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Voz dos Papas


A vossa libertação está próxima
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Meditai cuidadosamente, irmãos caríssimos, nesse dia. Corrigi desde já vossa conduta, mudai vossos costumes, superai as paixões que vos tentam e expiai com lágrimas os males cometidos.

Nosso Senhor e Redentor, irmãos muito amados, desejando ver-nos preparados para o que há de vir, revela as desgraças que acontecerão no fim deste mundo envelhecido, visando nos consolidar no seu amor. Ele nos dá a conhecer os flagelos que virão no último dia, para que, se não formos capazes de temer a Deus vivendo na sua paz, o anúncio de tais males nos leve, pelo menos, a temer seu Juízo, que está por chegar.

Muitas pessoas desmaiarão de terror

Pouco antes da passagem do Evangelho que acabastes de ouvir,1 o Senhor afirma: “Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu” (Lc 21, 10-11). A isso podemos acrescentar esta frase da passagem que escutastes: “Haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas. Na Terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo  bramido do mar e das ondas” (Lc 21, 25).

Constatamos que parte dessas coisas já aconteceram, e devemos temer que outra parte aconteça em breve. Vemos em nossos dias povos que se insurgem contra outros povos e o mal se espalhando pela Terra, conforme é descrito pelas Sagradas Escrituras. Temos notícia de quantos terremotos que assolam inúmeras cidades em várias partes do mundo. Somos continuamente flagelados com as mais diversas pragas. É verdade que ainda não vemos sinais claros no Sol, na Lua e nas estrelas, mas podemos esperar, pelas próprias mudanças da atmosfera, que tais sinais não tardarão em chegar. […]

San Gregorio papa – Pedro Berrruguete

Dizemos isso, irmãos caríssimos, para que vossas almas vigiem com acurada cautela, não se deixem ofuscar por uma falsa autossuficiência, nem languidesçam pela ignorância. Pelo contrário, impelidas por um sagrado temor, estejam elas sempre alertas e prontas para realizar boas obras, de acordo com as palavras que ouvistes do Redentor: “Muitas pessoas desmaiarão de terror, na expectativa do que deve sobrevir a toda a Terra. As próprias forças dos céus serão abaladas” (Lc 21, 26).

O que quis, de fato, indicar o Senhor com a expressão “forças dos céus” senão aquilo que nós chamamos Anjos, Arcanjos, Tronos, Dominações, Principados e Potestades, que hão de aparecer visivelmente aos nossos olhos na vinda do severo Juiz, para fazer-nos prestar rigorosas contas da paciência que o Criador usa hoje conosco? 

A seguir, acrescenta: “Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade” (Lc 21, 27). É como se dissesse abertamente: “Os homens verão na sua glória e majestade Aquele que não quiseram escutar na humildade, de modo a sentirem com tanto maior intensidade o seu poder quanto mais se recusam agora a inclinar-se de coração diante da sua paciência”. 

Avizinha-se a redenção que procuráveis

Depois de assim falar contra os réprobos, o Evangelho tem palavras de consolação para os eleitos. Com efeito, ouvimos: “Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação” (Lc 21, 28). É como se a própria Verdade  admoestasse seus eleitos, dizendo: “Quando se multiplicarem as pragas do mundo, quando os terremotos do juízo se manifestarem por terríveis convulsões, levantai com confiança as vossas cabeças e regozijai-vos nos vossos corações, porque, acabando este mundo do qual vós não sois amigos, se avizinha a redenção que procuráveis”. 

Nas Sagradas Escrituras, entende-se “cabeça” como a mente, porque, assim como a cabeça dirige todos os membros, a mente ordena os pensamentos. Então, “levantar a cabeça” significa elevar nossos pensamentos aos gáudios da Pátria Celestial. Àqueles, pois, que O amam, Deus ordena gozarem e alegrarem-se com o fim do mundo, porque, passado este mundo por eles não amado, logo virá o outro que sempre amaram.

Não haja, portanto, nem um só fiel que, desejando ver a Deus, se lamente pelos flagelos que hão de se abater sobre o mundo, pois ele deve saber que é por meio de tais males que este mundo acabará. De fato, está escrito: “Adúlteros, não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4, 4). 

Chorar pelo fim do mundo é típico daqueles que não amam a Deus 

Quem não se alegra, portanto, com a proximidade do fim deste mundo, demonstra ser amigo dele e proclama-se, em consequência, inimigo de Deus. Que estes maus pensamentos estejam longe dos vossos corações e de todos aqueles que, pela fé, creem na vida eterna e aspiram a conquistá-la por meio das boas obras.

Chorar pelo fim do mundo e pelos acontecimentos dramáticos que virão para purificar os homens é próprio daqueles cujos corações não estão postos no amor a Deus, não esperam a vida futura ou até negam que ela possa existir. Mas nós, que conhecemos o gáudio eterno da Pátria Celestial, devemos desejar alcançá-la o quanto antes. 

Quantos tormentos oprimem este mundo! Quantas tristezas e adversidades o angustiam! O que é esta vida senão uma passagem? Então, meus irmãos, considerai se é coerente viver no meio das fatigas do caminho e não desejar que elas acabem. […] 

Tudo aquilo que parecia pesado ficará luminoso

Portanto, amados irmãos, tende presente aquele dia diante dos vossos olhos, e tudo o que era grave tornar-se-á luminoso para vós.

Adverte o profeta: “Eis que se aproxima o grande dia do Senhor! Ele se aproxima rapidamente. Terrível é o ruído que faz o dia do Senhor; o mais forte soltará gritos de amargura nesse dia. Esse dia será um dia de ira, dia de angústia e de aflição, dia de ruína e de devastação; dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e de névoas espessas, dia de trombeta e de alarme, contra as cidades fortes e as torres elevadas. Mergulharei os homens na aflição, e eles andarão como cegos porque pecaram contra o Senhor. Seu sangue será derramado como o pó, e suas entranhas como o lixo. Nem sua prata, nem seu ouro poderão salvá-los no dia da cólera do Senhor. Toda a Terra será devorada pelo fogo de seu zelo, porque Ele aniquilará de repente toda a população da Terra” (Sf 1, 14-18).

E nestes termos nos admoesta o Senhor por outro profeta: “Porque isto diz o Senhor dos exércitos: Ainda um pouco de tempo, e abalarei céu e terra, mares e continentes; sacudirei todas as nações, afluirão riquezas de todos os povos e encherei de minha glória esta casa, diz o Senhor dos exércitos” (Ag 2, 6-7).

Se a terra, como dissemos, vai ser abalada quando os ares se movimentarem, quem poderá resistir à sacudida dos céus? Como descrever os terrores que se aproximam senão como signos da ira que há de vir?

É preciso considerar que as tribulações presentes são apenas pré-figura das que acontecerão quando chegue o Supremo Juiz. Meditai cuidadosamente, irmãos caríssimos, nesse dia: corrigi desde já vossa conduta, mudai vossos costumes, superai as paixões que vos tentam e expiai com lágrimas os males cometidos. O dia da vinda do Eterno Juiz, recebê-lo-eis com tanto maior segurança e alegria de coração, quanto mais vos esforçardes agora por fazer o bem e cultivar em vós um salutar temor de Deus.

 
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