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Espiritualidade


As mártires do altar
 
AUTOR: PE. THIAGO DE OLIVEIRA GERALDO, EP
 
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Onde talvez faltem filhos de coração ardente para adorar o Deus Redentor, ali estão aquelas mártires para oferecer-Lhe sua curta vida em oblação. A presença dessas flores testemunha a grandeza do Sacrifício que se renova sobre o altar.
Sacrifícios de Caim e Abel,
por Jacob Bouttats – Museu
de Navarra, Pamplona (Espanha)

A palavra latina altare significa plataforma elevada. Com ela designa-se a base, geralmente de pedra, sobre a qual, desde o início da humanidade, se oferecem sacrifícios ao Deus Criador.

Já nos primeiros capítulos do Gênesis vemos Caim e Abel apresentando a Deus o produto de seus trabalhos, embora com espírito e resultados bem diferentes. O Antigo Testamento relata também os holocaustos oferecidos ao Senhor por patriarcas e profetas como Noé, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés ou Josué.

Contudo, as oblações da Antiga Lei são meras pré-figuras do Sacrifício perfeito, no qual o Sacerdote eterno imola a Vítima imaculada. “Pela sua Morte expiou os pecados cometidos no decorrer do primeiro testamento, para que os eleitos recebam a herança eterna que lhes foi prometida” (Hb 9, 15).

Ora, nos altares do Novo Testamento, banhados pelo preciosíssimo Sangue do Redentor, costuma-se encontrar mártires silenciosas que oferecem o melhor de sua existência para glorificar a Jesus Eucarístico: as flores que os ornam.

Enquanto povoam campos e jardins, elas atraem com sua delicadeza e colorido as pessoas que as contemplam ou as colhem para dar de presente. Uma só rosa, sobretudo se for entregue com amor filial, faz os encantos de uma mãe. Um buquê de flores enfeita com elegância o centro de uma mesa de jantar. Certos canteiros de lírios, tulipas ou begônias, eximiamente cuidados, permitem-nos sentir bem perto do Paraíso.

Sacrifício de Isaac, por Ignacio Iriarte
Museu São Telmo, San Sebastián
(Espanha)

Muito mais simbólico, porém, é o fato de as flores ornarem os altares do mundo inteiro. Por serem seres vivos, no mesmo instante em que são separadas da planta sua beleza começa a desvanecer-se. O esplendor das pétalas luzidias reverte em pardas marcas de sofrimento. Suas vidas são sacrificadas num ato de louvor ao Deus que vivifica todas as coisas. E quando o Santo Sacrifício da Missa é celebrado sobre esse altar, as flores que o adornam “assistem” à Paixão incruenta de Cristo que derrama novamente seu preciosíssimo Sangue em nosso benefício.

Oxalá todos os católicos se dispusessem a glorificar com suas vidas a Redenção trazida por Jesus como o fazem essas mudas testemunhas. Oxalá sempre acompanhassem Jesus em espírito junto ao altar, em lugar de, como tantas vezes acontece, ausentarem-se da celebração da Santa Missa sob o pretexto de estarem muito ocupados.

Onde talvez faltem filhos de coração ardente para adorar o Criador, ali estão aquelas mártires para oferecer-Lhe sua curta vida em oblação. A presença dessas criaturas, de natureza tão inferior à nossa, testemunha a grandeza do Sacrifício que é celebrado. Elas repousam as vistas do sacerdote, embelezam o presbitério diante dos fiéis e, o que é mais importante, glorificam com seu silencioso holocausto o Deus Redentor. (Revista Arautos do Evangelho, Outubro/2018, n. 202, p. 50-51)

Muito mais simbólico, porém, é o fato de as flores ornarem os altares do mundo inteiro
Altar principal da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, ornado para o domingo da Páscoa

 

 
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