Ó Deus, que tornastes santo Tomás de Aquino um modelo admirável pela procura da santidade e amor à Ciência sagrada, dai-nos compreender seus ensinamentos e seguir seus exemplos.

As obras de São Tomás de Aquino, celebrado pela liturgia no dia 28 de janeiro, foram um luzeiro de sabedoria, conduzindo-nos para uma compreensão mais profunda de Deus e sua religião.

Vida de piedade impregnada nas obras de São Tomás

Se não bastasse toda sua inteligência e fulgor, também era piedoso, humilde, gentil e profundamente devoto da Sagrada Eucaristia, tanto que compôs o hino que lemos ou cantamos ainda hoje na festa de Corpus Christi: Lauda Sion.

Os documentos contam que o papa quis chamar os maiores doutores da época para compor uma devida música para a celebridade do Corpo de Cristo. Compareceram em peso grandes nomes, como São Boaventura, amigo de São Tomás.

Porém, quando o Santo de Aquino leu a sua obra, por ter sido escolhido em primeiro lugar, todos os santos e doutores se levantaram e rasgaram seus próprios textos, numa atitude muito linda de humildade e de encanto.

Para mais fatos da vida de São Tomás de Aquino, leia aqui.

Importantes escritos teológicos

O Aquinate foi considerado como o doutor angélico, já que seu intelecto era quase como dos puros espíritos. Assim, tudo o que escreveu e comentou tem especial brilho. Porém, algumas das obras de São Tomás são mais importantes para a teologia em si, pois reformaram o ensino cristão nas universidades.

A primeira delas a ser mencionada é a Suma contra os Gentios. Este compêndio foi um pedido de seu professor, Santo Alberto Magno. Na época, havia muita discussão sobre a opinião platônica que afastava a natureza, afastava as coisas criadas, para se meditar diretamente sobre Deus.

São Tomás, baseando-se muito em Aristóteles, explicou para a posteridade que a observação da natureza é o impulso natural da alma a seu criador: olhando-a, enxergamos a obra de Deus.

O termo “gentio” se refere aos pagãos, aqueles que não conheciam a Cristo; por isso, na Suma contra os Gentios, São Tomás prova por A+B que, sem conhecer à Igreja Católica, o pagão deveria conseguir chegar à conclusão da existência de um Deus único, a quem devemos adoração e louvor.

Em seguida, não podemos esquecer de elencar sua obra mais famosa: A Suma Teológica. Ao longo de vários volumes, São Tomás discorre sobre a doutrina Católica em si: a existência de Deus segundo a via natural, segundo a Revelação, depois mandamentos, sacramentos, oração, etc.

É nesta obra de São Tomás que encontramos a famosa explanação das cinco vias, que são os cinco caminhos que usamos, sem a fé, para provar a existência de Deus. Em toda a Suma Teológica, São Tomás nos lembra constantemente que a fé não é oposta à razão, mas que ambas são asas que nos levam ao conhecimento divino.

Uma obra que merece menção, pequena em conteúdo e forma, mas imensa em contribuição filosófica e teológica, é seu opúsculo “O ente e a essência”. Nela, São Tomás faz jus ao seu título “angélico”, e como que explica a natureza angélica em seu fundamento.

Essa obra é o ponto de vista do Aquinate ao seu querido amigo, São Boaventura, que tinha sobre o assunto uma perspectiva diferente.

Obra política do Santo de Aquino

Por último, temos uma troca de cartas com o Rei do Chipre. Segundo os mais recentes estudos, não teria sido São Tomás quem as escreveu, mas sim um discípulo muito chegado que teria tomado seu nome. O que importa é que a obra é toda ela tomista, sua lógica resplandecendo como sempre.

“Do reino ou do governo dos príncipes ao Rei de Chipre” traz em seu conteúdo pensamentos teológicos descidos ao concreto, à política, onde o espírito tomista narra ao Rei como um governante deve se portar e quais as legitimidades das formas de governo.

São Tomás foi um santo que recebeu de Deus dons profundos e imensos, e, com a ajuda de seu criador, os fez frutificar 100 por 1, como narra Cristo no Evangelho.