As crises do mundo atual têm uma causa comum?
“As muitas crises que abalam o mundo hodierno — do Estado, da família, da economia, da cultura, etc. — não constituem senão múltiplos aspectos de uma só crise fundamental, que tem como campo de ação o próprio homem. Em outros termos, essas crises têm sua raiz nos problemas de alma mais profundos, de onde se estendem para todos os aspectos da personalidade do homem contemporâneo e todas as suas atividades” (p. 21).
A Revolução irrompeu com grande intensidade nas zonas profundas da alma do homem ocidental, e desde o século XV vem se desdobrando ao longo da História A primeira revolução – Lutero defende suas teses diante do Imperador Carlos V |
(A essa crise fundamental Dr. Plinio dá o nome de Revolução.)
Características da Revolução
Quais as características principais da Revolução?
“Por mais profundos que sejam os fatores de diversificação dessa crise nos vários países hodiernos, ela conserva, sempre, cinco caracteres capitais: ela é universal, uma, total, dominante e processiva” (pp. 22 a 25).
Explique o caráter processivo da Revolução.
A Revolução “não é um fato espetacular e isolado. Ela constitui, pelo contrário, um processo crítico já cinco vezes secular, um longo sistema de causas e efeitos que,
tendo nascido, em momento dado, com grande intensidade, nas zonas mais profundas da alma e da cultura do homem ocidental, vem produzindo, desde o século XV
até nossos dias, sucessivas convulsões” (p. 25).
Quais as etapas do processo revolucionário?
“A Pseudo-Reforma foi uma primeira revolução. Ela implantou o espírito de dúvida, o liberalismo religioso e o igualitarismo eclesiástico, em medida variável, aliás, nas várias seitas a que deu origem.
A queda da Bastilha em 1789 |
“Seguiu-se-lhe a Revolução Francesa, que foi o triunfo do igualitarismo em dois campos. No campo religioso, sob a forma do ateísmo, especiosamente rotulado de laicismo. E na esfera política, pela falsa máxima de que toda desigualdade é uma injustiça, toda autoridade um perigo, e a liberdade o bem supremo.
“O comunismo é a transposição destas máximas para o campo social e econômico. Estas três revoluções são episódios de uma só Revolução” (p. 15).
Desdobramentos da Revolução
Com a implantação do comunismo, extinguiu-se o processo revolucionário?
“Como é bem sabido, nem Marx, nem a generalidade de seus mais notórios sequazes, tanto ‘ortodoxos’ como ‘heterodoxos’, viram na ditadura do proletariado a etapa
terminal do processo revolucionário.
“Esta não é, segundo eles, senão o aspecto mais quintessenciado e dinâmico da Revolução universal.
“E, na mitologia evolucionista inerente ao pensamento de Marx e de seus seguidores, assim como a evolução se desenvolverá ao infinito no suceder dos séculos, assim também a Revolução não terá termo.
“Da I Revolução já nasceram duas outras. A terceira, por sua vez, gerará mais uma. E daí por diante…” (p. 185).
Em que consistirá a IV Revolução?
“Essa previsão, os próprios marxistas já a fizeram.
No processo revolucionário, à pseudo-reforma seguiu-se a Revolução Francesa e o comunismo; outras transformações se antevêem, no fim das quais – segundo Marx e seus sequazes – o homem terá atingido um insuspeitado grau de liberdade, igualdade e fraternidade… cena da revolução comunista de 1917 |
“Ela deverá ser a derrocada da ditadura do proletariado em conseqüência de uma nova crise, por força da qual o Estado hipertrofiado será vítima de sua própria hipertrofia. E desaparecerá, dando origem a um estado de coisas cientificista e cooperativista, no qual — dizem os comunistas — o homem terá alcançado um grau de liberdade, de igualdade e de fraternidade até aqui insuspeitável” (pp. 185-186).
Algum Papa referiu-se ao processo revolucionário?
“A este processo bem se podem aplicar as palavras de Pio XII a respeito de um subtil e misterioso ‘inimigo’ da Igreja: ‘Ele se encontra em todo lugar e no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desagregação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo. Ele quis a natureza sem a graça, a razão sem a fé; a liberdade sem a autoridade; às vezes a autoridade sem a liberdade. É um ‘inimigo’ que se tornou cada vez mais concreto, com uma ausência de escrúpulos que ainda surpreende: Cristo sim, a Igreja não! Depois: Deus sim, Cristo não! Finalmente o grito ímpio: Deus está morto; e, até, Deus jamais existiu. E eis, agora, a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que não hesitamos em indicar como principais responsáveis pela ameaça que pesa sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um Direito sem Deus, uma política sem Deus’”1 (p. 25). (Revista Dr. Plinio, Fevereiro/2006, n. 95, p. 20 a 23).