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Espiritualidade


O arcano que habita na neve
 
AUTOR: IR. MARCELA GÓMEZ GARCÍA, EP
 
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Ao nos determos por alguns instantes diante de um panorama nevado, mil cogitações podem invadir a nossa imaginação. Basta, para isso, que saibamos transcender a realidade concreta…

Tudo na criação é símbolo de algo mais elevado e sublime. As pequenas gotas de orvalho, por exemplo, representam as consolações que os justos recebem para suportar as aridezes do dia. O leão, por sua vez, reflete a majestade combativa, imagem de Cristo Rei, que tanto ao expulsar os vendilhões do Templo quanto na entrada triunfal em Jerusalém, ou mesmo ao Se oferecer como vítima no Calvário, reinou majestosamente com a fortaleza do Verdadeiro Combatente.

Assim, ao nos determos por alguns instantes diante de um panorama nevado, mil cogitações podem invadir a nossa imaginação. Basta, para isso, que saibamos transcender da realidade concreta desta alva criatura às considerações sobrenaturais, das quais ela é rica em simbolismo.

Paisagem nevada nas proximidades de Gustavo Kralj Schomberg (Canadá)

A neve espelha uma humildade silenciosa, unida à grandeza do branco aveludado. Sua singular e quase paradisíaca beleza convida a elevar as mentes acima dos pântanos da banalidade e da soberba, rumo aos mais altos horizontes. Embora simples, não deixa de possuir nobreza, conquistando um equilíbrio cheio de serenidade e harmonia.

Na alvura despretensiosa da neve ressaltam de forma toda especial o charme de um esquilo que sobre ela brinca, ou os passos elegantes de um cervo. Contemplar cenas como essas nos inspira a vencer nosso egoísmo e desejar que os outros cresçam, enquanto nós diminuímos.

Ao observar os delicados flocos que suavemente caem durante o inverno rigoroso de algumas regiões, temos a impressão de presenciar uma chuva de minúsculos cristais cintilando com brilho único e insubstituível. De modo semelhante ao que acontece com um vitral, cada um deles reflete a luz com um matiz próprio, formando um conjunto ao mesmo tempo fugaz e feérico. Tal espetáculo nos convida a admirar a luz que corusca em nosso próximo e ajudá-lo a difundi-la, visando a maior glória do Divino Redentor.

Discreta na sua formosura, a neve evoca ainda a pureza de coração dos Santos, que se tornam pequenos para melhor irradiar a luz de Nosso Senhor Jesus Cristo a todos os corações. Revestidos do alvo e imaculado manto da caridade, eles fazem reluzir em si o sol da virtude, iluminando as trevas do mundo.

Eis o arcano que habita na neve: sem deixar de ser humilde e discreta, ela nos impele a contemplar panoramas mais elevados, a admirar as virtudes do próximo, a desejar ardentemente que ele alcance o mais alto grau de santidade e refulja como um facho incandescente na coroa de glória do Criador. (Revista Arautos do Evangelho, Fevereiro/2019, n. 206, p. 50-51)

 
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