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Voz dos Papas


Ela esmagou a cabeça da antiga serpente
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 23/02/2017
 
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Por certo, jamais cessarão os ataques à Igreja. Mas a Virgem, por sua vez, não deixará de sustentar-nos em nossas provações, por mais duras que sejam.

Embora convenha aos filhos imitar todas as virtudes desta Santíssima Mãe, desejamos que os fiéis procurem imitar sobretudo as principais, que são, por assim dizer, os nervos e articulações da vida cristã: a fé, a esperança e a caridade para com Deus e o próximo. 

Vê-se em todas as fases da vida de Maria a radiosa marca destas virtudes, mas elas atingiram seu mais alto grau de esplendor junto à Cruz na qual morria seu Filho. Jesus está crucificado e a turba O impropera e amaldiçoa por ter-Se declarado Filho de Deus (cf. Jo 19, 7). 

Com inabalável constância, porém, reconhece e adora n’Ele a divindade. Sepulta-O depois, sem a mínima dúvida quanto à sua Ressurreição. Seu ardente amor a Deus, A leva a participar dos tormentos de Jesus e associar-Se à sua Paixão; unida a Ele, quase esquecendo suas próprias dores, implora perdão para os carrascos, embora estes gritem obstinadamente: “Caia sobre nós e nossos filhos o seu Sangue” (Mt 27, 25).

Imaculada Conceição Casa Lumen
Coeli, Mairiporã (SP)

Os inimigos da Religião começam por negar a primeira queda

Mas, para não parecer que nos afastamos do nosso tema, que é o mistério da Imaculada Conceição, quão grandes e eficazes auxílios nela encontramos para conservar as virtudes acima mencionadas e praticá-las como convém! 

De fato, de quais princípios partem os inimigos da Religião para semear tantos e tão graves erros que fazem vacilar a fé de tantos fiéis? Começam eles por negar a primeira queda do homem e sua decadência. Afirmam não passar de fábulas o pecado original e os males dele decorrentes, ou seja, a corrupção da humanidade em sua origem, destinada a corromper, por sua vez, toda a raça humana; em consequência, mera fábula seria também a introdução do mal entre os homens e a implícita necessidade de um Redentor. Postos esses princípios, compreende-se que não reste mais lugar para Cristo, nem para a Igreja, nem para a graça, nem para nada que transcenda a natureza; numa palavra, solapa-se todo o edifício da Fé. 

Ora, se os povos creem e professam que a Virgem Maria foi preservada de qualquer contaminação desde o instante de sua concepção, forçoso é-lhes admitir o pecado original, a reabilitação da humanidade, operada por Jesus Cristo, o Evangelho, a Igreja e, por fim, a própria lei do sofrimento; e graças a isso, tudo quanto no mundo existe de racionalismo e de materialismo é erradicado e destruído, e cabe à sabedoria cristã a glória de ter conservado e defendido a verdade. 

Ela sozinha esmagou as heresias do mundo inteiro

Ademais, uma perversidade comum aos inimigos da Fé, sobretudo em nossa época, é a de afirmar e proclamar a necessidade de negar qualquer respeito e obediência à autoridade da Igreja, e mesmo a qualquer poder humano, julgando que assim lhes será mais fácil eliminar a Fé. Esta é a origem da anarquia, a mais nociva e perigosa doutrina que possa existir em toda espécie de ordem, natural ou sobrenatural.

Ora, esta peste, fatal simultaneamente à sociedade e ao nome cristão, encontra sua ruína no dogma da Imaculada Conceição de Maria, dogma que obriga a reconhecer à Igreja um poder ao qual devem dobrar-se não só a vontade, mas também a inteligência. Pois é por efeito de tal submissão que o povo cristão exalta a Virgem com este cântico: “Sois toda bela, ó Maria, e a mancha original não existe em Vós” (Gradual da Missa da Imaculada Conceição).

Com isto se justifica uma vez mais o que d’Ela afirma a Igreja: Ela sozinha esmagou as heresias do mundo inteiro.

Precisamos ser gerados para a eterna felicidade

E se, como diz o Apóstolo, a fé não é senão “o fundamento da esperança” (Hb 11, 1), todos estarão de acordo em reconhecer que, se a Imaculada Conceição de Maria reforça nossa fé, reaviva da mesma forma nossa esperança. Tanto mais quanto se a Virgem foi isenta da mancha original, é porque devia ser a Mãe de Cristo: ora, Ela foi Mãe de Cristo para ressuscitar em nossas almas a esperança.

E agora, deixando de lado aqui o amor a Deus, quem não encontrará na contemplação da Virgem Imaculada um estímulo para cumprir religiosamente o preceito que Jesus Cristo declarou ser o seu mandamento por excelência, ou seja, que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou?

O Apóstolo São João descreve com estas palavras uma visão divina: “Apareceu um grande sinal no céu: uma mulher revestida do Sol, a Lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1). Todos sabem que essa mulher simboliza a Virgem Maria, a qual, permanecendo virgem, concebeu nossa Cabeça. Continua o Apóstolo: “Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz” (12, 2). 

São João via, pois, a Santíssima Mãe de Deus já na felicidade eterna e, entretanto, atormentada por um misterioso parto. Que parto? Por certo, o nosso; de nós que, retidos ainda neste exílio, precisamos ser gerados para o perfeito amor a Deus e a eterna felicidade. 

Quanto às dores do parto, são símbolo do ardor e do amor com os quais Maria vela sobre nós no alto dos Céus e trabalha com infatigáveis preces para completar o número dos eleitos.

De quais princípios partem os inimigos da Religião
para semear tantos e tão graves erros? São Pio X
fotografado em 1905 por Felici

Jamais cessarão os ataques à Igreja

Almejamos que todos os fiéis procurem adquirir essa virtude da caridade e, sobretudo, aproveitem para isso as extraordinárias festas que serão celebradas em louvor à Imaculada Conceição de Maria. Com quanto ódio, quanto furor se ataca hoje Jesus Cristo e a Religião por Ele fundada! Para muitos fiéis, portanto, quanto perigo atual e iminente de deixar-se arrastar pelo erro e perder a fé! Assim, “quem pensa estar de pé veja que não caia” (I Cor 10, 12). Ao mesmo tempo, dirijam todos a Deus, pela intercessão da Virgem, humildes e insistentes súplicas para Ele reconduzir às vias da verdade aqueles que tiveram a desgraça de dela se afastarem. Sabemos por experiência que nunca é vã a prece que jorra da caridade e se apoia na intercessão de Maria.

Por certo, jamais cessarão os ataques à Igreja: “É necessário que entre vós haja heresias para poderem se manifestar os que são realmente virtuosos” (I Cor 11, 19). Mas a Virgem, por sua vez, não deixará de sustentar-nos em nossas provações, por mais duras que sejam, e de continuar a luta começada no momento de sua concepção, de modo que podemos repetir todo dia: “Hoje Ela esmagou a cabeça da antiga serpente” (Ofício da Imaculada Conceição).

[…] Ao terminar esta nossa carta, queremos testemunhar de novo a grande esperança aninhada em nosso coração, de que muitos, desgraçadamente separados de Jesus Cristo, retornarão a Ele, mediante as graças extraordinárias deste jubileu, por nós concedido sob os auspícios da Virgem Imaculada, e que no povo cristão reflorirá o amor às virtudes e o ardor à piedade. (Revista Arautos do Evangelho, Dezembro/2016, n. 180, pp. 6 à 7).

 
Comentários
Antonio Lucas Henrique de Paiva - 12 de Março de 2017
Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós e nos auxiliai na caminhada rumo ao Pai.