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Que papel tem os Sacramentos na vida da Igreja?
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Deus poderia distribuir sua graça aos homens diretamente por Si mesmo; entretanto, quis dispensá-la por meio da “Igreja visível, formada por homens, a fim de que por meio dela todos fossem em certo modo, seus colaboradores na distribuição dos divinos frutos da Redenção”

Há certas perguntas que nos espantam num primeiro momento por se apresentarem tão evidentes. Perguntar sobre a ligação entre os sacramentos e a Igreja nos parece mais ou menos pedir a razão pela qual alguém se queima ao colocar a mão no fogo. Entretanto, é justamente pelo fato de serem muitos os motivos desta relação, que convém organizar os argumentos, pois muitas razões evidentes postas em desordem não são de grande valia. Procuremos então analisar, através da história da salvação, o papel dos sacramentos na vida da Igreja.

Rompimento com a graça Divina

Por um ato de misericórdia, Deus criou o universo e tudo que nele contém, e como obra prima dentre as criaturas visíveis, criou o homem à sua imagem e semelhança, a fim de que este pudesse participar de sua própria vida, através da graça. Jesus - Ste Chapelle - França.jpgTragicamente o homem quebrou a aliança estabelecida com Deus, e por meio do primeiro pecado, todo o gênero humano ficou privado de sua graça e estava condenado a não mais participar do fim para o qual Deus o havia criado. Que grave e duro castigo infligido pela Justiça Divina ao pecado cometido! Entretanto, quão doce e suave solução encontrada pela Misericórdia Infinita do Criador, pois Ele enviou ao mundo o seu Filho Unigênito, a fim de redimir todo o gênero humano, e é por isso que a Igreja não hesita em cantar “O Felix Culpa, que há merecido a graça de um tão grande Redentor”.

Redenção do gênero humano

Tendo o homem sido infiel, perdeu o maior dos tesouros que lhe fora confiado: a graça de Deus; não só as portas do paraíso terrestre lhe foram fechadas, mas o céu já não podia receber o homem fora do estado de graça. Entretanto, em sua Infinita misericórdia “Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu filho unigênito” (Jo 3,16) e a todos que cressem no seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus (cf. Jo 1, 12). Com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo à Terra, “a revelação de Deus entrou no tempo e na história, e [esta] torna-se, assim, o lugar onde podemos constatar a ação de Deus em favor da humanidade”[1].

A Santa Igreja continua a missão de Cristo

Ao se entregar como vítima para a salvação dos homens, Nosso Senhor não só reparou a ofensa feita a Deus através do pecado, mas mereceu para todos os homens a graça e de “sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça” (Jo 1, 16).

Deus poderia distribuir sua graça aos homens diretamente por Si mesmo; entretanto, quis dispensá-la por meio da “Igreja visível, formada por homens, a fim de que por meio dela todos fossem em certo modo, seus colaboradores na distribuição dos divinos frutos da Redenção”[2] e a Igreja é desta forma a continuadora da obra começada pelo Salvador.[3]

Igreja fortalecida pelos Sacramentos

A vida e os ensinamentos de Cristo deitam luz sobre a existência do homem, e lhe é traçada uma meta que pareceria um exagero se não fosse proposta pelo próprio Filho de Deus: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48). Como atingir este alto objetivo sendo o homem tão frágil e volúvel?

Certamente seria difícil imaginar que os pais dissessem a um filho recém-nascido: “Nós demos a vida a você, mas não haverá alimento quando você tiver fome, nem remédios quando adoecer, nem apoio de um braço quando você se sentir fraco. Portanto arranje-se como puder”.[4] Se os homens não são capazes de tratar assim a um filho, sobretudo Deus não o faria. (Cf. Lc 11, 13)

Assim como o corpo humano necessita de energias especiais para que se mantenha vivo, cresça e se desenvolva, “o Salvador do gênero humano providenciou admiravelmente ao seu corpo místico enriquecendo-o de sacramentos, que com uma série ininterrupta de graças amparam o homem desde o berço até ao último suspiro”[5].

Os Sacramentos na vida pessoal e social

Os sacramentos estão presentes em toda vida da Igreja, “existem por meio dela e para ela”[6], e segundo a afirmação de Santo Agostinho, “são esses sacramentos que fazem a Igreja”.[7]

Às necessidades espirituais, Cristo instituiu os sacramentos do batismo, crisma, eucaristia, penitência e unção dos enfermos, afim de que o homem pudesse alcançar, recuperar, e aumentar a graça de Deus ao longo de sua vida. Assim, aos que nasceram para esta vida mortal, lhes é infundido a verdadeira vida da graça através do batismo, pelo qual são feitos membros da Igreja, e ao serem assinalados com o caráter batismal, passam a ter o direito de receber todos os outros dons sagrados. Com a crisma, o cristão passa a ser um verdadeiro soldado da Santa Igreja, recebendo as forças necessárias para proclamar e defender sua fé. Pelo sacramento da penitência, a Igreja oferece a seus filhos o perdão de suas faltas e um novo vigor em sua marcha rumo ao céu. Pela Sagrada Eucaristia, “fonte e ápice de toda a vida cristã”[8], os fiéis não somente são alimentados e fortificados, mas manifestam a unidade de todos entre si constituindo um só corpo unido a Cristo, sua Cabeça. Por fim, pela Unção dos enfermos, a Santa Igreja ampara e consola os doentes, concedendo às almas feridas o remédio sobrenatural, que lhes abrirá a porta do céu, onde poderão gozar da divina bem-aventurança por toda a eternidade.[9]

Às necessidades sociais, foi dado o matrimônio, afim de prover o “aumento externo e bem ordenado da sociedade cristã”[10]constituindo a família como uma igreja doméstica, afim de que pela palavra e pelo bom exemplo, os pais possam ser verdadeiros e dignos reflexos de Deus para os próprios filhos[11]. Por fim, pelo sacramento da Ordem, Cristo provê a Igreja de pastores que cuidem do rebanho, sustentando-o com o Pão dos Anjos e com o alimento da doutrina, dirigindo-o com os conselhos, e fortalecendo-o de todas as formas com as graças celestes, especialmente através da distribuição dos sacramentos[12].

A Igreja se torna unida e elevada pelos sacramentos

Através deste circuito de graças estabelecido pelos sacramentos que são ministrados a cada individuo, toda a Igreja se eleva tornando-se mais santa e unida, vivendo em harmonia no mesmo espírito e no mesmo sentimento (Cf . ICor 1, 10). É através desta união entre os católicos realizada pelos sacramentos que nasce nas almas a caridade fraterna que tanto caracteriza aqueles que querem ser seguidores de Cristo como Ele mesmo indicou: “Nisto conhecerão todos que soismeus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(Jo 13,35). Este laço entre os membros da Igreja será tanto mais estreito, quanto maior for a frequência aos sacramentos, através dos quais, podem participar da graça e da caridade que lhes comunica a vida sobrenatural e divina.

Quantos sentimentos de amor e de júbilo não deveriam despertar em nosso coração este pensamento: Sou membro da Igreja; sou membro de Jesus Cristo! Que amor por todos os Cristãos isso deveria produzir em nós, já que todos estescristãos são meus irmãos e todos não fazemos mais do que um em Cristo! Que alegria ao pensar que ao me santificar e trabalhar para a santificação dos outros, contribuo para aumentar a beleza da Santa Igreja. Nada do que diz respeito a ela pode deixar-me indiferente: entristece-me vê-la perseguida e rejubila-me vê-la exaltada e glorificada. Ao participar da vida da graça trazida com os sacramentos, já não sou uma frágil gota d’água isolada, mas faço parte da força deste grande oceano que é a Santa Igreja de Cristo.[13]

Influência da Igreja e dos Sacramentos na história da civilização

Quais os benefícios dos sacramentos para a sociedade? Segundo o Professor Plinio Corrêa de Oliveira, “a religião conseguiu trazer ao mundo, com seus sacramentos, com a graça de que é veículo, e com o admirável apostoladoCristo Crucificado - Imagem da Casa Mae dos Arautos do Evangelho..jpghierárquico da Igreja, uma continuidade de ação santificadora que tem sido a coluna da civilização”.[14] A ordem e a paz que houve na civilização católica são fruto dessas graças, as quais tiveram como veículo infalível, os sacramentos da Santa Igreja. Assim, a civilização Cristã é a civilização dos sacramentos.

Para os que desejam a salvação

A enorme expansão da verdadeira religião por todo orbe terrestre e todas as maravilhas da civilização cristã atestam a superabundância de graças que vigorou no mundo após Nosso Senhor Jesus Cristo ter fundado a Igreja Católica. A ordem social inerente à comunidade dos batizados só foi possível mediante a graça de Deus produzida pelos sacramentos. Que grande misericórdia do Salvador ao acompanhar seus filhos a cada instante de suas vidas através dos sacramentos que Ele próprio instituíra, cumprindo desta forma a promessa que deixara de estar com os homens até a consumação dos séculos (Cf. Mt 28,20).

Portanto, é na consideração deste desejo de Deus em salvar a humanidade perdida pelo pecado, que o homem deve encher-se de confiança e procurar acercar-se cada vez mais dos sacramentos, verdadeiras maravilhas postas por Deus à disposição de todos aqueles que desejam a salvação. (Anderson Fernandes Pereira)

[1] Fides et Ratio: carta encíclica João Paulo II. Disponível em:. Acesso em 18 mar. 2009.(11)
[2] Carta encíclica Mystici Corporis do Papa Pio XII. 29/06/1943. n. 12.
[3] Cf. Carta encíclica Mystici Corporis do Papa Pio XII. 29/06/1943. n. 12.
[4] TRESE. Leo J. A fé explicada. Tradução de Isabel Perez. Quadrante. São Paulo. 1995. p. 263.
[5] Carta encíclica Mystici Corporis do Papa Pio XII. 29/06/1943. n. 18.
[6] Catecismo da Igreja Católica 1118
[7] Apud. Catecismo da Igreja Católica 1118
[8] Lumen Gentium, Constituição Dogmática sobre a Igreja. Concílio Vaticano II, 11.
[9] Cf. Carta encíclica Mystici Corporis do Papa Pio XII. 29/06/1943. n. 18.
[10] Carta encíclica Mystici Corporis do Papa Pio XII. 29/06/1943. n. 18.
[11] Cf. Lumen Gentium, Constituição Dogmática sobre a Igreja. Concílio Vaticano II, 11.
[12] Cf. Lumen Gentium. 11. Cf. Carta encíclica Mystici Corporis do Papa Pio XII. 29/06/1943. n. 18.
[13]Cf. CHAUTARD, J. B. A Alma de todo apostolado. São Paulo: FTD. 1962. p. 194-200.
[14] CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. Opera Omnia. São Paulo: Retornarei, 2008. p. 432.

 
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