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Contos Infantis


Sandálias para o Menino Jesus
 
AUTOR: MARIA AUXILIADORA BOLDORI LIMA
 
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Depois de muito procurar, o vendedor encontrou um par de sandálias bem diminuto, o menor que havia no balcão. Mas… era duas vezes maior que os pezinhos do Menino! Como resolver a situação?

Toc-toc-toc!… Toc-toc- -toc!…

São José trabalha com esmero em sua oficina. É fim de tarde e uma tempestade começa a se armar no horizonte, trazendo um vento fresco e agradável. Enquanto as veneráveis mãos do Patriarca batem os pregos e lixam as últimas peças de uma primorosa mesinha de cedro, seu coração está posto no tesouro que Deus lhe confiou: Maria e Jesus, o qual já conta pouco mais de um ano de idade.

 
Sem alterar em nada a placidez do
semblante, São José fitou o Menino
com um sorriso

Instantes depois de finalizar o móvel, ele ouviu a voz serena de sua Esposa, que Se aproximava com o Menino nos braços. Ao ver que já terminara o expediente do dia, Ela pediu:

— José, nosso Filho logo estará dando seus primeiros passinhos e não podemos permitir que Ele coloque seus pezinhos descalços no chão. Penso que hoje seria um bom dia para sairdes com Ele a fim de comprar-Lhe um par de sandálias.

Ora, pela janela à sua frente o Santo Patriarca via o céu já coberto de nuvens negras. Se a tempestade caísse e estivessem na rua, Jesus ficaria todo molhado e poderia pegar um resfriado.

Um tanto perplexo, mas em sua invariável calma, disse ele a Maria:

— Minha Senhora, se achais bem vou agora mesmo, apenas peço que o Menino fique convosco, pois receio que a chuva nos surpreenda pelo caminho.

Entretanto, a Santíssima Virgem voltou-Se tranquilamente para observar o firmamento pela janela e, sorrindo, respondeu:

— Levai convosco o Menino e nada temais.

Jesus, então, abriu os bracinhos e inclinou-Se com vivacidade na direção de São José, que O tomou no colo e, confiante nas palavras de sua Esposa, saiu no mesmo instante.

Ao dobrar uma esquina onde havia várias tendas de comércio, contudo, José viu que alguns vendedores já recolhiam as mercadorias, receosos da chuva que não tardaria a desabar. Ali podia-se encontrar, dispostos em grandes cestos, toda espécie de produtos: tapeçarias, tecidos, ferramentas, perfumes, cereais… O Santo Patriarca caminhou resoluto em direção àquela onde se vendiam calçados.

Vendo-o aproximar-se, Baltazar, o dono da tenda, teve uma agradável impressão: “Que homem distinto! Não sei por que, mas sinto uma alegria muito grande… E o Filhinho dele, que encanto!”

Com toda presteza, enquanto pensava pegou o material que já havia guardado e expôs novamente na banca. Eram os melhores produtos que tinha a oferecer: sandálias de excelente couro, fabricadas por ele mesmo, cujos cordões de linho branco ou tingidos de vermelho eram obra de sua dedicada esposa.

Baltazar os recebeu com vivo entusiasmo:

— Boa tarde, senhor! Em que posso servi-lo?

— Peço que me desculpe pelo horário. Preciso de um par de sandálias para meu Filho. O senhor tem algum à disposição?

O vendedor, contendo a emoção, disse:

— Para esse Pequenino? Vamos ver…

Depois de muito procurar, encontrou um par bem diminuto, o menor que havia no balcão. Mas… era duas vezes maior que os pezinhos de Jesus! E agora? José não podia voltar para casa de mãos vazias…

Cheio de compaixão, Baltazar tentou ajudar:

— Meu senhor, talvez tenha algo lá dentro…

E entrou pressuroso em sua casa, que ficava a poucos metros da tenda. Sabia ele que lá não havia produtos para vender, porém pretendia pegar um par de sandálias de primeira qualidade que confeccionara para seu filhinho caçula, poucas semanas antes, e que ainda não fora usado. Sem pensar duas vezes, tomou-as no armário e levou-as à tenda.

Foi então que o Menino Jesus
caminhou pela primeira vez…

Estas tampouco serviram no Menino Deus…

— Grandes demais! – exclamou decepcionado, ao experimentá-las em seus sacrossantos pezinhos.

Enquanto o pobre homem se desculpava, Jesus, que Se encontrava sentado sobre o balcão, curvou- -Se e passou a mãozinha sobre cada um dos calçados, como se estivesse querendo brincar com as belas tiras de cor escarlate. Qual não foi a surpresa de Baltazar quando se inclinou para tirar as sandálias do Menino e viu que estavam perfeitamente encaixadas em seus pés!

— O que aconteceu?! As sandálias diminuíram!! O senhor está vendo o mesmo que eu?! – perguntou, assombrado, a São José.

Este, sem alterar em nada a placidez do semblante, fitou o Menino com um sorriso. Bastou assistir àquele cruzar de olhares entre pai e Filho para Baltazar perceber que estava diante de algum mistério sublime. Então Jesus olhou para o bom vendedor e, balançando os pezinhos, bateu as mãozinhas como a aplaudir, querendo manifestar estar muito agradado com os novos calçados.

Justo nesse momento as primeiras gotas de chuva começaram a cair.

— Levarei este par – anunciou São José – Quanto custa?

— Nada, meu senhor. Considere-as como um presente meu e de minha esposa ao seu encantador Filhinho. E quando necessitar de um novo, não hesite em vir buscá-lo aqui! Será uma honra servi-los com o melhor que houver em nossa casa.

O próprio Jesus, no entanto, puxou o braço de seu pai, e José entendeu ser aquele gesto uma ordem para recompensar o homem. Embora a contragosto, Baltazar teve de se resignar a aceitar as moedas que São José lhe entregou, despedindo- -se em seguida.

A chuva já caía torrencialmente. Coberto da cabeça aos pés pela capa de seu pai, Jesus apreciou sobremaneira a viagem de volta, pois gostava muito de chuva e, de vez em quando, abria uma frestinha entre os tecidos para poder vê-la e molhar a ponta dos dedinhos!

Quando chegaram a casa, Nossa Senhora veio recebê-los e, retirando-lhes o manto, mostrou a seu esposo que estava inteiramente seco… São José ficou um tanto surpreso, mas já havia entendido o ocorrido.

Foi então que o Menino Jesus desceu do colo de São José e caminhou pela primeira vez, com os bracinhos erguidos na direção de Nossa Senhora. Seus pais se ajoelharam num ato de adoração e Ele deu uns cinco ou sete passos, até chegar à Mãe e abraçá-La com infinita ternura. (Revista Arautos do Evangelho, Março/2019, n. 207, p. 46-47)

 
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