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A Irmã Leonilda, de 105 anos: “Estiveram a ponto de fuzilar-me junto das minhas Irmãs de comunidade”
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Madri – Espanha (Segunda-feira, 18-01-2016, Gaudium Press) Sua lucidez surpreende. Recorda nomes, lugares, datas, fatos. A Irmã Leonilda, das religiosas da Caridade do Sagrado Coração aos seus 105 anos de idade viveu “intensamente”, uma vida por Cristo e sua Igreja. Ela ofereceu alguns detalhes de sua vida a Juan José Montes da Arquidiocese de Mérida-Badajoz, entrevista que foi reproduzida pelo Serviço de Informação Católica da Comissão Episcopal de Meios de Comunicação Social da Conferência Episcopal Espanhola.

A Irmã Leonilda, de 105 anos.jpgA Irmã entrou no convento com 17 anos, e o fez com 4 irmãs de sangue. “Eu fui a segunda a entrar, depois vieram outras, até 5. Éramos uma família numerosa de 8 irmãos, 3 se casaram e cinco fomos religiosas nas Irmãs da Caridade do Sagrado Coração de Jesus. De todos ficamos eu e Pilar, a mais pequena da família, que seguiu o exemplo das mais velhas e hoje estamos as duas aqui, em Badajoz”, declara a religiosa.

105 anos significa que sofreu os rigores da guerra civil espanhola, já como religiosa. Viu a morte de perto, mas a Providência a preservou para futuras batalhas. “Estiveram a ponto de fuzilar-me junto com as minhas Irmãs de comunidade. Entraram no convento e o colégio que tínhamos em Madri e nos colocaram contra a parede. Um miliciano perguntou se nos fuzilavam e outro disse que esperara, que iria consultar. Retornou dizendo que não tinha ordens de fuzilar mulheres, assim que fugimos, quando chegamos à praça de Manuel Becerra vimos a fumaça; haviam queimado o colégio e o convento. Tínhamos muitos materiais educativos para as crianças. Não sobrou nada”.

Da Espanha da Guerra Civil a Cuba, como que Deus viu que tinha madeira para duras provas. Ali lhe tocou a ascensão do poder de Fidel Castro, com todas suas consequências para a Igreja. Em La Habana Irmã Leonilda resgatou os restos de sua fundadora, em uma história de verdadeira aventura.

“A Madre Fundadora, Isabel de Larrañaga, foi à Cuba antes da Independência. Na ilha havia uma epidemia e ela disse que onde sofriam suas Irmãs ali tinha que estar ela, a Madre ficou enferma e morreu ali”.

“Uma noite, quando Fidel falava por rádio à multidão, disse que ia converter o cemitério em que estava nossa fundadora em um campo de futebol, porque o cemitério estava bastante cêntrico em La Habana, e que o cemitério o levava a outro lugar. No dia seguinte estava cheio de gente que iam buscar aos seus defuntos, também nós, que estávamos na mesma situação a respeito de muitas Irmãs, entre elas nossa Madre Fundadora. Depois de muitos requisitos que tivemos que cumprir, nos deram permissão para trazê-la à Espanha”.

“Quando chegamos com a caixa ao aeroporto nos disseram que tinham que ver o que ia na caixa, apesar das atas e de estar fechada. Assim tivemos que voltar para trás, para o cemitério porque não tínhamos para onde ir, já que nos tinham tirado a nossa casa. Tivemos que reunir novamente aos serralheiros, carpinteiros, sacerdotes da Nunciatura, autoridades sanitárias, o Bispo de la Habana… e voltar ao aeroporto pensando em abrir a caixa, mas depois de toda a confusão o chefe que estava ali disse: ‘se estas mulheres dizem que aí vão somente os restos mortais de sua fundadora, eu acredito.’ Aquilo foi vergonhoso, corremos com a caixa para o avião e seus restos mortais repousam em Madri, junto a outras duas Irmãs mártires da Guerra civil. Há outras três cujos cadáveres não encontramos nunca”.

De Cuba a religiosa partiu aos EUA, onde aprendeu técnicas educativas para aplicar nos colégios de sua comunidade. Dos EUA seguiu a Porto Rico. Ali ela construiu um colégio a partir de um terreno que haviam comprado, em Canóvanas. Hoje em dia é um colégio prestigioso, e florescente. Depois Venezuela, e finalmente outra vez a Pátria, em Salamanca em 1981, e depois Badajoz, onde reside.

Já no ocaso de sua vida a Irmã viveu uma de suas maiores alegrias. “Estando já de volta à Espanha ainda saí algumas vezes à Roma, a primeira em uma peregrinação e a segunda para assistir a beatificação das Irmãs que haviam assassinado na guerra civil e me tocou levar as relíquias ao altar maior, um orgulho muito grande para mim. A Madre Geral me pediu que levasse as relíquias e isso me encheu de gozo e alegria”.

Olhar em retrospectiva lhe trouxe a alegria de uma vida doada generosamente, uma vida de entrega, por amor a Deus. “Quando olho para trás sinto muita gratidão a Deus. Foi uma vida pobre e longa, mas graças a Deus tive a oportunidade de fazer muito bem no mundo e isso me enche de consolo e alegria. Muito bem às crianças, muito bem aos padres e muito bem à minha Congregação, que quero e apreço muitíssimo, as Irmãs da Caridade do Sagrado Coração de Jesus, que me receberam quando tinha 17 anos e com as quais estive até agora graças a Deus, que me deu tantas bênçãos na vida e me ajudou tanto em situações bem difíceis. Cruzei a vida em situações muito agradáveis e também em outras muito difíceis, muito difíceis, mas graças a Deus, creio que tudo foi para sua glória e bem das pessoas que me rodearam toda a vida”. (GPE/EPC)

 

 
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