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Arautos


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Testemunhos: Espírito maravilhoso, harmonia na diversidade
 
AUTOR: IR. DIANA MILENA DEVIA BURBANO, EP
 
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Na Índia, como em tantos outros países, numerosos fiéis se entusiasmam com o carisma dos Arautos. Mas esse carisma brilha ali com características muito especiais. Foi o que pudemos constatar numa recente viagem.

Poucas experiências na vida trazem sentimentos tão contraditórios quanto a perspectiva de uma viagem. Sobretudo em se tratando de atravessar quase metade do planeta… Mil imaginações povoavam nossa mente enquanto sob nossos pés sucediam-se países, rios, montanhas e mares vistos da perspectiva mais privilegiada: desde as nuvens. Encontrávamo-nos duas irmãs em pleno voo a caminho da Índia, onde passaríamos algumas semanas em missão.

Que tipo de acolhida receberíamos? Como seriam as pessoas? A comida, o clima e até os trajes típicos – aqueles belíssimos saris saídos quase de um conto de fadas – ocupavam nosso pensamento… Era uma aventura totalmente nova para nós. E, ansiosas por encontrar respostas a todas estas interrogações, vimo- -nos, por fim, em terras indianas.

Casais Valentine e Anna Coelho,
Lewis e Zenita Sequeira, na Basílica
de Nossa Senhora do Rosário,
Caieiras (SP)

Alegres, imaginativos e profundamente religiosos

Logo de início, comprovamos que a hospitalidade do povo iria marcar indelevelmente nossos corações. Estando em Nova Déli necessitadas de orientação a fim de não perdermos o voo com destino a Goa, um jovem se dispôs a atravessar o aeroporto inteiro para nos guiar, pedindo apenas que rezássemos por ele e por sua família. Ao despedir-se mostrou-nos, sorridente, a imagem do Sagrado Coração de Jesus que levava junto ao seu cartão de identificação…

A partir deste primeiro gesto começamos a compreender certos aspectos do povo indiano que só mesmo no convívio com eles podem-se notar: apesar da diversificada cultura, das vinte e uma línguas oficiais e mais de mil dialetos distintos, há nas pessoas uma tal alegria em ajudar e em doar-se que faz da Índia uma grande família risonha, imaginativa, tendente ao maravilhoso e profundamente religiosa.

Consagração aos Anjos da Guarda

Nosso destino era a cidade de Goa, localizada no sul do país, em uma região de ancestralidade portuguesa, onde as características igrejas caiadas de branco, em estilo colonial, misturam-se com a colorida cultura hindu. Por todas as partes podíamos contemplar o legado católico deixado pelos filhos de Portugal em sua colonização.

Embora o idioma luso não mais soe de modo familiar ali, a fé e a piedade recebidas dos antigos ainda pairam à maneira de bênção sobre aquelas terras. Logo nos sentimos edificadas com o recolhimento das pessoas nas igrejas, reflexo de um espírito contemplativo constantemente posto em considerações sublimes, pronto para falar com Deus e com o mundo sobrenatural.

Durante nossa estadia na Índia, realizamos as mais diversas atividades com um grupo de jovens que desejam muito se entregar a Deus no seio dos Arautos. Para elas e seus familiares foram dadas várias palestras que teriam como conclusão uma solene consagração aos Anjos da Guarda, a qual ocorreu em meados de abril, na Igreja de Nossa Senhora da Penha de França.

Eficaz fator de comunhão eclesial

Entre aqueles que participaram dessas atividades encontra-se o casal Valentine e Anna Coelho, pais de quatro jovens arautos e coordenadores nacionais da Liga de Casais da Índia.

No desempenho de suas funções como líderes desta associação, testemunham eles o quanto o apostolado promovido pelos Arautos é eficaz fator de comunhão eclesial em terras indianas: “Mantemos contato próximo com os irmãos Arautos do Evangelho, porque confiamos em sua sabedoria e orientação espiritual nas questões de Fé. Queremos agradecer toda a ajuda que deles recebemos em nossa pastoral do Encontro Mundial de Casais, ao ministrarem seminários para os membros de nosso grupo e conduzirem programas de formação na Fé para as crianças enquanto seus pais participavam dos encontros de casais”.

E acrescentam: “Em nossos labores pastorais como casal da Equipe Nacional Eclesial do Encontro Mundial de Casais, viajamos por toda a Índia e muitos dos Bispos com que tomamos contato nos disseram que conhecem e apreciam bastante o trabalho que os Arautos realizam aqui. Também estão satisfeitos com a revista mensal Arautos do Evangelho, que muitos solicitaram para seus seminários devido aos ensinamentos ortodoxos e à beleza com a qual a Fé é apresentada”.

Carisma compartilhado pela família inteira

Mas se o espírito de comunhão eclesial é um dos pontos a ressaltar no relacionamento dos Arautos com a Igreja local, não menos notável é o fato de famílias inteiras sentirem-se parte de um mesmo carisma.

Há cinco anos, um jovenzinho indiano viu pela primeira vez os arautos de hábito, cantando numa Missa em sua cidade, e pensou: “É isso mesmo! Eles são a ordem religiosa para a qual Deus me chama!” Hoje, ele tem dezesseis anos e reside numa das casas de formação no Brasil.

Sua irmã, depois de frequentar as programações realizadas para as meninas em Goa, manifestou aos pais o desejo de ingressar também nos Arautos, obtendo deles autorização para viver numa das casas em São Paulo. O casal Lewis e Zenita Sequeira Vaz veio visitar seus filhos recentemente e, retornando à sua pátria, escreveu-nos:

“Ao ver nossos filhos crescendo em virtude, ficamos muito gratos a Nossa Senhora pelos Arautos. Enquanto estivemos aí, sentimo-nos estimulados pela devoção e alto grau de santidade que encontramos; foi como experimentar um pequeno pedaço do Céu. As palavras ‘Salve Maria!’ ressoam em toda parte… Tivemos o privilégio de ver pessoalmente Mons. João Clá e pudemos comprovar que há muita alegria irradiando de todos vocês. Esperamos voltar novamente. A piedade, devoção e santidade dos Arautos é como uma rocha à qual nos apegamos nestes tempos conturbados!”

Testemunho de alguns párocos

Ainda a respeito do saudável impacto causado pelo hábito dos Arautos nessas almas tão tendentes a se encantar com a harmonia na diversidade, testemunha o Pe. Tony Fernandes, superior do Mosteiro do Pilar, da Sociedade Missionária de São Francisco Xavier: “Conheço os Arautos do Evangelho desde 2008, quando eles realizaram um retiro em nosso centro de animação, adjacente ao mosteiro do qual sou superior. Meus confrades e eu ficamos edificados pela devoção dos irmãos à nossa Mãe Santíssima. Eles fizeram esquetes sobre vidas de Santos e promoveram conversas que cativaram os jovens. Fiquei impressionado com a bela imagem do Imaculado Coração de Maria que levaram em procissão rezando o Rosário, e maravilhado com o aspecto militar de seu hábito, que também ganhou a admiração de meus confrades e de nossos noviços e seminaristas”.

Semelhante é o teor da carta escrita recentemente pelo Pe. Caetano Johnsie Pereira, pároco da Igreja de Santa Ana, em Goa: “Admiro profundamente a sua fidelidade à doutrina e à moral católicas; eles servem não apenas como um exemplo para os jovens, mas para todos os fiéis nesta época em que tantos são desviados. É meu sincero desejo que os Arautos continuem a me ajudar em meu ministério pastoral e também rezo pela expansão de seu trabalho em todo o mundo”.

Alegria familiar por uma vocação sacerdotal

Para os Arautos é impossível falar da Índia sem mencionar as vocações sacerdotais que ali têm surgido, unindo famílias e religiosos na construção do Reino de Maria Santíssima. Philip Fernandes assim manifesta sua alegria por ter visto desabrochar em sua família uma dessas nobres vocações:

O Núncio Apostólico no
Brasil ordenando
presbítero o Pe. Joaquim
Fernandes no dia
25/4/2015

“Realmente me orgulho de meu filho, Pe. Joaquim Fernandes, EP. Ele era um jovem impetuoso, distraído e extremamente extrovertido e hoje vejo-o transformado num sacerdote calmo, fervoroso e responsável. Apoio firmemente os Arautos e a sua missão de ajudar os jovens, orientando aqueles que têm vocação para uma santa vida religiosa e tornando-os profícuos na vinha da Santa Igreja. Sua postura ereta, vestuário limpo e sério, enfim, sua aparência pessoal confere uma aura muito prestigiosa à vida religiosa. Rezo e espero que um dia, se for a vontade de Deus, meu Joaquim seja enviado de volta à Índia para evangelizar este belo país que possui a segunda maior população do mundo!”

Interessante complemento deste testemunho são as palavras de Judith Moraes, irmã deste mesmo sacerdote, que narra com vivacidade: “Meu irmão foi convidado a visitar as casas dos Arautos na Espanha e em Portugal em 1999, o que se tornou uma experiência vocacional. Ele então decidiu abandonar tudo: família, amigos e até mesmo uma brilhante carreira, para seguir a Cristo e ser um arauto do seu Evangelho! A princípio, não foi fácil para a família aceitar essa decisão aparentemente súbita, sobretudo considerando que ele era o único filho homem. Mas, gradualmente, vendo sua completa transformação espiritual, seu amor e entusiasmo em servir a Cristo através da Mãe Maria, a família começou a aceitar sua decisão.

“Ao longo dos anos, as surpresas não pararam, até que, um belo dia, ele nos informou que logo seria ordenado diácono e depois sacerdote dos Arautos no Brasil! Houve muita alegria e júbilo na família Fernandes! Atualmente ele reside no Brasil e também exerce seu ministério no Paraguai e nos Estados Unidos, sempre que necessário. Apesar de sua agenda lotada, ele fez uma viagem apostólica à Índia neste ano para visitar a família, os amigos e as comunidades dos Arautos aqui e no Sri Lanka”.

“Ele tinha Nossa Senhora do seu lado”

Embora um tanto diversa, igualmente desperta nossa admiração a trajetória vocacional de outro arauto sacerdote indiano, conforme atesta seu pai Ligoury Sequeira:

“Meu filho, Pe. Joshua Sequeira, EP, foi atraído para os Arautos do Evangelho pela própria Nossa Senhora, quando teve uma experiência com Ela na casa dos nossos amigos, onde os Arautos se encontravam com a Imagem Peregrina. Ele ainda era estudante de colégio e quis se juntar a eles imediatamente… Como não conhecíamos nada sobre o grupo, nós o impedimos categoricamente, dizendo-lhe que só poderia ser um deles depois que completasse seus estudos e experimentasse o mundo. Nós, seus pais, realmente lhe causamos muita dificuldade. Mas ele tinha Nossa Senhora do seu lado, era firme e sabia o que queria. Ingressou depois de completar sua graduação como bacharel em Ciências.

“Agora, em retrospecto, não estamos arrependidos, mas sim muito felizes porque os Arautos do Evangelho deram a nosso filho uma sólida base na Fé Católica e nós mesmos crescemos espiritualmente. Devo dizer que participei de uma Missa rezada pelo Pe. Joshua e outro sacerdote arauto quando eles estiveram aqui em Mumbai nos dias 21 e 22 de maio deste ano, ficando muito edificado pela santidade e reverência com que celebraram. Foi uma experiência realmente emocionante vê-los celebrar de maneira tão santa. E isso foi comentado por todos os que compareceram à Liturgia.

“Enfim, todos os dias peço a Nossa Senhora que aumente os membros dos Arautos, que os proteja e guie na difusão da Palavra de Deus, e que haja uma comunidade permanente deles aqui em Mumbai”.

Fato inexplicável pela ciência

Como nos outros lugares onde realizam sua ação evangelizadora, também na Índia os Arautos recebem frequentes repercussões de graças alcançadas e de fatos inexplicáveis para a ciência humana.

James Kurian assim narra o favor recebido do Céu por ele e sua esposa, Nadisha Coelho James: “Nós nos casamos no ano de 2013 e estávamos ansiosos por ter muitos filhos. Entretanto, vários meses se passaram sem que isso se desse. Depois de três anos de visitas aos médicos, testes e tratamentos inúteis, entregamos este nosso sonho nas mãos de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Convidamos os Arautos para levar a Imagem Peregrina a nossa casa no dia 16 de julho de 2016, e rezamos pedindo o dom de um filho. Eu já havia decidido que faria a consagração a Jesus através de Maria formalmente com os Arautos do Evangelho, o que fiz no dia 7 de outubro de 2016. Então tudo foi entregue nas mãos de Nossa Senhora para apresentar a Nosso Senhor como Ela quisesse. No mês seguinte (novembro de 2016) minha esposa engravidou, quando menos esperávamos! Foi realmente um milagre!

“Nossa filha Thèrese nasceu no dia 3 de agosto de 2017 e foi consagrada como escrava a Jesus através de Maria no dia 13 de outubro de 2017. Agradecemos a Nossa Senhora por apresentar nossa necessidade ao seu Filho, dizendo-Lhe ‘eles não têm vinho’, e a Nosso Senhor por atender à solicitação d’Ela, enchendo a nossa taça até transbordar. Somos muitíssimo gratos aos Arautos do Evangelho por ter-nos dado esta oportunidade de nos consagrarmos a Jesus através de Maria”.

James Kurian, sua esposa, Nadisha Coelho
e a filhinha, Thèrese, presente enviado
por Nossa Senhora

“Colocamos nossas almas nas mãos d’Ela”

Celina Ribeiro, casada há dez anos e mãe de três crianças, descreve uma singular graça recebida com o Oratório do Imaculado Coração de Maria quando passava por uma situação delicada de saúde: 

“Há algum tempo, comecei a sofrer de fadiga severa, juntamente com dores de cabeça causadas por um estranho e estridente som no meu ouvido direito. Depois de várias consultas médicas e exames de sangue, descobri que meu nível de hemoglobina estava perigosamente baixo. Apesar de todos os esforços médicos, meu sangue começou a coagular… Nós tínhamos tentado de tudo, mas nada parecia funcionar! Decidimos abandonar o conselho dos médicos e confiar inteiramente na Providência, colocando a minha saúde nas mãos d’Ela.

“Quando informamos os Arautos do Evangelho sobre a nossa decisão, eles nos perguntaram se gostaríamos de ter o Oratório de Nossa Senhora em nossa casa por um dia. Durante a recitação do Rosário, fixei o meu olhar no d’Ela, pedindo- -Lhe do fundo do meu coração que desse alívio aos meus problemas de saúde. De repente, eu A vi sorrir para mim! Foi um sorriso inconfundível! Seu rosto começou a ficar mais formoso e Ela parecia estar viva! Eu não pude deixar de me sentir animada! Desapareceu toda fadiga e me senti capaz de fazer meus trabalhos diários confortavelmente.

“Agradeço-lhes por ensinar minha família sobre Nossa Senhora e nos dar a oportunidade de nos consagrarmos a Ela. Aumentamos aos saltos nossa devoção à nossa Mãe Santíssima. Nossas vidas não são mais as mesmas, pois colocamos nossas almas seguramente nas mãos d’Ela”.

De volta a terras brasileiras, fazíamos mentalmente um retrospecto de todas as experiências que tivemos na Índia e líamos e relíamos os testemunhos que de lá nos foram enviados.

Das impressões que se gravaram em nossos corações, sobressaíam a generosa acolhida, a piedade e o valor dos fiéis; os costumes e as belas vestimentas. E tudo isso resultava na lembrança de um mundo maravilhoso, cheio de encantos, que transparecem até nas refeições: pratos ricamente condimentados mais próprios à mesa de um marajá, contando até com sobremesas revestidas de folhas de prata!

O que será desta nação, se ela corresponder por inteiro às graças que a Providência lhe tem reservado? Não o sabemos. Entretanto, é esta a esperança que depositamos aos pés da Santíssima Virgem: que por fim o seu Imaculado Coração triunfe na Índia! (Revista Arautos do Evangelho, Novembro/2018, n. 203, p. 36-39)

 
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