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Judite arquiteta um ousado plano
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 01/09/2016
 
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Redação – (Quinta-feira, 01/09/2016, Gaudium Press) – Durante o tempo em que o Rei de Judá, Manassés, estava deportado na Babilônia, ocorreu em terras israelitas um fato que mostra o heroísmo de uma mulher chamada Judite.

O sumo sacerdote organiza a defesa do povo

Após conquistar diversos povos do Oriente, um rei assírio com o nome de Nabucodonosor convocou Holofernes, o comandante-em-chefe de seu exército, para dominar todo o Ocidente. Com mais de cem mil homens foi ele escravizando as populações, obrigando-as a adorarem Nabucodonosor (cf. Jt 3, 8); e chegou às fronteiras da Judeia.

Na ausência do rei, o sumo sacerdote Joaquim organizou a defesa do povo eleito: “Mandou que se ocupassem todos os cumes dos montes e que cercassem as aldeias de muros. Escreveu também a todos os lugares por onde Holofernes podia passar, ordenando que protegessem as vertentes das montanhas e os desfiladeiros.” Eis um modelo daqueles que devem ser Pastores da Santa Igreja Católica.

E percorreu cidades hebraicas, recomendando aos habitantes que tivessem confiança, pois assim como Moisés, pelo auxílio divino, venceu povos idólatras, o Altíssimo os ajudaria a triunfar contra os inimigos.

Todos os países da região haviam se entregado aos assírios; apenas os judeus resistiam. Na cidade de Betúlia, situada no alto de montanhas, os israelitas organizaram a defesa valorosamente.

Testemunho de Aquior

Holofernes , que acampara com suas tropas próximo a Betúlia, reuniu os chefes dos povos submissos e perguntou-lhes quem eram os israelitas, qual o efetivo de seu exército, qual o poder de sua força etc.

Aquior, chefe dos amonitas, fez um breve e exato resumo da história dos hebreus, dizendo, entre outras coisas, o seguinte:

“Enquanto não pecaram diante do seu Deus, a prosperidade estava com eles, pois com eles está um Deus que odeia a iniquidade. Mas, quando se afastaram do caminho que Ele lhes traçara, foram terrivelmente destroçados em muitas guerras” (Jt 5, 17-18).

E acrescentou que se os judeus pecaram, serão conquistados. Mas se foram fiéis a Deus, Holofernes deve passar adiante, pois do contrário os assírios serão objeto do escárnio de toda a Terra.

Quando ouviram essas palavras, todos os assistentes gritaram dizendo que Aquior deveria ser morto. Cessado o tumulto, Holofernes, depois de jactar-se a respeito do poder de suas armas, ordenou que Aquior fosse entregue às mãos dos israelitas; ele foi amarrado e colocado ao pé de uma montanha, no alto da qual estava Betúlia.

Resgatado por alguns hebreus, Aquior foi conduzido à presença dos chefes, os quais lhe pediram contar o que havia ocorrido. Ele narrou tudo e, impressionados por sua retidão, o acolheram com alegria em Betúlia.

Habitantes de Betúlia querem se entregar

Holofernes comandava um exército de 170.000 soldados de infantaria e 12.000 cavaleiros, além de imensa multidão que os seguia a pé. Aconselhado por dirigentes de povos vizinhos, entre os quais os chefes dos descendentes de Esaú (cf. Jt 7, 8), Holofernes mandou bloquear a nascente que fornecia água para os habitantes de Betúlia, e cercar a cidade por todos os lados.

A sede começou a matar muitas pessoas. E, transcorridos 34 dias, o povo se dirigiu aos chefes e anciãos de Betúlia e clamou em alta voz, dizendo que a cidade deveria ser entregue a Holofernes, tornando-se assim seus habitantes escravos dos assírios. “E levantou-se da assembleia um pranto geral, unânime, enquanto clamavam ao Senhor com grandes brados” (Jt 7, 29).

Ozias, o principal chefe de Betúlia, disse-lhes que deveriam aguentar mais cinco dias, esperando a intervenção divina. Se Deus não os socorresse nesse prazo, entregar-se-iam a Holofernes.

Judite chama os anciãos

Residia em Betúlia uma viúva chamada Judite. Ela sempre trajava vestido de viúva, jejuava diariamente, exceto nos dias festivos e suas vigílias. “Era muito bela […], prudente de coração e com bom senso, muito honrada […] e muito temente a Deus” (Jt 8, 7-8). Seu marido lhe deixara muitos bens, além de servos e servas.

Tendo sabido das lamentações do povo e das palavras de Ozias, chamou-o, bem como outros dois principais anciãos, à sua casa.

Quando chegaram, Judite, com muita sabedoria e firmeza, increpou-os devido à promessa de entregar Betúlia, se Deus não interviesse nos próximos cinco dias. Entre outras coisas, disse ela: “Quem sois vós, que hoje tentastes a Deus e vos pusestes no lugar de Deus em meio aos vossos irmãos?” (Jt 8, 12). E acrescentou que se Betúlia se entregasse a Holofernes, logo depois o Templo seria saqueado. Graças deveriam dar a Deus por permitir essa provação, como o Altíssimo fez com Abraão, Isaac e Jacó. “É para advertir que o Senhor flagela os que d’Ele se aproximam” (Jt 8, 27).

Pleno de admiração, Ozias disse a Judite: “Não é de hoje que se manifesta a tua sabedoria, mas desde a tua infância todos reconhecem teu bom senso e as boas disposições do teu coração […] Portanto, roga por nós […], pois és uma mulher santa” (Jt 8, 29.31).

Judite afirmou que, com a ajuda divina, faria uma proeza e acrescentou: “Vós, porém, não procureis entender o meu plano.” Os anciãos, então, disseram: “Vai em paz, e o Senhor Deus esteja à tua frente para a vingança contra os nossos inimigos” (Jt 8, 34-35); e se retiraram.

Peçamos à Santíssima Virgem que nos conceda uma fé inquebrantável e uma combatividade invencível, como teve a heroica Judite, para enfrentarmos os que pretendem destruir a Santa Igreja de Deus.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 81)
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1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, v.III , p. 378..
2 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. Pequeno ofício da Imaculada Conceição comentado. 2. ed. São Paulo: Associação Católica Nossa Senhora de Fátima. 2010, v. I, p. 298.

3 – Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours.
Paris : Louis Vivès. 1863. v. III, p.125.

 
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