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Espiritualidade


O oceano e o Espírito
 
AUTOR: EP
 
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As mutações e predicados do mar, sua variedade e vastidão falam-nos das insondáveis riquezas da graça que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade entesoura nas suas “arcas” divinas.

A infinitude de Deus Uno e Trino é tal que cada elemento do universo representa de certa forma seus atributos, dons e, inclusive, alguns aspectos da sua natureza.

   Assim, ao admirarmos o firmamento, bem podemos compará- -lo à grandeza majestosa de Deus Pai, que tudo abarca. A imensidade das vastidões celestes, o brilho, variedade e disposição das estrelas deslumbram nosso espírito, fazendo ecoar no nosso interior a exclamação do salmista: “Os céus proclamam a glória do Senhor, e o firmamento a obra de suas mãos” (Sl 18, 2).

   Se nos detivermos, porém, na contemplação da terra, dos seus campos cultivados e da multiplicidade de seus frutos, virá sem dificuldade às nossas mentes a augusta figura de Deus Filho, o qual, tendo- Se encarnado e descido até nós em sua humanidade, tornou-Se a causa de nossa salvação (cf. II Tim 2, 10). Somente n’Ele daremos frutos, conforme nos ensina o próprio Jesus: “Eu sou a videira; vós, os ramos. […] Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5).

Enseada do Mar Virado, Ubatuba (SP)

   Ao Espírito Paráclito, no entanto, cabe relacioná-Lo com o mar, em todas as suas mutações e predicados. As vastidões aquáticas remontam- nos às insondáveis riquezas da graça que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade entesoura nas suas “arcas” divinas. Mesmo tendo sido profusamente distribuídas aos homens ao longo dos séculos, estão elas longe de se esgotar. Muito pelo contrário, conforme as gerações se sucedem, dons e graças cada vez mais sublimes fluem com caudalosa generosidade.

   Os rios desembocam no mar e recebem dele a abundância de suas águas. Da mesma forma, qualquer ato bom do homem tem sua origem na ação do Paráclito, que nos santifica e “distribui todos estes dons, repartindo a cada um como Lhe apraz” (I Cor 12, 11). Desse inefável oceano divino brotam os mananciais sagrados da História, que são os Santos. Para esse mesmo mar direcionam- se os rios benditos de suas vidas, percorrendo, muitas vezes, leitos tortuosos, cheios de meandros e obstáculos, ladeados por lodacentas ribeiras.

   E o que comentar das mutabilidades do mar? Nele encontramos refletidas as mais diversas situações e temperamentos: a calmaria aveludada de certas águas de cor azul-esverdeada, o furor das terríveis vagas produzidas por um tsunami avassalador, a inocente imobilidade de uma enseada cristalina. Cada uma dessas variadas manifestações representa atributos do Espírito Divino, que podem parecer contrários, mas são sempre harmônicos. Ora Ele sopra suavemente numa alma para impulsá-la no caminho da virtude, ora inspira santa cólera em defesa da causa de Deus, ora pacifica na oração contemplativa.

   Por outro lado, se os mistérios do mar são símbolo do Espírito Santo, não é possível refletir sobre eles sem dirigir o pensamento para o Reino de Maria, sua Santíssima Esposa. Se Nossa Senhora, ensina São Luís Maria Grignion de Montfort, “produziu com o Espírito Santo a maior maravilha que existiu e existirá, um Deus- -Homem, consequentemente Ela também produzirá as maiores maravilhas que hão de existir nos últimos tempos”.1

   E continua o autor do Tratado: “A formação e educação dos grandes Santos que aparecerão no fim do mundo estão reservadas a Ela, pois só esta Virgem singular e milagrosa pode produzir, em união com o Espírito Santo, as obras singulares e extraordinárias”.2

   Dia virá em que o Divino Paráclito assumirá as almas dos escravos de Maria Santíssima, tornando-as mananciais de suas águas divinas. Com essas almas fracas, mas fiéis, inundará a terra de graças e dons. (Revista Arautos do Evangelho, Outubro/2017, n. 190, pp. 50 à 51)

1 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE
MONTFORT. Traité de la vraie dévotion
à la Sainte Vierge, n.35. In: OEuvres
Complètes. Paris: Du Seuil, 1966, p.506.
2 Idem, ibidem.

 
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