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Espiritualidade


Primeira flor do nosso “jardim mariano”
 
AUTOR: PE. CARLOS LUIS TEJEDOR RICCI, EP
 
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Se a Colômbia é um jardim mariano, a Virgem de Chiquinquirá é a primeira flor deste vergel. Suas mercês são penhor e promessa do auxílio restaurador de Maria Santíssima.

“Colômbia, terra da Virgem. Colômbia, jardim mariano!”1 A bela exclamação de Pio XII adquire todo o seu significado à vista das numerosas invocações de Nossa Senhora que marcam este país e dos providenciais pormenores da história de muitas delas. Basta recordar Nossa Senhora da Penha, Nossa Senhora de las Lajas, Nossa Senhora do Milagre, Nossa Senhora de Torcoroma…

Todas estas invocações marianas compõem um maravilhoso vergel, cuja primeira flor foi a Virgem de Chiquinquirá.

A milagrosa imagem de Nossa Senhora de Chiquinquirá, no seu estado atual.

Um singelo e piedoso quadro

A história dela começa em 1560, quando um cavaleiro chamado Antonio de Santana tornou-se comissário dos índios de Sutamarchán, território situado a cento e cinquenta quilômetros ao norte de Bogotá, a oeste da cidade de Tunja. Como tinha grande devoção à Virgem do Rosário, pediu ao frade dominicano Andrés Jadraque que lhe conseguisse uma imagem dessa invocação da Mãe de Deus para presidir a rústica capela por ele construída em sua fazenda.

Frei Andrés viajou a Tunja e lá encomendou o serviço a um artista espanhol chamado Alonso de Narváez. Este pintou a imagem numa tela de algodão tecida pelos índios, usando tinta também de procedência indígena. Como a tela era quase quadrada, sobrou espaço para incluir à direita Santo Antônio de Pádua, padroeiro do cliente, e à esquerda Santo André Apóstolo, padroeiro do frade.

Em 1562 estava já pronta a obra. Antonio de Santana ficou muito contente ao contemplar a imagem de Maria Santíssima, que trajava um manto carmesim e trazia nos braços o Menino Jesus entretendo-se com um passarinho. Muito lhe agradaram também os dois Santos junto à Senhora do Rosário.

Entretanto, devido às inclemências do tempo, à escassa proteção proporcionada pelo teto de palha da primitiva capela e à precariedade do material utilizado, de tal modo a pintura deteriorou-se que, quando o Pe. Juan Alemán de Leguizamón foi ali celebrar Missa alguns anos depois, teve escrúpulos de rezá-la diante de um quadro de cores tão esvaídas e desenhos tão apagados; e como, ademais, a tela tinha furos grandes e pequenos, o sacerdote pediu para substituí-la.

Parecia estar encerrada a história dessa imagem da Virgem do Rosário, que alimentara durante muitos meses a devoção do comissário espanhol, sua esposa e seus vizinhos.

A pintura recobra seu esplendor

Após a morte de Antonio de Santana, sua esposa, Catalina de Irlos, instalou-se num terreno junto ao Rio Chiquinquirá, levando consigo o quadro. Desse incipiente povoado nasceria o município do mesmo nome.

Certo dia uma de suas parentes, María Ramos, piedosa terciária dominicana, decidiu retirar a pintura do lugar secundário onde se encontrava e instalá-la na capela. A moldura estava despedaçada e a tela a duras penas permitia entrever os traços originais. A devota senhora rezava, rezava e rezava diante do quadro e de vez em quando dizia: “Até quando, Rosa do Céu, permanecereis tão escondida?”

Por volta de nove horas da manhã do dia 26 de dezembro de 1586, uma índia chamada Isabel passava com seu filho diante da capela. O menino percebeu que da pintura, particularmente do rosto da Virgem, partiam vivíssimos resplendores e avisou a mãe, que saiu correndo à procura de María Ramos. As cores do quadro haviam recobrado seu esplendor, restabelecidos estavam os contornos das figuras! Aos poucos, chegavam outras pessoas: Catalina de Irlos, Joana Santana, Ana Domíngues… O rosto da Virgem permaneceu iluminado todo esse dia.

As crônicas registram nova renovação luminosa do quadro em julho de 1588 e várias outras ao longo dos séculos.

Entretanto, os furos da tela lá permaneciam…

Os furos desaparecem milagrosamente

Alguns meses depois, em 5 de janeiro de 1589, quando o Pe. Fernando de Rojas se preparava para celebrar Missa, ele e alguns paroquianos viram admirados que uma nuvem branca e brilhante envolvia a imagem e a mantinha coberta até o final da tarde do dia seguinte.

A partir daquele momento, os furos foram se fechando até desaparecerem por completo, e desde então multiplicaram-se as dádivas e graças obtidas por intercessão da Virgem de Chiquinquirá. Elas são penhor e promessa do auxílio restaurador que Maria Santíssima proporciona a todos os seus devotos.

Comemorando o centenário da Coroação

As comemorações da coroação canônica da Virgem de Chiquinquirá, realizada em 9 de julho de 1919, revestiram-se de especial solenidade neste ano do centenário. Começaram em 6 de julho, sábado, com a Missa Pontifical celebrada por Dom Oscar Urbina Ortega, Arcebispo de Villavicencio e Presidente da Conferência Episcopal Colombiana, tendo como concelebrantes o Núncio Apostólico, Dom Luis Mariano Montemayor, e cerca de setenta outros Bispos (foto 1). Quase cinco mil fiéis acompanharam o ato litúrgico através dos telões instalados no exterior da basílica. Durante a Eucaristia renovou-se a consagração do país a Maria Santíssima e, em seguida, procedeu-se à cerimônia de descida da imagem até a parte de trás do altar-mor, onde foi exposta à veneração dos fiéis, com escolta do Batalhão da Guarda Presidencial.

No fim desse mesmo dia, rezou-se o Santo Rosário diante da imagem da padroeira, na praça da basílica (foto 2). Por expresso desejo dos padres dominicanos, que a custodiam desde 1636, o coro e orquestra dos Arautos do Evangelho solenizou todas as cerimônias, e quatro membros desta instituição levaram para o exterior do templo o milagroso quadro (foto 3).

No dia 9 de julho houve Missa solene, presidida pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Legado Pontifício, da qual participou o presidente colombiano, Iván Duque Márquez.

(Revista Arautos do Evangelho, Setembro/2019, n. 213, p. 38-39)
1 PIO XII. Radiomensagem por ocasião da conclusão do Congresso Mariano Nacional da Colômbia, 16/7/1946.

 
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