Contos Infantis

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Contos Infantis

Histórias para crianças e adultos cheios de fé.

Uma ponte para o Céu

As pontes foram criadas pelo homem para ajudar a transpor obstáculos e facilitar o acesso a um lugar que desejamos chegar. Uma vez sendo assim, não será que existe uma ponte para o Céu? Vejamos:


Lucas, um preguiçoso de bom coração

Aproximava-se a solene festa de Primeira Comunhão no colégio das Irmãs da Caridade. Por isso, muito ocupada e diligente, a bondosa irmã Estella preparava as crianças para o Banquete Celestial.

Porém, uma das crianças, a contristava: Lucas, o mais travesso do grupo e muito preguiçoso no cumprimento dos deveres. Apesar de ser piedoso e ter bom coração, ele passava o tempo todo reclamando dos sofrimentos, incômodos ou aborrecimentos do dia a dia.

De manhã, quando sua mãe ia acordá-lo, enrolava-se nos cobertores e continuava dormindo.

Na escola, nunca apresentava os trabalhos com pontualidade e fugia das provas sempre que podia. Aliás, para evitar uma delas, chegou a simular uma misteriosa paralisia muscular que lhe impedia de segurar o lápis nas mãos. Mas o professor decidiu, então, tomar-lhe a lição oralmente. No entanto, ele aparentou sentir uma terrível dor nos joelhos por ficar de pé durante a arguição, e queixou-se de agudas pontadas na coluna quando recebeu ordem para sentar-se!

 

Um crucifixo para meditar no sofrimento de Jesus

Preocupada, irmã Estella resolveu expor suas inquietações à madre superiora e, juntas, decidiram dar ao teimoso jovenzinho um Crucifixo, pedindo-lhe que a cada dia, antes de se deitar, meditasse no sofrimento de Nosso Senhor durante a Paixão.

Naquela noite, Lucas foi se recolher antes do habitual, tomou a imagem nas mãos e, pensativo, sentou-se na cama:

– O que devo fazer com esta Cruz? – perguntava-se, esquecido das instruções recebidas – Irmã Estella não me explicou direito. E estou com muito sono…

Depositou com cuidado o Crucifixo no criado-mudo, recostou a cabeça no travesseiro e adormeceu.


Um sonho especial

Em sonho, viu seus colegas se reunindo para uma excursão pelo bosque, a caminho de um local onde lhes tinha sido preparado um estupendo banquete. Entretanto, para desfrutá-lo precisavam vencer um desafio: todos deveriam carregar uma cruz de madeira ao longo do percurso. Assim, com efeito, desejando que a sua fosse bem leve, Lucas espantou-se ao receber uma, a seus olhos, de tamanho descomunal!

Logo após, revoltado com a própria sorte, sentou-se à beira do caminho. Em seguida, ao levantar os olhos, observou com inveja seus companheiros: alguns conversavam animados, outros cantavam ou rezavam. — “Certamente, devem ser leves aquelas cruzes” – pensou – “Se fossem tão pesadas como a minha, não estariam tão contentes!”.


Uma trapaça para andar mais depressa

Diante daquela situação embaraçosa, teve a seguinte ideia:

– Ah, já sei! – disse consigo – Cortarei um pouco suas pontas, para que fique menos pesada… Assim poderei andar mais depressa!

Logo após, ele havia serrado discretamente os extremos da sua cruz. Seguro de que ninguém perceberia a trapaça.

Contudo, ela continuava muito pesada…

Certo de que o tamanho de sua cruz ainda era exagerado, Lucas esgueirou-se entre os arbustos e, bem escondido, cortou-lhe outros tantos centímetros.

– Ficou perfeita! – exclamou.

Orgulhoso de seu esperteza, pôs-se a andar. Logo após, quando a fadiga e a preguiça se apoderava dele novamente, repetia aquela ação.

 

A um passo do Céu

No fim do dia, o grupo deparou-se com uma encosta íngreme que levava ao alto de uma montanha. De tal forma que, ao atingir o cume, um espetáculo maravilhoso se abriu diante de seus olhos: o céu parecia tocar a Terra e, no horizonte, vislumbravam-se vales, montes e colinas, com castelos e majestosas fortalezas. Ademais, na montanha oposta, plantações e jardins entremeados de lagos reluziam com incomparável beleza, os pássaros trinavam encantadoras melodias, sendo acompanhados por jubilosos hinos entoados por crianças e Anjos que, exultantes, desfrutavam do banquete ao qual haviam sido convidados. Dessa forma, os meninos pararam extasiados ante tão magnífica cena. Então, ao vê-los, os comensais os chamaram para o bem-aventurado convívio.

Sem embargo, antes era preciso transpor um terrível precipício. No entanto, para fazê-lo, cada qual devia deitar sua cruz, usando-a como uma ponte. Dessa forma, um a um, os meninos foram vencendo o perigoso abismo. Lucas, atônito e paralisado, ouviu que alguém o chamava do outro lado:

– Venha! Só falta você! Use a cruz como ponte!

No entanto, ela ficara tão pequenina por causa de suas artimanhas, que nem sequer podia dar um passo sobre ela… Como iria atravessar?! Seu desespero e tristeza foram tais, que se despertou num mar de lágrimas!

 

Agora compreendi qual é a ponte…

No dia seguinte, bem cedo, Lucas aprontou-se e foi correndo ao colégio à procura da irmã Estella, segurando o Crucifixo entre as mãos. E, ao encontrá-la, contou-lhe o que havia acontecido no sonho e prometeu nunca mais fugir nem reclamar dos sofrimentos e contrariedades. Agradecido pelo bem que ela lhe havia feito com o presente, disse:

– Agora compreendi que a Cruz é a única ponte que me levará ao Céu!

 

(Texto adaptado de Irmã Diana Milena Devia Burbano, EP, Revista Arautos do Evangelho, Abril/2016, n. 172, pp. 46-47)

Quem não gostaria de ter a chave do Céu? Mas, será que ela existe? Onde poderemos buscá-la? Talvez ela esteja mais perto de nós do que imaginamos. Quem sabe esta história nos ajude a encontrá-la…

O jovem que queria ser religioso

Cada vez que passava em frente ao convento dos franciscanos de sua pequena cidade, Lourenço sentia o coração bater mais forte. Ademais, aos domingos, Lourenço assistia à pregação e depois meditava nas palavras do frade de feições austeras e voz possante: “Lembrai-vos sempre, irmãos, que mais importa guardar tesouros no Céu ao invés de multiplicá-los na Terra. Além disso, o Senhor nos ensinou: ‘De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder sua própria alma?’

Um dia, não resistiu e perguntou a um franciscano:

– O que devo fazer para morar aqui?

O bom religioso deu-lhe uma resposta muito simples:

– Para viver abrigado por estas santas paredes é preciso desejar acima de tudo o Reino dos Céus, abraçando a pobreza em espírito, como fez Jesus.

Uma semana depois, o jovem, carregando apenas uma malinha, entrava no convento para não mais sair.

Lourenço, um noviço exemplar

O mestre de noviços, que passou a acompanhá-lo, se encantava com o exemplo do Irmão Lourenço. Pois, ninguém varria o chão ou lavava os pratos com maior entusiasmo; todas as suas ações pareciam uma prece.

Um dia, Irmão Lourenço notou o hábito de um frade em mau estado, e comentou:

– Vejo que sua manga está rasgada. Quer que a costure? Senão, quando o irmão for para as missões, as pessoas vão reparar. Somos pobres, mas dignos, e não fica bem usar um hábito rasgado… Se me permitir prestar-lhe tal serviço me estará concedendo uma graça, pois sou um pecador e tenho faltas a reparar.

– Mas tu sabes costurar?

– Não muito bem… Porém, minha mãe é costureira e com ela aprendi algumas lições do ofício.

– Está bem – concluiu o frade -, vamos ver como sai o serviço.

Surpreendendo a todos, Irmão Lourenço fez um trabalho exímio.

Trabalho e oração para glorificar a Deus

A notícia se espalhou pelo convento. Pois não demorou muito em aparecer o irmão cozinheiro com uma roupa queimada, quase perdida por causa de um forno muito forte. Também o irmão porteiro… E assim por diante. Logo depois, por determinação de seu superior, exerceu a função de alfaiate do convento.

Das mãos “orantes” daquele religioso, começaram a sair maravilhas acima das expectativas.

Passaram-se os anos. Por vezes, a quantidade de pedidos o levava a dormir muito pouco, a perder as horas de recreação, e ele sentia a tentação de julgar que assim também já era demais… Mas logo pensava que Deus o chamara para glorificá-Lo daquela forma, e esse motivo o levava a dedicar-se por inteiro, redobrando as orações.

Preparando-se para o Céu

Irmão Lourenço tornou-se um homem maduro e, com o tempo, um ancião. Contudo, seus cabelos ficaram prateados, mas nem por isso deixou de atender os pedidos de remendos e costuras.

O implacável peso dos anos trouxe- lhe uma febre incurável, que começou a consumi-lo. Então, pressentindo a partida desta vida, ele pediu os Sacramentos e passou a falar cada vez menos. Além disso, rezava muito e pensava no encontro com Deus.

Numa madrugada gélida de inverno, Frei Lourenço parecia não resistir mais. Logo depois, o sino do convento chamou a comunidade para acompanhar o querido irmão, em seus últimos momentos.

“Tragam-me a chave do Céu”

Ajoelhados, rezavam a oração dos agonizantes. Inesperadamente, um fio de voz quase imperceptível foi ouvido. Era Irmão Lourenço que pedia:

– Tragam-me a chave… a chave do Céu…

Os frades não entenderam. Qual seria essa “chave do Céu”? Então, um deles saiu correndo rumo à biblioteca e voltou com um livro chamado A chave do Céu. Assim, colocaram-no diante do moribundo, mas ele não se interessou. Apenas repetiu:

– Eu quero… a chave… a chave do Céu…

O superior mandou que trouxessem uma relíquia de São Francisco, à qual o enfermo tinha muita devoção. Mas ele seguia com seu raro pedido…

Então, a fisionomia de um irmão se iluminou. Por fim, cruzou rapidamente os corredores e voltou com a agulha de Irmão Lourenço. Ao vê-la, este esboçou um sorriso e disse:

– Sim, esta é minha chave do Céu! – e expirou

Sem ser grande aos olhos do mundo, nem receber recompensa por seus serviços, Irmão Lourenço se santificara com uma agulha na mão, trabalhando por amor a Deus. Para cada um a Providência tem preparada uma “chave” que lhe abrirá o Céu. Trata-se de saber cumprir sua vontade e seus desígnios. “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5, 3).

(Texto adaptado de Irmã Daniela Ayau Valladares, EP, Revista Arautos do Evangelho, Maio/2010, n. 101, p. 46-47)

Nós católicos, pelo menos todos os domingos rezamos “Creio em Deus Pai todo-poderoso”. Entretanto, em algumas situações da vida, alguns parecem não entender o real significado de “todo-poderoso”. Vejamos um exemplo disso.

Aventureiros do mar invadindo o Brasil

Nos tempos em que o Brasil ainda era colônia, muitos eram os aventureiros que cobiçavam nossa Terra de Santa Cruz. Por isso, alguns aldeães, de várias partes da Europa, seguiam um velho capitão sedento de conquistas. Todavia, um dos mais atentos e aguerridos era Franz, jovem de origem alemã que vivera sem rumo até se unir à expedição. E seu grande desejo era ser o melhor combatente daquele exército clandestino, ficar rico e assim poder formar o seu próprio bando. Por isso, ouvia com muita atenção as explicações do capitão e esforçava-se por superar todos nos exercícios de guerra.

Passados alguns meses em alto-mar, os aventureiros avistaram terra. Todavia, as coisas não se desenrolaram como eles esperavam… Assim que desembarcam em nossas belas praias, seu ímpeto de domínio encontrou forte resistência entre os habitantes, muitos dos quais indígenas já batizados, fruto de um dedicado trabalho de evangelização.

Preso numa cela de pau a pique

No decorrer de um enfrentamento, Franz não percebeu que havia uma armadilha entre duas palmeiras e caiu dentro de um buraco, sendo capturado e levado para uma cela de pau a pique.

— Por que eu? – queixava-se ele – Se sou o melhor combatente de nossa quadrilha!

De repente, enquanto murmurava, sentiu-se olhado por alguém. Era uma indiazinha trazendo-lhe algo para comer. Mas, em sua arrogância, Franz desviou o olhar, como se não estivesse faminto… Entretanto, ela deixou-lhe a comida e se afastou. Logo depois, vendo-a distanciar-se, observou que caminhava em direção a uma capelinha e lá a esperava um sacerdote.

“Você crê mesmo que Jesus está na Hóstia?”

Por vários dias, a cena da indiazinha deixando a comida se repetiu. Certa vez, decidiu perguntar à pequena, quando veio, deixar-lhe a comida:

— Ei! Menina! O que vocês fazem lá dentro?

— Dentro de onde? Da capela?

— É…

— Muitas coisas: de manhã temos Missa, porque bem cedo os homens partem para a guerra; à tarde, o padre chama as crianças, para rezarmos diante de Jesus, na Eucaristia, e pedirmos que Ele nos proteja e nos defenda.

Franz sentiu um arrepio, pois recordou-se de sua infância, quando também ia rezar na igreja de sua aldeia… Não obstante, querendo afastar a lembrança, perguntou com desprezo:

— E você crê, mesmo, que na Hóstia está Jesus?

— Claro!

— Vamos ver… Você sabe o Pai-Nosso? – inquiriu desafiante.

— Sei sim – respondeu Potira Maria, a indiazinha – “Pai nosso, que estais no Céu”…

— Suficiente! Veja o que diz: esse Pai, que você pensa que é Deus, está no Céu! Logo, não pode estar na Hóstia.

Deus é todo-poderoso

A menina pensou um instante e retrucou:

— E o senhor, já ouviu alguma vez o Credo?

Enquanto o prisioneiro murmurava por causa da sua sorte, dois olhinhos negros e brilhantes o fixavam. Por certo, o presunçoso prisioneiro assustado com a ousadia da menina, balbuciou:

— É… Já ouvi, sim…

— E seria capaz de repeti-lo?

Ele enrubesceu, mas se arriscou a pronunciar as palavras que há anos queria ter-se esquecido:

— “Creio em Deus Pai todo-poderoso”…

— Não precisa continuar… – atalhou a indiazinha – Se Deus é todo-poderoso, pode fazer o que quiser: estar no Céu e, ao mesmo tempo, na Hóstia consagrada!

Franz disse, meio sem jeito:

— Ora, não me amole! Só acredito no poder desse seu Pai se Ele me der um sinal…

Potira Maria dirigiu-se à capela, ajoelhou-se bem junto ao sacrário e fez uma humilde súplica:

— Meu Jesus, mostrai o vosso poder, mandando um sinal para aquele incrédulo prisioneiro e, pela vossa graça, ele poderá crer em Vós…

Deus manda um sinal

Passada uma semana, Franz foi surpreendido pela chegada de vários de seus amigos, agora cativos como ele.

— Que aconteceu? Por que vieram parar aqui? – perguntou ao que foi posto em sua cela.

— Fomos obrigados a recuar até o mar – disse ele – Não tínhamos mais saída! De fato, começamos a intensificar nossos ataques e, de repente, vimos aparecer no Céu uma Mulher com um Menino reluzente nos braços, tendo a seu lado um varão que nos apontava seu cajado com severidade e nos mandava sair destas terras. Decerto, foi um verdadeiro milagre! Ademais, os únicos que ficaram com vida fomos nós… e aqui estamos!!!

Franz começou a chorar e se pôs de joelhos, pois reconhecia naquele prodígio o sinal que pedira! Pois, um pesado remorso foi entrando em seu coração e ele se lembrou de todos os desvarios de sua vida… Então chamou o padre para fazer uma boa Confissão. Há quantos anos não o fazia!…

Sentindo-se leve e transformado, Franz usou de sua liderança para levar todos os seus companheiros a abandonarem a vida criminosa a que se tinham entregado. Com isso todos passaram a viver na Terra de Santa Cruz como uma piedosa milícia, a fim de defender o território dos invasores que nela quisessem se esgueirar.

(Texto adaptado de Lucília Bernadete dos Anjos de Maria Lima Guarany, Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2017, n. 188, p. 46 à 47)

As pontes foram criadas pelo homem para ajudar a transpor obstáculos e facilitar o acesso a um lugar que desejamos chegar. Uma vez sendo assim, não será que existe uma ponte para o Céu? Vejamos:

Lucas, um preguiçoso de bom coração

Aproximava-se a solene festa de Primeira Comunhão no colégio das Irmãs da Caridade. Por isso, muito ocupada e diligente, a bondosa irmã Estella preparava as crianças para o Banquete Celestial. 

Uma das crianças, porém, a contristava: Lucas, o mais travesso do grupo e muito preguiçoso no cumprimento dos deveres. Apesar de ser piedoso e ter bom coração, ele passava o tempo todo reclamando dos sofrimentos, incômodos ou aborrecimentos do dia a dia.

De manhã, quando sua mãe ia acordá-lo, enrolava-se nos cobertores e continuava dormindo. 

Na escola, nunca apresentava os trabalhos com pontualidade e fugia das provas sempre que podia. Aliás, para evitar uma delas, chegou a simular uma misteriosa paralisia muscular que lhe impedia de segurar o lápis nas mãos… O professor decidiu, então, tomar-lhe a lição oralmente. No entanto, ele aparentou sentir uma terrível dor nos joelhos por ficar de pé durante a arguição, e queixou-se de agudas pontadas na coluna quando recebeu ordem para sentar-se!

Um crucifixo para meditar no sofrimento de Jesus

Preocupada, irmã Estella resolveu expor suas inquietações à madre superiora e, juntas, decidiram dar ao teimoso jovenzinho um Crucifixo, pedindo-lhe que a cada dia, antes de se deitar, meditasse no sofrimento de Nosso Senhor durante a Paixão.

Naquela noite, Lucas foi se recolher antes do habitual, tomou a imagem nas mãos e, pensativo, sentou-se na cama:

– O que devo fazer com esta Cruz? – perguntava-se, esquecido das instruções recebidas – Irmã Estella não me explicou direito. E estou com muito sono…

Depositou com cuidado o Crucifixo no criado-mudo, recostou a cabeça no travesseiro e adormeceu.

Um sonho especial

Em sonho, viu seus colegas se reunindo para uma excursão pelo bosque, a caminho de um local onde lhes tinha sido preparado um estupendo banquete. Entretanto, para desfrutá-lo precisavam vencer um desafio: todos deveriam carregar uma cruz de madeira ao longo do percurso. Com efeito, desejando que a sua fosse bem leve, Lucas espantou-se ao receber uma, a seus olhos, de tamanho descomunal!

Após algum tempo, revoltado com a própria sorte, sentou-se à beira do caminho. E, ao levantar os olhos, observou com inveja seus companheiros: alguns conversavam animados, outros cantavam ou rezavam. — “Certamente, devem ser leves aquelas cruzes” – pensou – “Se fossem tão pesadas como a minha, não estariam tão contentes!”.

Uma trapaça para andar mais depressa

Diante daquela situação embaraçosa, teve a seguinte ideia:

– Ah, já sei! – disse consigo – Cortarei um pouco suas pontas, para que fique menos pesada… Assim poderei andar mais depressa!

Poucos minutos depois, ele havia serrado discretamente os extremos da sua cruz. Seguro de que ninguém perceberia a trapaça.

Contudo, ela continuava muito pesada… 

Certo de que o tamanho de sua cruz ainda era exagerado, Lucas esgueirou-se entre os arbustos e, bem escondido, cortou-lhe outros tantos centímetros.

– Ficou perfeita! – exclamou.

Orgulhoso de seu esperteza, pôs-se a andar. Logo após, quando a fadiga e a preguiça se apoderava dele novamente, repetia aquela ação.

A um passo do Céu

No fim do dia, o grupo deparou-se com uma encosta íngreme que levava ao alto de uma montanha. De tal forma que, ao atingir o cume, um espetáculo maravilhoso se abriu diante de seus olhos: o céu parecia tocar a Terra e, no horizonte, vislumbravam-se vales, montes e colinas, com castelos e majestosas fortalezas. Ademais, na montanha oposta, plantações e jardins entremeados de lagos reluziam com incomparável beleza, os pássaros trinavam encantadoras melodias, sendo acompanhados por jubilosos hinos entoados por crianças e Anjos que, exultantes, desfrutavam do banquete ao qual haviam sido convidados. Dessa forma, os meninos pararam extasiados ante tão magnífica cena. Então, ao vê-los, os comensais os chamaram para o bem-aventurado convívio.

Sem embargo, antes era preciso transpor um terrível precipício. No entanto, para fazê-lo, cada qual devia deitar sua cruz, usando-a como uma ponte. Dessa forma, um a um, os meninos foram vencendo o perigoso abismo. Lucas, atônito e paralisado, ouviu que alguém o chamava do outro lado:

– Venha! Só falta você! Use a cruz como ponte!

No entanto, ela ficara tão pequenina por causa de suas artimanhas, que nem sequer podia dar um passo sobre ela… Como iria atravessar?! Seu desespero e tristeza foram tais, que se despertou num mar de lágrimas!

Agora compreendi qual é a ponte…

No dia seguinte, bem cedo, Lucas aprontou-se e foi correndo ao colégio à procura da irmã Estella, segurando o Crucifixo entre as mãos. E ao encontrá-la, contou-lhe o que havia acontecido no sonho e prometeu nunca mais fugir nem reclamar dos sofrimentos e contrariedades. Contudo, agradecido pelo bem que ela lhe havia feito com o presente, disse:

– Agora compreendi que a Cruz é a única ponte que me levará ao Céu!

(Texto adaptado de Irmã Diana Milena Devia Burbano, EP, Revista Arautos do Evangelho, Abril/2016, n. 172, pp. 46-47)

Na sua opinião, qual deveria ser a atitude de um católico diante de alguém que rasgasse uma página… tão somente uma página da bíblia na sua frente? Posso até imaginar a resposta. Entretanto, há várias ocasiões na vida que precisamos ser bons observadores para tomar a atitude adequada segundo a vontade de Deus. Aliás, foi o que aconteceu com o Pe. Sebastião.

Um padre estimado como um verdadeiro pai

Havia vários anos que o Pe. Sebastião se encontrava como missionário numa pequena aldeia do interior do país. Aos domingos, dava aulas de catequese às crianças, para logo em seguida celebrar a Santa Missa. Por isso, muitos fiéis o tinham como um verdadeiro pai.

No entanto, não era este o caso de um homem chamado Akil. Eventualmente, sempre chegava cedo à paróquia, junto com as crianças da catequese, mas nunca entrava na igreja. Assim, ficava sentado nos degraus em frente à porta, fumando sem parar. Quando o padre saía da Missa, tentava puxar uma prosinha com aquele infeliz, a fim de conversar com ele sobre as coisas de Deus. Seus esforços, todavia, eram vãos.

Akil, um batizado revoltado contra Deus

Akil e seus parentes haviam sido instruídos na Fé pelos missionários. Todavia, pouco depois de receberem o Batismo, uma epidemia espalhou-se pela região e os membros daquela família foram morrendo um a um. Assim, restou a Akil apenas uma sobrinha, a jovem Sadhika, de quem ele teve que cuidar. Desde então, perturbado pela dor de tais perdas, Akil se revoltara contra Deus, deixando de rezar e de frequentar os Sacramentos.

A pequena pedia que a levasse à igreja, insistindo para que também assistisse à Missa, ao que sempre negava. Contudo, terminada a celebração, Akil, mal-humorado, tomava a criança pela mão e ia embora.

Fazer charutos com folhas da Bíblia!

Um dia, quando o religioso voltava da casa de um doente, no bairro de Sadhika, esta saiu correndo ao seu encontro, chorando.

– Padre, o senhor precisa vir comigo!

– Que aconteceu?!

– Padre! O senhor tem que falar com meu tio! Ele não quer mais me levar à igreja porque diz ser muito longe, e também não quer que eu vá sozinha… Por favor, socorra-me!

Cheio de compaixão, ele foi até a choupana de Akil e o encontrou sentado num cantinho do quarto, ocupado em fazer seus charutos. Posteriormente, viu numa mesinha a seu lado uma Bíblia aberta… Teria ele se convertido? Aproximando-se, antes que pudesse dizer qualquer palavra ouviu o som de uma folha rasgando-se… Akil acabara de puxar uma página da Bíblia! Espantado, o padre Sebastião exclamou:

– Pare! O que está fazendo?! Sem ao menos erguer o olhar, Akil respondeu:

– Não posso sequer enrolar charutos em minha própria casa e aparece um padrezinho para intervir, hein? Saia daqui!

E puxou outra folha grotescamente, prosseguindo seu “trabalho”…

– Não!!! A Bíblia…

– Ha, ha, ha… Uso-o para fazer meus charutos.

Docilidade às inspirações divinas

Indignado, o sacerdote avançou para arrebatar-lhe o Livro Sagrado das mãos, quando, de súbito, ocorreu-lhe uma ideia e disse:

– Escute, o senhor faz isso todos os dias?

– Claro! Sempre que preciso de um charuto. E sem fumar eu não vivo…

– Bom, então façamos um trato: cada vez que for arrancar uma folha da Bíblia, leia antes.

Akil replicou:

– Que perda de tempo! O que vou ganhar com isso?

– Espere e verá! Leia tão somente uma página por vez e acabará recebendo uma enorme recompensa…

Desconfiado, mas um tanto curioso, ele concordou.

A força da palavra de Deus

Passaram-se algumas semanas. Inesperadamente, certo dia, antes da Missa, ouviu alguém bater de forma desesperada à porta da sacristia.

Qual não foi sua surpresa ao encontrar Akil, com os olhos cheios de lágrimas…

– Padre, preciso falar com o senhor! Comecei a ler cada folha da Bíblia como combinamos. Entretanto…

Deteve-se por um instante para mostrar-lhe o papel que trazia nas mãos e disse:

– Veja: aqui estão as palavras que, como um relâmpago, iluminaram meu coração nesta manhã…

O padre logo viu o trecho: “Lembra-te da ira do último dia, e do tempo em que Deus castigará” (18, 24). Akil continuou:

– Passei todos estes dias meditando sobre o rumo que havia tomado minha vida. Então, a cada página que lia, sentia como se o próprio Deus me falasse, recriminando-me por haver afastado d’Ele. Mas, hoje…

Olhando bem para o sacerdote, acrescentou:

– Sempre quis ser missionário, como o senhor. No entanto, a insolência com que respondia às suas amabilidades era, na realidade, uma barreira para não me deixar levar por elas. Quanto tempo desperdicei inutilmente! Quanto caminho andado em sentido contrário! Mas, será que ainda é possível realizar este sonho?

Sem poder acreditar no que ouvia, o religioso disse, cheio de contentamento:

– Certamente!

Akil pediu para confessar-se e passou a morar na paróquia, onde desempenhava com alegria os mais humildes serviços. Às vezes, ao cair da tarde, o padre Sebastião dava-lhe aulas de teologia e liturgia. E à noite passava horas a fio em adoração diante do tabernáculo, pedindo perdão a Jesus por ter vivido afastado d’Ele por tão longo tempo.

Sadhika foi acolhida pelas Irmãs da Caridade. Passados alguns meses, Akil embarcou para Portugal, a fim de ingressar no seminário.

(Texto adaptado de Irmã Adriana María Sánchez García, EP, Revista Arautos do Evangelho, Setembro/2015, n. 165, p. 46-47)

No Universo criado por Deus nós recebemos através dos seres criados muitas lições. Elas nos ensinam como devemos ama-lo, sobre todas as coisas. O reino animal é um exemplo desses ensinamentos. Assim, até as formiguinhas podem ser elas também, para nós, uma grande lição.

Um noviço atrapalhado

No Mosteiro de Santa Maria, os religiosos se preparavam para uma grande cerimônia. Assim, uns arrumavam as flores, outros limpavam a capela, outros ainda se ocupavam em preparar as funções litúrgicas, com muito espírito de oração e recolhimento. Porém, havia alguém que “ajudava” de modo singular…

Tr r a a á – p á – p á – pum!!! Crás!!!… O velho padre Egídio que, de olhos fechados, estava muito compenetrado em sua prece, levantou-se espantado e, pensando ser o ataque de algum bandido, exclamou:

– Santíssima Virgem Maria, valei-nos!

Que havia acontecido?

Em instantes descobriu ele tratar-se de mais um estrago produzido pelo noviço Mauro, que tinha muito desejo de ser santo, vivia rezando, oferecia-se com presteza para qualquer serviço, mas… era um atrapalhado! Pois pediram a ele que fizesse a caridade de levar o último vaso de flores para o presbitério. Entretanto, ao subir os degraus, Mauro tropeçou e caiu. E – foi o pior de tudo! – além de quebrar o vaso, agarrou-se ao arranjo floral feito para o nicho da imagem de Nossa Senhora, desfazendo-o por completo. Em dez segundos conseguira destruir o que custara horas para se elaborar!

De fato, impossível foi esconder o desapontamento dos monges. Alguns instantes depois, retomavam o trabalho com afinco, sem dar nenhuma mostra de indignação contra o noviço, ao qual pediram, delicadamente, a caridade de não os “ajudar” mais…

Os males da tristeza

Na hora da cerimônia, Mauro não estava alegre como os outros religiosos. E com o passar dos dias, o abatimento não diminuiu, mas sim seu fervor. Pois achava que o fato de ser tão desastrado tornava-lhe impossível alcançar a tão almejada santidade.

Assim, logo afundou em terrível desalento e amargura. E então, aquele noviço, antes sempre disposto a ajudar os outros, procurava fugir até dos seus próprios encargos, e vivia resmungando pelos corredores… Desanimado, chegou a pensar em ir embora do mosteiro.

Uma tarde, mergulhado em tais cogitações, pediu autorização ao prior para passear no bosque.

Atravessou o portão do mosteiro e começou a vagar sem rumo em meio às grandes árvores, refletindo em sua atual situação. Em certo momento, lembrou-se do conselho do prior e resolveu rezar o Rosário – o que há tempos não fazia… -, pedindo à Mãe do Céu socorro para seus problemas. Sua alma, todavia, estava tão fraca e melancólica que, na primeira dezena, deixou cair o terço.

Uma formiguinha esforçada e perseverante

Quando se inclinou para recolhê-lo, percebeu algo que se movia junto a seus pés… Deteve-se, para descobrir de que se tratava. Viu, então, uma formiguinha carregando uma folha muito maior do que ela. O peso fazia com que pendesse ora para um lado, ora para outro. Apesar de tamanha desigualdade, ela mantinha-se perseverante em transportar sua enorme carga. E a cada vez que tropeçava, a formiguinha recomeçava… Prendia a folha com força e continuava o caminho, pois seus instintos lhe diziam quão importante era aquele fardo diante do terrível inverno que logo chegaria.

Mauro acompanhou o longo percurso do inseto até que ele entrou no formigueiro, meditando na cena que lhe calara fundo na alma… Quando se deu conta, já estava escurecendo e aproximava-se o horário determinado para retornar.

Serei santo, custe o que custar!

No caminho de regresso, pôs-se a analisar seu estado espiritual: havia se deixado levar pelo desânimo e abandonado a constância na oração. Mas recebendo a lição de nunca desistir, dada por aquela formiguinha, com firmeza decidiu:

– Serei santo, custe o que custar! Abraçarei minha vocação com todas as forças, mesmo que as tentações me derrubem. Permanecerei na busca do bem até que, um dia, pela misericórdia de Nossa Senhora, Ela me obtenha a graça de ser um monge que pratique as virtudes em grau heroico!

E recomeçou a recitação do Rosário, agora com incomparável fervor.

Desde então, Mauro tomou-se por um entusiasmo maior do que quando entrara para a vida monacal, e voltou às suas atividades cotidianas convencido de que a graça não pode inspirar desejos irrealizáveis! Aprendera que, apesar de sua pequenez, podia aspirar à santidade, pois o que Deus quer é a confiança em sua misericórdia e a perseverança na oração. E aos poucos foi vencendo esta sua dificuldade, com a ajuda da graça e o apoio fraterno de seus irmãos de hábito, caminhando a passos largos na via de sua tão anelada santificação.

(Texto adaptado de Irmã Letícia Gonçalves Sousa, EP, Revista Arautos do Evangelho, Setembro/2014, n. 153, p. 46-47).