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Catecismo


A admiração exorcística, que também exorciza o tédio
 
AUTOR: SAÚL CASTIBLANCO
 
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Existe outro ‘exorcismo', o da admiração, que exorciza entre outros o tédio de umas vidas impregnadas de egoísmo, que torna o panorama triste, chato, cinzento.

Existe o exorcismo clássico, aquele que o mundo inteiro está redescobrindo com alegria no ministério de um número crescente de clérigos, aos quais Deus suscita na luta contra Satanás e suas maléficas ações de tentação, obsessão e possessão.

No entanto, existe outro ‘exorcismo’, o da admiração, que exorciza entre outros o tédio de umas vidas impregnadas de egoísmo, que torna o panorama triste, chato, cinzento.

Dizia uma antiga aluna de Plinio Corrêa de Oliveira que foi visitar o Velho Continente movida em grande medida pelas fantásticas descrições que fazia seu professor em aula, das maravilhas que aí se encontrariam. E que, no entanto, quando foi visitá-las, estas lhe causaram uma certa decepção…

Ocorre que a admiração não somente está nas coisas admiráveis, mas sobretudo em um espírito admirativo.

Explicava Plinio Corrêa de Oliveira que as coisas criadas, inclusive as mais maravilhosas, não são senão os primeiros acordes para que o ser humano componha a sinfonia do que Deus quis dizer ao criar ou inspirar esse ser maravilhoso. As maiores maravilhas não são senão os primeiros acordes das maravilhas que encontraremos no céu, maravilhas que tem sua sede própria nas Ideias divinas, maravilhas que são reflexo de Deus. Um magnífico castelo de Chambord é somente o primeiro escalão da escada dourada que nos leva aos castelos que encontraremos no céu.

Então, quando o Dr. Plinio descrevia Chambord, ele descrevia o Castelo real, mas também cantava a sinfonia que ele havia composto em sua alma a partir dessa construção maravilhosa. E era muito provável que sua aluna viajante, que tinha admirado as descrições de Dr. Plinio, não teve ela mesma essa capacidade para encantar-se com uma Notre Dame, ou com um Versalles ou com um Chambord.

Chambord castelo.jpg

No entanto, quem admira, quem com o auxílio da graça de Deus sai do egoísmo, do mero desejo de satisfação de seus gostos, e contempla com encanto a maravilha em si, por ser ela o que é, a esse Deus já vai lhe ensinando aquela composição maravilhosa da qual a maravilha é somente o primeiro acorde. Mas o requisito é não querer Chambord meramente para si, para que o admirem por ser dono de Chambord, ou para poder se alojar com todo conforto nos aposentos reais e ali ser atendido como rei; não. É admirar a Chambord porque é admirável, porque é magnífico, porque é forte mas às vezes leve, porque pode ser rude como pode ser gentil e até delicado, porque ao mesmo tempo que me acolhe com carinho quase materno me eleva a horizontes de grandeza, elegância e civilização, porque é um reflexo de Deus, Carinho Infinito, Força Infinita, Grandeza, Elegância e Civilização Infinitos.

E esse espírito admirativo, que temos que pedir a Deus, é exorcístico daquele tédio cinzento e deprimente que comumente habita no homem que somente vive para a satisfação de suas paixões e caprichos. Não há nada mais enfadonho que a vida do homem que só vive para si, ainda que tenha a riqueza de um Onassis.

Contra o tédio, o cansaço, o tédio do homem contemporâneo, receitamos, por exemplo, uma viagem por Chambord. Que pode ser física ou virtual.

Uma viagem na qual sintamos a majestade de Chambord, tal majestade régia, verdadeiramente grande, que não é tímida nem envergonhada em manifestar sua grandeza, mas que a partir dela acolhe com um sorriso ao visitante.

Uma grandeza que é complexa, é rica e matizada, que sempre tem uma surpresa a dar-nos, uma surpresa que pode intimidar pelo gigante, por exemplo a da força das torres de pedra, mas que também nos arranca um sorriso quando nos toca com a delicadeza de um leve matiz, ou de uma assimetria, como as das torres de sua cúpula.

Receitamos contra o tédio a leitura de uma biografia ou uma autobiografia de um grande homem, na qual podemos contemplar os gigantescos desafios, a força de vontade insigne, as misérias mesquinhas de seus contemporâneos que enfrentou, inclusive seus próprios ‘demônios’, seus próprios vícios, sua tendência a ser lama, que finalmente foi vencida pelo perfume da virtude, pelo gládio da luta e do esforço.

O que há no fundo é a admiração. Como dizia Plinio Corrêa de Oliveira, os séculos futuros serão de admiração, ou não serão. E eles o serão, com a graça de Deus. (Por Saúl Castiblanco – Traduzido por Emílio Portugal Coutinho)

 
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