Fale conosco
 
 
Receba nossos boletins
 
 
 
Artigos


Tesouros da Igreja


O tempo
 
AUTOR: DIÁC. THIAGO DE OLIVEIRA GERALDO, EP
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
11
0
 
Por mais que o relógio de pulso marque com precisão as seis e meia da tarde, haverá mais admirável sinal de que o dia acabou, do que contemplar a despedida do astro-rei, num magnífico pôr-do-sol?

Ir a uma loja especializada, para a simples tarefa de adquirir um relógio novo, pode revelar-se uma tarefa interessante.

Com efeito, em certas relojoarias deparamos com uma infinidade de aparelhos de todos os modelos, tamanhos e qualidades, desde os mais clássicos aos mais exóticos. Tanta variedade nos leva a pensar no valor que os homens dão a essa máquina tão comum, destinada a nos informar a hora certa.

Na verdade, o saber e medir o tempo de maneira precisa e imediata é quase uma obsessão para o homem moderno, cuja vida tem sido marcada por uma velocidade sempre crescente. Embora essa preocupação tenha hoje atingido seu auge,Anjo segurando um relogio solar - Catedral de Chartres França.jpgela não é nova. Desde tempos imemoriais o homem se empenha em medir esta variável que regula nossas vidas: o tempo.

Registrar o tempo, uma antiga preocupação humana

Já nas primeiras páginas das Sagradas Escrituras, encontramos este trecho: “Deus disse: Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos” (Gn 1, 14). Essa foi uma das primeiras percepções do ser humano em relação ao tempo. Povos tão variados como os egípcios, chineses, babilônios, indianos, judeus e caldeus, ao verem que os astros eram regidos por leis imutáveis, interessaram-se pela astronomia e, conseqüentemente, pela medição do tempo.

Nessas épocas antigas, fazia-se o cálculo das horas de acordo com a variação da sombra produzida pela incidência da
luz solar sobre algum objeto, ao longo do dia. Com isso, podemos dizer que o primeiro relógio produzido pelos homens foi, sem dúvida, o relógio de sol.

No afã de obter um instrumento portátil de medição de tempo, desenvolveu- se o chamado quadrante solar. O mais antigo desses utensílios, do qual se tem conhecimento, está localizado no museu de Berlim, e supõe- se que remonta à época do faraó Tuttmosis III (1483 a.C. a 1450 a.C).

Para continuar a medir o tempo durante a noite, surgiu o relógio hidráulico ou de água, que receberia na Grécia o nome de clepsidra (reter água). Em Atenas, e depois em Roma, o seu uso tornou-se constante nos tribunais, pois a clepsidra era dividida em três partes iguais: uma destinada para a exposição da acusação, outra para a da defesa e a terceira para a do juiz, tornando, assim, o julgamento menos prolixo.

Mais tarde, surgiu a ampulheta, instrumento constituído de dois recipientes cônicos de vidro, cujos vértices possuem um orifício ligando as duas partes. Os romanos chamaramna ampulla, cujo significado é âmbula, vaso ou redoma.

A evolução do relógio continuou através da invenção dos aparelhos mecânicos, atingiu maior realce com os de pêndulo e se popularizou com os relógios de pulso. Depois surgiram nossos conhecidos relógios de quartzo e, por fim, no auge da técnica, os atômicos, cuja margem de imprecisão é de apenas um segundo a cada três mil anos.

Celeste e eloqüente pregador

No entanto, passados os séculos e tendo progredido tanto a tecnologia, os homens continuam tendo seus olhos voltados ao céu. Por mais que o relógio de pulso marque com precisão serem seis e meia da tarde, haverá sinal mais admirável de que o dia acabou, do que contemplar a despedida do astro-rei, num magnífico pôr-do-sol?

Assim, mesclando o sentido simbólico com a realidade, uma das mais belas funções dos astros continua sendo a de marcar os dias, as estações e os anos. Esses admiráveis “relógios” não atrasam nem adiantam.

Um delicado equilíbrio entre, de um lado, o tempo, a velocidade de rotação e de translação da Terra, e, de outro lado, a distância entre o Sol, a Terra e a Lua, produz o intrincado jogo da variação da duração dos dias, das estações e das marés. Embora mero ser inanimado, o astro-rei faz, assim, o papel de um celeste e eloqüente pregador, pois cada nascer ou pôr-dosol nos lembra a infinita sabedoria do Criador… “Cæli enarrant gloriam Dei et opera manuum eius adnuntiat firmamentum – Os céus narram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 19, 1).

A plenitude dos tempos

Por outro lado, essa aproximação entre a figura do Sol – criatura – e de Deus – Criador – é também interessante sob um aspecto diverso.

sol.jpg

Como foi dito, regulamos o tempo em função do Sol. Falando de modo simples, noite é o período antes do Sol nascer; dia é o período depois de seu nascimento. Assim também, todo o imenso conjunto da história humana é dividido pelo nascimento de um Sol de proporções infinitas: o “Sol de Justiça” profetizado por Malaquias, ao falar sobre Nosso Senhor Jesus Cristo (Cf. Ml 3, 20).

Seu advento divide a história em duas: antes e depois dEle. Com Ele, as profecias messiânicas vieram a se cumprir e teve início um novo regime: “o tempo do Espírito e do testemunho” (CIC 672).

A Santa Igreja Católica não fez até hoje senão propagar essa plenitude, prometendo uma transformação nos corações daqueles que a aceitarem. E, com certeza, aqueles cuja confiança permaneça inabalável, verão que “nos ‘últimos tempos’ o Espírito do Senhor renovará o coração dos homens, gravando neles uma Lei Nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a criação primeira; e Deus habitará nela com os homens na paz” (CIC 715). (Thiago de Oliveira Geraldo – Revista Arautos do Evangelho, Fev/2008, n. 74, p. 38-39)

 
Comentários