiu, e, por vezes, encorajou a fazer difíceis sacrifícios, como o narrado a seguir.

Jovens e velhos, ricos e pobres – a cidade de Jaguarão inteira estava atarefada, preparando a festa do Divino Espírito Santo. Seu estandarte era conduzido em procissão de porta em porta, dando aos moradores oportunidade de beijar a bela imagem da pomba, e oferecer uma contribuição para aumentar o brilho das festividades.

Como é bom viver numa cidade protegida pelo Espírito Santo! E que honra, quando seu estandarte pára diante de minha casa, poder dar-lhe um beijo e oferecer algumas moedas para a festa! – pensava a pequena Cecy Cony,

Cecy Cony.JPG
Desde muito jovem, Cecy Cony tinha convívio sensível com
seu Anjo da Guarda

considerando todos esses preparativos.

Insulto a Deus

Porém, suas inocentes e alegres cogitações foram contundidas por uma chocante notícia que pôs em polvorosa todos os habitantes de Jaguarão. No quartel do Exército, localizado no centro da cidade, o coronel comandante mandou um sargento avisar que a procissão devia seguir adiante, pois lá não entraria o estandarte do Espírito Santo.

Esse fato causou uma forte impressão em Cecy. “Como esse coronel pode ser tão ruim assim? Os pobres soldados ficaram privados da oportunidade de receber a bênção do Espírito Santo e dar uma modesta contribuição para a festa. Mas, muito pior do que isso, foi o insulto a Deus!” Acabrunhada com tais pensamentos, e não conseguindo adormecer à noite, ela ficou imaginando um meio de reparar tão grave ofensa.

Inspirada pelo “Novo Amigo”

Todos temos um Anjo da Guarda que está sempre junto de nós, ajudando, guiando e protegendo. Mas Cecy era favorecida por uma graça especial: ela tinha um convívio sensível com o seu Anjo, ouvia, por assim dizer, sua voz e sentia com freqüência sua mão protetora! Quando o viu pela primeira vez, aos cinco anos de idade, ela não sabia o que era um Anjo, por isso deulhe o nome de “Novo Amigo”.

Estando, assim, tomada de tristeza e sem conseguir adormecer naquela noite, ela sentiu a mão de seu Novo Amigo pousando com doçura sobre sua cabeça, como promessa de ajuda, e enchendo-a de paz. Dormiu, então, serenamente.

No dia seguinte, na hora do café da manhã, sentiu de novo a mão de seu Anjo da Guarda enquanto sua voz lhe sussurrava a idéia de pedir a cada soldado do quartel uma contribuição para a festa, e, em compensação por eles não terem podido beijar o estandarte do Espírito Santo, deixar cada um oscular a medalha que ela trazia ao pescoço.

Começou então uma pequena batalha em sua mente: “Como eu vou parecer esquisita, parando os soldados na rua e pedindo-lhes dinheiro!…”

Como resposta, o Anjo inspirou-lhe outro pensamento: “Mesmo se isso me deixar embaraçada, preciso fazer, para dar alegria ao Espírito Santo. Tenho de começar hoje mesmo, do contrário não sobrará muito tempo para coletar o dinheiro e entregar ao padre antes do dia da festa”.

Impelida pela inspiração do Novo Amigo, Cecy decidiu-se entrar logo em ação. Ela tinha ganhado do pai vinte réis (moeda da época) para comprar um par de sapatinhos brancos. Obteve, então, licença da mãe para ir olhar as vitrines das lojas, a fim de escolher os que mais lhe agradassem. Isso na certa lhe daria oportunidade de encontrar alguns soldados pela rua.

“Senhor soldado, por favor!”

PAIS DE CECY.JPG
Capitão João Ludgero de Aguiar Cony e Antônia
Soares Cony, pais de Cecy

Chegando ao centro da cidade, a menina postou-se numa movimentada esquina. E – olha lá! – um soldado vinha caminhando na sua direção, mas… Seu coração começou a bater mais rápido, ela se sentiu completamente intimidada. Não seria melhor esse soldado desaparecer dali?

Mas seu Novo Amigo, apoiando gentilmente a mão em seu ombro, deu-lhe firmeza e encheu-a de coragem. O soldado estava agora apenas a três passos…

– Senhor soldado, por favor!

– Pois não, bela menina, às suas ordens! O que deseja?

Animada por essa polidez, Cecy iniciou o pequeno discurso que havia cuidadosamente preparado:

– Estou me sentindo muito triste pelo fato de o coronel não ter permitido que o estandarte do Espírito Santo entrasse no quartel. E os coitados dos soldados não puderam saudar o estandarte nem fazer uma oferenda. Por isso estou pedindo a cada um uma pequena contribuição, e vou entregar tudo ao Pároco antes do dia da festa.

– Contribuo com muito prazer, menininha. Aqui está minha oferta – respondeu o militar, colocando na palma da mão de Cecy uma moeda de prata.

Cheia de contentamento por esse bom êxito inicial, ela continuou seu trabalho e, no fim de um dia fatigante, viu que havia recolhido trinta réis e alguns centavos. Parecia ser uma imensa quantia! Nenhum soldado havia dado só uma moeda de cobre (um tostão), embora fosse o que ela pedia. Alguns deram até duas de prata.

Nova batalha

De volta à casa, guardou cuidadosamente a pilha de moedas numa gaveta, planejando trocá-las por uma nota de 30 réis e enviá-la ao padre antes da festa. Surgiu porém, outro problema: não existia nota de 30 réis, ela tinha de escolher entre uma de 20 ou uma de 50. Como seria maravilhoso se pudesse enviar uma nota de 50!

Ocorreu-lhe, então, uma generosa idéia. Em vez de comprar o par de sapatos brancos, ela poderia, com os 20 réis que havia recebido de seu pai, completar o que faltava para a nota de 50.

Em resposta a esse pensamento, veio outro que parecia mais razoável: “Não vai ficar bem estar na festa toda vestida de branco e com sapatos pretos… Além disso, o Espírito Santo ficará feliz com o oferecimento feito pelos próprios soldados”.

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Igreja Matriz de Jaguarão no início
do passado século

Assim, acabou julgando ser mais conveniente comprar os sapatos brancos, e estava já enrolando cuidadosamente as moedas num bonito papel de presente, quando sentiu de novo a mão do Anjo sobre o ombro, sugerindo-lhe um ato de generosidade: ela devia oferecer o dinheiro destinado à compra dos belos sapatos brancos, Deus lhe pedia esse sacrifício!

Sem mais hesitações, Cecy foi ver seu pai, disse-lhe que não desejava mais comprar os sapatos novos e perguntou se poderia ficar com o dinheiro.
Ele concordou.

Grande vitória, imensa recompensa

Então ela trocou as moedas por uma nota de 50 réis “novinha em folha”, colocou-a num envelope, fechou com cola e escreveu: “Oferecimento de um grupo de soldados para a festa do Divino Espírito Santo”. Depois foi à matriz e deixou o envelope sobre uma mesinha da sacristia, pois nem o padre nem o sacristão estavam lá. E jogou as moedinhas restantes num cofre, antes de sair da igreja.

Aquela batalha estava encerrada, com uma grande vitória!

Na véspera da festa, ela teve a discreta alegria de ler na lista de contribuições: “Um grupo de soldados – 50 réis”. Na cidade, ninguém soube da participação de Cecy nessa oferenda.
Ela, porém, se achava imensamente recompensada por saber que Nosso Senhor estava contente com ela, e por senti r sempre a doce presença de seu Novo Amigo.

(Adaptado do capítulo 17 de “Devo narrar minha vida”, sua autobiografia, editada pelo Pe. João Batista Reus, SJ (…). Publicada pela primeira vez em 1949, esta obra foi traduzida para o inglês e o alemão, com os títulos respectivamente de “Under Angel Wings” e “Ich sah meinen Engel”).

Cecy Cony 13 ANOS.JPG
Cecy Cony, aos 13 anos
de idade

Trinta anos de convívio com o Anjo da Guarda

Filha de um capitão do exército, Cecy Cony nasceu em 1900 na cidade de Jaguarão (RS).

Aos 5 anos, viu surgir pela primeira vez a seu lado o seu Anjo da Guarda, para salvá-la de uma situação de grande apuro. A partir de então, este divino protetor, guia e conselheiro permaneceu junto dela de modo sensível durante 30 anos: em todos os momentos ela sentia sua benéfica presença. De 1935 em diante, ele não deixou de estar continuamente junto dela, mas não mais de maneira sensível.

Aos 13 anos Cecy recebeu o apelo de Jesus para a vida religiosa. Mas, por circunstâncias diversas, somente aos 26 entrou como postulante na Congregação das Irmãs Franciscanas, em São Leopoldo (RS). Dois anos depois recebeu o véu de noviça, tomando o nome de Irmã Maria Antônia. Um ato de oferecimento que ela rezava diariamente revela o estado de sua alma: “Meu Jesus, eu me ofereço para ser privada de todas as consolações espirituais e sofrer todas as cruzes que Vos aprouver mandar-me. Disponde de mim segundo a vossa vontade. Quero e espero ser toda vossa. Meu Jesus, eu Vos quero só a Vós e a mais nada”.

Deus não tardou em manifestar que essa oblação tinha sido aceita: caíram sobre ela sofrimentos indizivelmente dolorosos, no corpo e na alma, que ela suportou generosamente.

Em 24 de fevereiro de 1933 fez os votos perpétuos de pobreza, obediência e castidade. Em tudo, Irmã Maria Antônia foi perfeito modelo de boa religiosa.

 (Revista Arautos do Evangelho, Set/2005, n. 45, p. 37 à 39)

 
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