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Voz dos Papas


A parábola do Filho Pródigo
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Deixemo-nos alcançar pelo olhar cheio de amor do nosso Pai, e voltemos para Ele com todo o coração, rejeitando qualquer compromisso com o pecado.

Dentro do percurso quaresmal, o Evangelho apresenta-nos precisamente esta última parábola do pai misericordioso, que tem por protagonista um pai com os seus dois filhos. A narração faz-nos compreender algumas caraterísticas deste pai: é um homem sempre disposto a perdoar e que espera contra qualquer esperança.

Compete a nós fazer bom uso do dom da liberdade

Antes de tudo faz admirar a sua tolerância face à decisão do filho mais jovem de ir embora de casa: teria podido opor-se, sabendo que era muito imaturo, um jovem, ou procurar algum advogado para não lhe dar a herança, estando ainda vivo. Ao contrário, permite que ele parta, mesmo prevendo os riscos possíveis.

Assim age Deus conosco: deixa-nos livres, até de errar, porque ao criar-nos concedeu-nos o grande dom da liberdade. Compete a nós fazer dela um bom uso. Este dom da liberdade que Deus nos concede surpreende-me sempre.

Mas o afastamento daquele filho é só físico; o pai leva-o sempre no coração; espera confiante o seu regresso; perscruta a estrada na esperança de o ver. E um dia o vê comparecer ao longe (cf. Lc 15, 20). Mas isto significa que este pai, todos os dias, subia ao terraço para ver se o filho voltava! Então comove-se ao vê-lo, corre ao seu encontro, abraça-o e beija-o. Quanta ternura! E este filho tinha-se comportado muito mal. Mas o pai recebe-o assim.

O filho indignado e o terceiro filho

O pai tem para com o filho maior, que ficou sempre em casa, a mesma atitude, o qual agora está indignado e contesta porque não compreende e não partilha toda aquela bondade em relação ao irmão que tinha errado.

O pai vai ao encontro também deste filho e recorda-lhe que eles estiveram sempre juntos, têm tudo em comum (cf. Lc 15, 31), mas é preciso receber com alegria o irmão que finalmente voltou para casa. E isto faz-me pensar numa coisa: quando alguém se sente pecador, se sente deveras insignificante, ou como ouvi alguém dizer – tantos: “Padre, eu sou uma imundície!”, então chegou o momento de ir ter com o Pai.

Ao contrário, quando alguém se sente justo – “Eu fiz sempre tudo bem…” -, o Pai vem de igual modo procurar-nos, porque aquela atitude de se sentir justo não é boa: é a soberba! Vem do diabo. O Pai espera aqueles que se reconhecem pecadores e vai procurar os que se sentem justos. É assim o nosso Pai!

Pode-se divisar nesta parábola também um terceiro filho. Um terceiro filho? E onde? Está escondido! É Aquele que “não considera privilégio ser igual a Deus… aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo” (Fl 2, 6-7). Este Filho-Servo é Jesus! É a extensão dos braços e do coração do Pai: Ele acolheu o pródigo e lavou os seus pés sujos; Ele preparou o banquete para a festa do perdão. Ele, Jesus, ensina-nos a ser “misericordiosos como o Pai”.

Intensificar o progresso interior de conversão

A figura do pai da parábola revela o coração de Deus. Ele é o Pai misericordioso que em Jesus nos ama além de qualquer medida, espera sempre a nossa conversão todas as vezes que erramos; aguarda a nossa volta quando nos afastamos d’Ele pensando que O podemos dispensar; está sempre pronto a abrir-nos os seus braços independentemente do que tiver acontecido. Como o pai do Evangelho, também Deus continua a considerar-nos seus filhos quando nos perdemos, e vem ao nosso encontro com ternura quando voltamos para Ele. E fala-nos com tanta bondade quando nós pensamos que somos justos.

Os erros que cometemos, mesmo se forem grandes, não afetam a fidelidade do seu amor. Que no Sacramento da Reconciliação possamos voltar a partir sempre de novo: Ele acolhe-nos, restitui-nos a dignidade de seus filhos e diz-nos: “Vai em frente! Fica em paz! Levanta-te, vai em frente!”.

Neste espaço de Quaresma que ainda nos separa da Páscoa, somos chamados a intensificar o caminho interior de conversão. Deixemo-nos alcançar pelo olhar cheio de amor do nosso Pai, e voltemos para Ele com todo o coração, rejeitando qualquer compromisso com o pecado. A Virgem Maria nos acompanhe até ao abraço regenerador com a Misericórdia Divina. (Excerto do Angelus, 6/3/2016)

 
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