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Sinal da vida que não perece
 
AUTOR: MÓNICA PEREZCANTO SAGONE
 
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A árvore de Natal sempre aponta para o céu, e sua ramagem perpetuamente verde lembra-nos Aquele que nos concedeu a vida eterna.

Quando surgiu a árvore de Natal?

   A história da festiva árvore começa nas densas florestas da Germânia, no século VIII. O grande São Bonifácio, bispo e apóstolo daquelas terras, havia então trazido um bom número de tribos pagãs ao rebanho de Jesus Cristo. Mas seu labor não era fácil. Por vezes, os conversos, cuja fé ainda era vacilante, recaíam nos perversos costumes de seus antepassados.

   Em certa ocasião, Bonifácio teve de realizar uma longa viagem a Roma, onde fora pedir conselho ao Papa Gregório II. Meses depois, ao retornar à região do Baixo Hesse, com horror surpreendeu alguns nativos que estavam a ponto de realizar um dos holocaustos humanos exigidos pela religião primitiva. Libertando nove meninos que seriam vítimas, o zeloso bispo quis, então, dar um público testemunho de quão impotentes eram os falsos deuses diante do Cordeiro de Deus.

   Mandou abater o enorme carvalho de Thor, sob o qual se realizaria o sangrento sacrifício. Os sacerdotes pagãos o ameaçaram de ser fulminado pelos raios do deus do trovão. No entanto, derrubada a árvore, nada aconteceu, para humilhação dos gentios. Os relapsos se arrependeram, então, e muitos idólatras pediram o sacramento do batismo. A queda da árvore de Thor representou a queda do paganismo naquelas regiões.

   Os germanos, já então pacificados e convertidos, adotaram o pinheirinho como um símbolo cristão. Ele sempre aponta para o céu, e sua ramagem eternamente verde lembra-nos Aquele que nos concedeu a vida eterna. Sob seus galhos já não há ofertas cruéis, mas sim os presentes em honra de Cristo recém-nascido.

   Anos e anos mais tarde, a árvore de Natal transpôs as fronteiras da Alemanha. Nos séculos XVIII e XIX, tornou-se comum entre a nobreza européia, alcançando as cortes da Áustria, França e Inglaterra, até a longínqua Rússia. Dos palácios difundiu-se pelo povo da Europa e, por fim, nos dias de hoje, a encontramos espalhada por todo o orbe.

   No centro da cristandade, em plena Praça de São Pedro, todos os anos, é erguida uma árvore de grandes proporções, elegantemente ornada, segundo é próprio à dignidade do local. Tocado pela sua beleza e simbolismo, o saudoso Papa Beato João Paulo II a ela se referiu, em dezembro de 2004:

   “A festa do Natal, talvez a mais querida à tradição popular, é extremamente rica de símbolos, ligados às diferentes culturas. Entre todos, o mais importante é, sem dúvida, o presépio […].

   Ao lado deste, como nesta Praça de São Pedro, encontramos a tradicional ‘árvore de Natal’. Também esta é uma antiga tradição, que exalta o valor da vida porque na estação invernal, a árvore sempre verde se torna um sinal da vida que não perece. Geralmente, na árvore adornada e aos pés da mesma são colocados os dons de Natal. Assim, o símbolo torna-se eloqüente também em sentido tipicamente cristão: evoca à mente a ‘árvore da vida’ (cf. Gn 2, 9), figura de Cristo, supremo dom de Deus à humanidade.

   Por conseguinte, a mensagem da árvore de Natal é que a vida permanece ‘sempre verde’, se ela se torna dom: não tanto de coisas materiais, mas de si mesmo: na amizade e no carinho sincero, na ajuda fraterna e no perdão, no tempo compartilhado e na escuta recíproca. Que Maria nos ajude a viver o Natal como uma ocasião para saborear a alegria de nos doarmos a nós mesmos aos irmãos, especialmente aos mais necessitados”. (Beato João Paulo II, Ângelus, 19/12/2004)

Para que tanto enfeite na árvore de Natal?

   A tradição católica assimilou a árvore de Natal com uma nova árvore da vida, aquela do jardim do Éden, lá no Paraíso (Gn 2,9). É costume enfeitá-la com bolas coloridas, como se fossem frutos, e com outros adornos natalinos. Os enfeites alegorizam desejos, virtudes, vínculos e sonhos das pessoas e da cada onde está a árvore de Natal. Já no tempo de São Bonifácio, as árvores de Natal eram enfeitadascom maçãs, evocando a nova frutificação e o antigo pecado original. Ao contrário da história do Éden sobre a serpente e a maçã (do latim: malum), a árvore de natal passou a evocar vida e salvação, plantada nas casas. As árvores também eram decoradas com velas, representando Nosso Senhor Jesus Cristo, a Luz do mundo. O costume difundiu-se pela Europa. Uma das primeiras registadas dos enfeites é do século XVI e vem da Igreja da Alsácia, na França. As famílias decoravam os pinheiros com papéis coloridos, enfeites, frutas e doces. Espalhada por toda a Europa, a tradição de enfeitar a árvore de Natal chegou ao continente americano por volta de 1800.

Qual o simbolismo das bolas?

   Desde o século VI, a tradição da árvore de Natal evolui: trocaram-se as perecíveis maçãs da árvore do Éden por bolas e enfeites, como sinal dos frutos da vida. As tradições familiares variam. Alguns colocam 12 bolas ou múltiplos de doze para evocar os doze apóstolos. Outros colocam 33 bolas, para lembrar os anos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Outros adornam progressivamente a árvore de Natal com 24 a 28 bolas, dependendo do número de dias do Advento (do latim, Adventus: chegada). Outros ainda adornam a árvore de uma só vez. Às vezes, as crianças elaboram suas próprias bolas. Em outras famílias, as bolas são colocadas com uma oração ou um propósito em casa uma, até o dia de nascimento de Nosso Senhor. Para certas ordens religiosas, as bolas representam as orações do período do Advento: as azuis são orações de arrependimento, as prateadas de agradecimento, as douradas de louvor e as vermelhas de prece.

Por que as bengalas, os 3 sinos e os 7 anjinhos?

   Os enfeites da árvore de natal são um espaço de liberdade, arte e poesia para a criatividade familiar. Alguns são tradicionais e merecem destaque. Os 3 sininhos simbolizam a Santíssima Trindade e também costuma adornar a guirlanda do Natal, na entrada das casas. Os 7 anjinhos representamos espíritos angélicos, os anjos dos pequeninos diante de Deus, contemplando e intercedendo por todos (Mt 18,10). As bengalinhas evocam a caminhada, o trabalho de cada um e também o pastoreio de Nosso Senhor, o cajado do Bom Pastor. Também colocam-se pequenos e bonitos pacotinhos e presentinhos dependurados na árvore ou aos seus pés. Eles representam as boas ações e os sacrifícios, os “presentes” que serão dados a Nosso Senhor Jesus Cristo no Natal. (Beato João Paulo II, Ângelus, 19/12/2004) (Revista Arautos do Ev’angelho, Dez/2007, n. 72)
– EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA, doutor em ecologia, autor do livro “Guia de curiosidades católicas”, recém editado pela Ed. Vozes e diretor do Instituto Ciência e Fé. Dirige a EMBRAPA Monitoramento Ambiental por Satélite, Campinas/SP.

 
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