Fale conosco
 
 
Receba nossos boletins
 
 
 
Artigos


Virgem Maria


Mãe de Deus e Mãe nossa
 
AUTOR: IR. CÁSSIA THAÍS COSTA DIAS DE ARRUDA, EP
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
0
0
 
No Filho e pelo Filho, a Santíssima Virgem é Senhora de toda a criação. Assim, a devoção a Ela tornou-se “conditio sine qua non” para que os degredados filhos de Eva vençam as tribulações deste mundo e cheguem seguros ao porto desejado.

Nosso Senhor Jesus Cristo, antes de partir deste mundo, colocou ao nosso alcance um auxílio sobrenatural que seria inesgotável manancial de graças para todos os homens: Maria.

Do alto da Cruz em que Se encontrava, Ele olhou para Nossa Senhora dizendo-Lhe: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19, 26); e, em seguida, virou-Se para São João: “Filho, eis aí tua Mãe” (Jo 19, 27). Fez assim a entrega de sua própria e santíssima Mãe a todos aqueles que se tornariam seus irmãos através do Sacramento do Batismo.

A partir daquele momento, a Santíssima Virgem levantou-Se como uma aurora em nossa existência pois, “na noite das maiores provações e das mais espessas trevas, Ela surge e desde logo começa a vencer as dificuldades com que nos defrontávamos”.1

Mãe do Bom Conselho – Genazzano (Itália)

Maternidade espiritual promulgada por Cristo

A Maternidade Divina de Nossa Senhora é a razão de todos os seus privilégios e o fundamento de todo o edifício das doutrinas mariológicas.

Sendo Deus onipotente, poderia ter criado Nosso Senhor Jesus Cristo por um simples ato de vontade, ou tê-Lo feito surgir de uma figura de barro, como Adão, ou até mesmo tê-Lo moldado servindo-Se das nobres matérias existentes no Paraíso. Entretanto, assim como através de uma mulher – Eva – o demônio arrastou os homens para a ruína, assim também quis o Padre Eterno salvá-los por meio de outra Mulher: Maria.

E uma vez que o Filho Se encarnou para salvar-nos, Nossa Senhora pode ser chamada, sem dúvida, de Mãe do Redentor. Com efeito, devido ao “fiat” pronunciado por Ela Deus assumiu a nossa natureza, e através d’Ela o gênero humano deu o seu placet para a Redenção. “Da Anunciação se esperava o consentimento da Virgem em nome de toda a natureza humana”,2 ensina o Doutor Angélico.

Maria é, portanto, nossa Mãe porque assim Jesus o estabeleceu, mas também porque, sem o auxílio e a aceitação d’Ela, jamais teríamos nascido para o Céu e para a vida da graça. Conforme afirma o Pe. Gabriel Roschini, OSM,3 Nossa Senhora nos concebeu enquanto filhos em Nazaré, e nos deu à luz no Calvário.

E o mesmo célebre mariólogo acrescenta: “Todos os homens, membros místicos de Cristo, foram juntamente com Ele, nossa Cabeça, misticamente concebidos por Maria e d’Ela nasceram. Este é o fundamento supremo da maternidade espiritual de Maria, promulgada por Cristo”.4

Luzeiro de fé que sustentou a Igreja

Qual a importância de Maria na vida da Igreja, precioso e inequívoco fruto do Sangue de Cristo? Ela tem um papel preponderante e insubstituível, que começou a manifestar-se logo após a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nos três dias que precederam a Ressurreição, nada faltou aos Apóstolos para acreditarem que ela haveria de se dar. O próprio Jesus a tinha previsto, Santa Maria Madalena anunciou-lhes que o Corpo do Divino Mestre não estava mais no sepulcro, e os discípulos de Emaús relataram-lhes seu encontro com Nosso Senhor, a quem reconheceram ao partir o pão.

Apesar disso, São João narra em seu Evangelho que, no domingo da Ressurreição, os Apóstolos estavam reunidos numa mesma casa, com as portas fechadas, “por medo dos judeus” (Jo 20, 19). Por que temiam, uma vez que eles mesmos tinham sido testemunhas de inúmeros milagres operados por Nosso Senhor? Logo no despontar da Igreja Católica, os mais importantes seguidores de Cristo duvidaram… Faltava-lhes a virtude da fé.

Neste momento, Nossa Senhora exerceu na Igreja nascente um papel decisivo para a perpetuação da obra fundada por seu Divino Filho, pois n’Ela nunca diminuiu a fulgurante chama da fé. Ela sustentou a Igreja, naqueles dias em que as trevas pareciam cobrir o coração dos membros do Colégio Apostólico. Para eles, parecia tudo acabado, mas o olhar confiante de Maria os fortalecia.

Mesmo depois de Pentecostes, todos recorriam a
Ela quando se fazia necessário tomar alguma decisão
Descida do Espírito Santo –
Catedral de Valência (Espanha)

Mesmo depois de Pentecostes, todos recorriam a Ela quando se fazia necessário tomar alguma decisão. E quando a noite das mais terríveis perseguições começou a afligir a Igreja, a Virgem foi a estrela que alentou as almas para não soçobrarem.

Para Ela deve voltar-se o nosso olhar

“Ó altura incompreensível! Ó largura inefável! Ó grandeza incomensurável! Ó abismo insondável!”5 É o que exclama quem pensa em Maria Santíssima.

Não houve em toda a História um Santo que não A tenha louvado; não há Anjo no Céu que não A tenha proclamado bem-aventurada, não existe recanto no mundo onde não lhe seja rendido culto; mesmo assim, afirmam São Bernardo, São Luís Maria Grignion de Montfort, e com eles toda a Igreja, “De Maria nunquam satis!” Por muito que esteja presente em nossas vidas e orações, jamais nos saciaremos d’Ela.

No Filho e pelo Filho, a Santíssima Virgem é Senhora de toda a criação. Desse modo, o culto a Maria tornou-se a chave de nossa salvação, conditio sine qua non para que os degredados filhos de Eva vençam as tribulações deste mundo e cheguem seguros ao porto desejado.

Sejamos, pois, filhos amorosos d’Ela e apóstolos inflamados de zelo pela propagação da devoção mariana, sabendo, a exemplo de São Bernardo de Claraval, proclamar aos homens: “Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela […], invoca Maria!”6

A Ela, que possui o cetro de Deus em suas mãos e governa a História, deve voltar-se o nosso olhar de súplica. É Ela a Rainha de todos os corações, até dos mais empedernidos; é Ela a Mãe de bondade, que abate as nossas misérias e lhes dá aparência de beleza diante de Deus; é Ela a Luz da Igreja, “formosa como a lua, brilhante como sol, terrível como um exército em ordem de batalha” (Ct 6, 10), contra a qual as trevas jamais prevalecerão! (Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2019, n. 205, p. 30-31)

1 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência, 8/9/1963, apud CLÁ DIAS, EP, João Scognamiglio. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição comentado. 2.ed. São Paulo: ACNSF, 2010, v.I, p.349. 2 SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. III, q.30, a.1. 3 Cf. ROSCHINI, OSM, Gabriel. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960, p.79. 4 Idem, p.74. 5 p.20. 6 SÃO BERNARDO DE CLARAVAL. En alabanza de la Virgen Madre. Homilia II, n.17. In: Obras Completas. 2.ed. Madrid: BAC, 1994, v.II, p.637-639.

 
Comentários